__________ Itapema, suas histórias... __________

sábado, 2 de março de 2013

UM BARBEIRO DE ITAPEMA






Falavam demais nesta tal evolução do mercado, aumento da concorrência, especialização da mão-de-obra... Nunca negou as mudanças, todavia quem quisesse que envereda-se por este caminho. Com ele não, sempre foi barbeiro sem "nove horas".
Clientes dados a sabedores diziam ser um ofício em extinção. Por acaso, alguma epidemia ia deixar todos carecas! Há mais de trinta anos exercia em Vicente de Carvalho esta profissão como ensinaram-lhe.
 Tudo modesto e ordeiro: assentos de espera, o jornal popular do dia, um mancebo ao canto, bancada com grandes espelhos e gavetas, o rádio toda vida sintonizado na AM, tesoura afiadíssima e outros apetrechos simples para um bom corte.
Na velha cadeira sentara também muito afrescalhado, hoje metido a cabeleireiro. Não adianta cabelos repicados, fashion, geométricos, desenhos no cocoruto e tal e coisa... Modismo passageiro!
Houve um dia, num expediente, que chegou lá um jovem:
- Pô, tiozinho... Me corta aí estiloso, saca como é? - Pois foi, tosquiou a contra gosto. Depois de inúmeras indicações do rapazinho achou aquilo horrível, não era obra sua. Mesmo o "franjudo-espinhudo-topetudo" reclamou do corte.

Podem até inventar, mas chega uma certa idade que certas frescuras não ficam bem ao homem. Acabam cortando no estilo tradicional. Disso Ele gabava-se, conhecia as pessoas. 

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