__________ Itapema, suas histórias... __________

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CHALÉ AO LUAR DE ITAPEMA

ANTIGO CENÁRIO DESTE IDÍLIO ITAPEMENSE.

Rua Rio Grande do Sul, 117... Um chalézinho esverdeado com varandinha na lateral direita da entrada. Onde você, K. Hime, doces encantos de enganar, aguardava-me. A réstia da porta entreaberta a delinear tua silhueta, perfume cítrico de pitanga pelo quintal.
Eu, gaijin todo coração, regresso na tentativa de reter o tempo desse amor com hora marcada. Apressados passos, no fim da rua sombreada, a lua caiçara por sobre o Morro de Itapema.
No quarto idílico resplandecia meu sol da meia-noite, lânguidas madrugadas nos teus lençóis em que me prendeu a vontade. Um vinil no estéreo Gradiente falava por nós. Também, o que dizer?... Bastava a "eloquência do beijo":
"Eu quero a sorte 
De um amor tranquilo
Com sabor de fruta
Mordida
Nós na batida
No embalo da rede..." - Nossa anatomia unívoca ao luar, emoldurados na janela típica. Sussurros a ocultar o escândalo. Dançar contigo Every breath you take, do 'The Police'. Ilustrar nosso próprio shunga de inconfessáveis sacanagens. Teus elogios a se fingir de gueixa.   
Mas tudo era brevidade. Como se mal acabássemos de nos ver, já nos separássemos... Horas felizes que o tempo não pretende preservar.
E como a paixão deseja ardentemente ser feliz noutros braços... Não há o que se discutir numa convicção.
Construímos uma fábula ao estilo dos romances enredados de amor. Bela e previsível. Enganosa originalidade, juras a serem descumpridas. Cartas repletas de tolices amorosas. Bilhetes poéticos deixados em lugares inusitados, entre tuas peças íntimas ou num pote de geléia, depois queimados em cinzas de rancor.

Pela paisagem urbana itapemense, planície abissal, errei a lamentar como mais um Werther melancólico perdido no lugar-comum.
Ah, o coração teima!... Nada além de ecos remotos, quando o passado renasce mais presente.