__________ Itapema, suas histórias... __________

sexta-feira, 23 de abril de 2010

CATRÁIAS - "Gôndolas caiçaras"

Imediações do atracadouro de catráias em Itapema (década de 2000).

Por estar localizada numa Ilha, Itapema toda vida careceu da travessia navegável para interligar-se entre as demais cidades do entorno.
Além das Barcas, dispomos do ancoradouro das cátraias, nossas "gôndolas caiçaras" que levam passageiros por baixo do porto de Santos (antigo Rio dos Soldados) até a Bacia do Mercado. Este acesso funcionava desde o começo de 1900, sendo regulamentado a partir de 10 de Abril de 1913.  
Cais das catráias em Itapema (anos 60).

O Serviço de Catráias, hoje marcadamente executado por migrantes nordestinos, iniciou-se de modo regular ainda na década de 30, quando a travessia do canal era feita por pequenos barcos a remo e capacidade para apenas 4 passageiros. Seo Teté, José Tomaz dos Santos, um dos pioneiros, foi quem revolucionou o trabalho ao introduzir os motores a diesel com 4 cilindros.
Houve durante muito um intenso comércio de pescado e banana com a Bacia do Macuco. O caiçara Luiz Barnabé Coimbra conta que, pescadores da Ilha apanhavam o trem em Guarujá por volta das 5 horas da manhã, e depois a catráia em Itapema pra chegar na Bacia do Mercado bem cedinho pra vender o peixe. Benedito Francisco de Oliveira acrescenta ao depoimento: 
"(...)Lembro bem o nome dos leiloeiros, porque era costume se pôr o peixe na banca e fazer lotes que os leiloeiros Viriato, Pascoal, Pepino ou Molinaro apregoavam. Dez tainhas faziam um lote. Quando o preço estava bom , ele batia o martelo..."
Embarque de passageiros em Vicente de Carvalho (Itapema) - Década de 1960.

Antigamente o embarque e desembarque era feito sob um telheiro em madeira, de água descaída para trás, ornado na parte frontal com treliça de ripas e acesso a uma pequena rampa à beira do estuário. No transcorrer desses anos todos apesar da importância histórica e turística, sobretudo econômica, nunca se teve uma preocupação estética com o Terminal, além do multicolorido característico das embarcações. 
O trajeto é feito pelo meio do canal do estuário, passando por um túnel aquático no porto da cidade de Santos. Conforme mostram essas duas fotos das décadas de 80 e 90.

A Associação dos Catráieiros foi fundada em 1952. Possui dois estaleiros e oficina mecânica. É considerada um ótimo exemplo de cooperativismo. A atividade dos catraieiros, no ano de 1992, serviu como fonte de inspiração para personagens e pano de fundo na trama de um dos núcleos da novela das sete, 'DEUS NOS ACUDA' levada ao ar pela Rede Globo.

Trajeto no túnel aquático, trecho descoberto (anos 2000).

Relevantes são as contribuições prestadas por esta categoria de trabalhadores do porto. Atuaram como salva-vidas durante o incêndio do navio AIS GIORGIS (1974). Os catraieiros que faziam o plantão noturno acudiram resgatando tripulantes, estivadores e conferentes que se atiravam ao mar para fugir das chamas. 
Chegada de catráia no atracadouro em Itapema (anos 80). 

Desembarque em Vicente de Carvalho (Itapema) - Anos 60.


sexta-feira, 16 de abril de 2010

ITAPEMA, a pousada do Filho do Brasil

ANTIGA CASA ONDE RESIDIU LULA EM ITAPEMA/SP(2011).

Um dia qualquer em Itapema, naquele ano de 1954. Raiava a autonomia do Distrito portuário...
- Lula! Lula, meu fiu... Corre cá! - Lindu nem sabia de onde tirou aquele apelido.
Entretido com o amigo Mauro em fincar uma estaca para fazer o gol e jogarem bola na rua, ele mal ouvia. Nesse dia não havia ido à escola Marcílio Dias. Certeza, D. Cassiana depois lhe passaria um pito daqueles. Por implicância do pai, achando que o filhos só precisavam trabalhar. Também temia, ele chegar do cais e o colocasse pra dentro de casa levando uns tabefes... Lula apoiava e Mauro mandava ver o porrete.
- Cuidado cum esse dedo, menino!
Deu fé... Ele já sabia. Era pra ir ao empório comprar mantimento pra mãe. Certamente naquela noite na janta comeria bolinhos de feijão com farinha, amassados na mão e o caldo de pimenta pra dar gosto na comida, que tanto adorava. Sem falar no mingau de café com farinha... O bom destas idas sempre foi admirar o baleiro giratório, movimentado num impulso.
- Avie!... - Do portão Dona Lindu esperava, vendo Lula arrastando a poeira. Só aqui dera Certidão de Nascimento ao filho. Merecia um descanso, não botando o menino pra mode vender tapioca e banana no Pontão das barcas, que ajudava um pouco no sustento. Ainda assim, milhor do que deixar o pai Aristides mandá-lo pro  meio do mangue apanhar com os outros irmãos, mariscos, caranguejos e lenha nas matas do derredor. Até traziam um tal coquinho Ticum.
RUA MINAS GERAIS EM ITAPEMA/SP, ONDE MOROU O PRESIDENTE LULA E FAMÍLIA (2011).

Vivia receosa das pescarias dele com o irmão Ziza na "chata" do pai pras bandas da Bocaina, encostada a pista donde os aviões avoavam. Garantia a "mistura", mas era perigoso... Deus o livre! Não queria perder mais filhos, acontecido aos gêmeos nascidos de 7 meses.
O marido tinha vindo para cá empregar-se na estiva, mas não fizera as coisas conforme combinado. Recebera uma carta mandando ela vir, porém era tudo invenção do seu filho Jaime que veio antes, desde 1950. O "cabra" ficou desnorteado, fulo de raiva ao descobrir a novidade. Ia largar a família de caso pensado. Decerto queria vida nova na cidade grande... E ela!? Que se virasse com aquela ruma de gente... Danou a beber. Então vivia enjeitando os filhos. Não dava nada pros meninos. Era um custo que comprasse calçado, uma alpercata pra eles... Só lhe procurava  fingindo falso querer. 
PONTÃO DAS BARCAS (DÉCADA DE 1950) ITAPEMA/SP - LOCAL ONDE LULA VENDIA TAPIOCA, BANANA ETC.

Nisto apareceu um desses fotógrafos de porta oferecendo um retrato dos filhos. A situação difícil ela não quis.
- Olha que seu filho pode ficar gente importante... E a senhora não vai ter nenhuma fotografia.
- Quero ser jogador de futebol. - Adiantou-se Lula. Sonhando ser craque dos gramados, encantado com as partidas que via no Campo do ITAPEMA F. C., ali perto, sempre de casa cheia.
- Ou muito mais!
- Onde se viu!? Fiu de pobre tem lá importança... Só nos estudos.
- Nunca se sabe.
- Tô pelejando, Seo ...
- Faço preço bom, pronto.
- Num carece. Tem aí um retrato dele cum a irmã Maria. Nóis tirô quando tava cuns treis anos.
- Mas ele está crescido. As feições modificam.
- Apôis, donde vô tirá dinhêro... Otro dia foi um turco quereno mi vendê uns lençó... Tô lisa.
- Seu espôso paga, dona.
- Se prestasse vintém... Aristides nem pra sê pai, meu sinhô. - Deixou escapar. Por dentro seu coração contristava-se, tendo descoberto que o marido se enrabichara da prima e feito nela filhos. O disgramado ainda fazia pouco dela, botando Lula pra puxar a pipa d'água praquela sirigaita. Aquilo era bruto. Capaz de esconder uma broa das crianças, dentro da lata, pra comer sozinho por pirraça. Sentia dó, não. Certa vez a filha lhe pediu um naco de pão-doce, e Aristides fez ouvidos moucos, deu para o cachorro ao pé da mesa. Disse que não gostava de menina "chimona".
- Mãe! Não diga assim do pai. - Defendeu Lula, apesar das judiações. - O moço nem conhece nóis.
- Luiz Inácio, tome tento. Ou lhe dô um puxavante de oreia... Vá ligêro na venda! Traga farinha da grossa.
Disposto a convencer Dona Lindu, o homem apanhou uma caderneta.
- Como é mesmo o nome desta rua? - Insistiu o fotógrafo pretendendo fazer cadastro.
- Minas Gerais.
Ele soletrou em voz alta, copiando o número pintado na tábua da casa.
- E o bairro?
- Vila Alice... Oxente moço. Eu nem tô podeno. Já disse! Tô inté pensano ir simbora. Aqui num dá não... Licença, viu! - Era vizinha do marido, num chalé alugado, amancebado cuma outra mulé. Foi o arranjo da safadeza dele... Daí certo dia pegou uma calça descosturada, já gasta sem segurar mais ponto de costura e esfregou no nariz dela. Quis bater. Outra mulher, vá lá. Mas apanhar, não. Contava mudar a sorte. 
Dali um pouco a família arredou pé.  Aristides quis receber, mais daquilo que dava. Guiados por essa Mãe-coragem seguiu em frente pra Capital, errante como havia começado. Quem podia prever o futuro...
CENA DO FILME 'LULA', O FILHO DO BRASIL' (2010), COM LOCAÇÕES EM ITAPEMA/SP. 

LUIZ INÁCIO "LULA" DA SILVA, NOS BRAÇOS DOS TRABALHADORES (ANOS DE 1970).







[LULA, Presidente da República Federativa do Brasil - de 2003 à 2010.]


segunda-feira, 12 de abril de 2010

RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ

RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ - DIVISA DO DISTRITO DE ITAPEMA/SP [2017].

Não é raro ao cruzar a Ponte ["Jorge Ferreira"] sobre o Rio Santo Amaro me vir à lembrança, vívidas recordações de um rio que alagava mangues à sua beira. Sombreado de avicênias, serutingas, canapongas, mas que agora jaz assoreado pela lama, lixo, um movediço tortuoso de água escura. Vala-comum de barcos e vidas naufragadas sob a ponte. Bravamente resistiam ao lodaçal, o barco 'Salmo 121' e a traineirinha 'WANDO 33'.
Alongava-se 9 Km Ilha adentro, estancado pelo crescimento urbano da cidade. Seu curso d'água sofreu estreitamento do leito, bifurcação, aterramento dos mangues em derredor para instalação de pátios de contêineres, tanto como poluição química e do esgoto despejado in natura. Se vê minguado devido a apropriação comercial, premido pela atividade industrial, portuária e retroportuária.
Registra reportagem de 'A TRIBUNA' (23/Julho/1984):
"(...)é um rio bastante peculiar, pode-se dizer que possui duas nascentes (ou possuía). Uma de água doce e outra de água salgada. A primeira está no sopé da Serra que lhe dá o nome e, sozinha não seria suficiente para manter o seu volume, que é complementado pelo estuário, razão de ser constantemente confundido com um braço de mar (gamboa)..." - O Rio Santo Amaro de Guaibê, "cerca do nosso terreiro", delimita o Distrito [ITAPEMA/SP], da Sede Balneária.
RIO SANTO AMARO NA DIREÇÃO DE SUA FOZ NO ESTUÁRIO DO PORTO [2005].

Mapas do século XVI já apontavam o curso do Rio Santo Amaro, num claro sinal de que os primeiros portugueses colonizadores exploraram seu meandro bastante navegável. É possível que nas suas estadas por aqui o Donatário da Ilha de Santo Amaro, Pero Lopes de Souza o tenha percorrido alguma vez.
O historiador Ignácio Rosas de Oliveira, do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, registra em seu artigo sobre a mudança da região do Porto de Sam Vicente, no 'Almanaque de Santos', de 1969, enquanto referência geográfica:
"Tendo-se tornado impraticável a barra de São Vicente (devido a fatores geográficos e dificuldades de navegação por causa de sedimentações trazidas pela correnteza), seu porto foi transferido (1541) para a foz do Rio Santo Amaro de Guaibê..."  - No canal do estuário, chamado pelos indígenas Gaurapiçumã ou Guarapissaúna.
DETALHE MAPA DA ILHA SANTO-AMARENSE ONDE INDICA O CURSO DO RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ [JOÃO TEIXEIRA ALBERNAZ] 1631.

Consta que na metade do século XVIII, a família dos Andrada e Silva possuía na Ilha santo-amarense extensão de terra nominada 'Porto de Santo Amaro', localidade também conhecida por "Casa Grande", englobando o Bairro Morrinhos e adjacências do rio. Lugar onde segundo o IHGGB, José Bonifácio (Patriarca da Independência Brasileira) teria passado parte de sua infância.
Esta mesma propriedade em 1817, medindo trezentas braças de testada e duzentas de fundo, parte de um lado com terras de D. Maria Rosa de Oliveira, de outro com terras da Glória, pertencia a D. Maria Barboza da Silva por título de compra. 
Este pequeno atracadouro fluvial às margens do Rio Santo Amaro era usado para o acesso de pessoas à região central da Ilha e transporte da colheita de produtos agrícolas plantados nestas terras.
DETALHE CARTOGRAFIA DA ILHA SANTO-AMARENSE ASSINALA O ANTIGO CURSO DO RIO SANTO AMARO INTERLIGADO AO RIO "DA POUCA SAÚDE" [1936].

Outra propriedade (1817) que dispunha da navegabilidade do Rio Santo Amaro, mantendo um atracadouro, chamava-se 'Porto de Guaibê' - medindo quarenta braças de testada e trezentas de fundo até o pico do morro, parte de um lado com terras da Olaria, e de outro com terras de Theodoro Menezes Forjaz. Pertencente a D. Rosa Maria Leite, por título de compra. 
O Poeta Vicente de Carvalho, cuja família possuía terras circunscritas às imediações do Morro do Botelho, costumava pescar (camarões) no Rio Santo Amaro. Numa ocasião o Poeta fora confundido com um modesto ilhéu caiçara, por dois estrangeiros, bem vestidos, "os quais desejavam atravessar o rio. Como Vicente de Carvalho estivesse descalço, com as pernas da calça arregaçadas até os joelhos e usando chapéu-de-palha, igual dos pescadores, tomaram-no como tal. Os homens então pediram-lhe a passagem em sua canoa, ali fundeada na margem. Compreendendo a situação dos estrangeiros fez a travessia. Ao desembarcarem perguntaram-lhe quanto seria o serviço prestado, o Poeta respondeu que nada tinham a pagar. Insistiram em saber quanto deviam, porém este disse que não era balseiro, mas um simples pescador, portanto nada deveria cobrar..."
"CHATÃO" TRANSPORTA AREIA PELO RIO SANTO AMARO [DÉCADA DE 1980]. 

Tempo faz... Seu antigo confluente, o Rio "Da Pouca Saúde" (Gamboa do Juca) cortando o Sítio Conceiçãozinha, a banhar outros manguezais tinha vitalidade pra dar e vender. Já não mais se interligam sendo interrompida devido a instalação de atividade portuária e industrial na vargem itapemense.
PERCURSO DO RIO SANTO AMARO RUMO A SUA FOZ NO ESTUÁRIO DO PORTO ASSODADO PELA URBANIDADE E ATIVIDADE INDUSTRIAL [ITAPEMA/SP].

Pela década de 1980, estava instalada em sua margem a maior fábrica de gelo da região. Tanto como Estaleiros Navais. Dentre estes: 'Estaleiro Santo Amaro', o primeiro da embocadura pertencente a Ramon Pastoriza Cones.
TRAINEIRA NAVEGA O RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ [DÉCADA DE 1980].
PINTURA DE JORGE ARAÚJO ("REI DO MAR") REPRESENTANDO A ATIVIDADE NAVAL NUM ESTALEIRO DO RIO SANTO AMARO.
 
Por ter a embocadura junto ao estuário do Porto na margem esquerda, a foz do Rio Santo Amaro serve como abrigo natural e seguro para embarcações de médio porte. Estão ali o Iate Clube [de Guarujá] e a garagem náutica do Corpo de Bombeiros.
IATE CLUBE DE (GUARUJÁ) NA FOZ DO RIO SANTO AMARO - MARGEM ESQUERDA DO PORTO.
ATRACADOUROS DO IATE CLUBE DE (GUARUJÁ) NA EMBOCADURA DO RIO SANTO AMARO - MARGEM ESQUERDA DO ESTUÁRIO.

Hoje o velho rio santo-amarense perdeu seus amborés (peixes de toca), siris-candeia e robalos, mas seus mangues próximos já foram fonte de alimento (caranguejos uçá, berbigões, sururus) e mercancia para moradores. 
José dos Santos, pescador, que sustentava a família (ainda na  metade da década de 1980) com os recursos naturais do rio, seja comerciando ou subsistindo, declara a uma reportagem perguntado sobre quantos caranguejos pegara:
"Uma dúzia e meia, e dos grandes. Agora vou pra casa que tou danado de fome e frio..."
ANTIGO COLETOR DE VÍVERES DOS MANGUES ÀS MARGENS DO RIO SANTO AMARO [ANOS DE 1980].

Conta Jessé Rolim (Capitain's Shack), emérito Corsário da Ilha, que de noite na época da manjuba as águas do Rio Santo Amaro refletiam feito um espelho, pela manhã via-se claramente o  grande cardume nadando.
Naqueles remotos dias da infância, às margens plácidas e lodosas brincávamos admirados com a abundância das lígias nos pilares da ponte. Ao largo as minúsculas covas de "marias-mulatas" e "chama-marés" proliferavam. Ainda tenho na boca o gosto salino de sua água, na retina o translúcido verde-musgo daquela cor. Sobretudo, guardo a sensação de frescor pelo corpo. Divertimento garantido dos intrépidos moleques que lá acorriam às escondidas para desespero de suas mães. Aliás, foi desse modo que aprendi a nadar nas águas do estuário, desafiando o medo de D. Ivanete. Éramos guerreiros-meninos da "Vargem Grande", coletores da Restinga e nômades fortuitos do Distrito itapemense. Pegar ticum, brejaúva, goiaba, banana, bambu, apanhar siri, caranguejo, caçar preá, teiú, saruê, fazia parte do nosso cardápio de aventuras.
RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ E SEU MEANDRO EM DIREÇÃO AO INTERIOR DA ILHA SANTO-AMARENSE [DÉCADA DE 1990].
RIO SANTO AMARO TRAJETO PARA O ESTUÁRIO DO PORTO NA MARGEM ESQUERDA - DIVISA DO DISTRITO DE ITAPEMA/SP [2017].
  
Embora o Rio Santo Amaro de Guaibê sofra, agredido por fatores de urbanização, quando em vez avistam-se nas suas margens a fauna própria: garças brancas e pretas, quero-queros, frangos d'água, jaçanãs e mergulhando no rio, biguás, irerês. A vegetação do mangue remanescente visitada por gaviões, lagartos, gambás à procura de alimento.
VEGETAÇÃO AO LONGO DO CURSO DO RIO SANTO AMARO [ITAPEMA/SP] 2017.
GARÇA-BRANCA NA VEGETAÇÃO DO RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ [2017].
VEGETAÇÃO DE MANGUE NAS MARGENS DO RIO SANTO AMARO [2017]. 

Entretanto, vaza o Rio Santo Amaro seu lodo, memória do menosprezo. Sem interesse ecológico para a Sede Administrativa, senão publicamente afetar as enchentes em dias de chuva e maré alta, das áreas ocupadas por moradias de forma desordenada. Segue esvaziado das grandes pautas e causas da emblemática Secretaria de Meio Ambiente do município, ou ações de preservação dos ditos ambientalistas da Ilha santo-amarense.
 RIO SANTO AMARO DE GUAIBÊ RUMO AO INTERIOR DA ILHA SANTO-AMARENSE - DIVISA DO DISTRITO DE ITAPEMA/SP [2005].

Certa feita ao atravessar a ponte, avistei lá embaixo uma máquina de escrever imersa no lodaçal,  a água turva a espelhar o céu azul sobre o Morro Santo Amaro... Bem nos alerta o poeta ao dizer que lembrar de que adianta. Pois o passado é coisa sacrossanta e reviver as vezes nos dá tristeza, que é melhor deixar inumado na sua glória... Porém, é preciso preservar.