__________ Itapema, suas histórias... __________

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A CAPTAIN'S SHACK NA ILHA

CARICATURA DO CAPITÃO JESSÉ ROLIM, O CORSÁRIO DO ITAPEMA/SP.

Embora seja carioca de nascimento, vindo ao mundo em 19 de Janeiro de 1944, duma família oriunda da Bahia (Santa Luzia), Jessé de Oliveira Rolim integrou-se perfeitamente ao imaginário coletivo da Ilha de Santo Amaro, na costa paulista do Atlântico Sul. Como bom cicerone destas paragens de Guaimbê. Conhecedor e contador de estórias da Ilha do Dragão Alado, especialmente do Distrito de Vicente de Carvalho, das coisas e fatos dos mares e seus navegantes.
O próprio cenário da natividade do menino-Capitão remete a mares bravios, costumes sociais antigos, conforme ele mesmo narra em entrevista ao blog ALMAnark ITAPEMA:
"(...)um fato incrível!... Eu nasci embaixo de uma lona de Marinha. Quando no dia em que nasci, deu uma tempestade muito grande, de granizo, vento... Sumiram as telhas do barraco, tal. E meu tio era oficial do 'Beneventes' (navio de guerra da Marinha Brasileira), ele tinha uma lona lá. Então abriram a lona, quatro vizinhos seguraram..." - Ficando a mãe aos cuidados da parteira, sob os clarões dos relâmpagos, o fragor dos trovões. Devido o susto no parto, a mãe perdeu a lactação sendo ele amamentado por uma Ama-de-leite, negra. Contudo, os bons ventos trouxeram a passageira bonança.
CAPITÃO JESSÉ, CONHECEDOR DAS ESTÓRIAS DA ILHA DE SANTO AMARO.

Um fato político da República Brasileira marca a vinda da Família Rolim para ITAPEMA/SP. No dia 17/04/1952 estava ele e o pai José Teixeira Rolim [liderança sindical, 1º Presidente do Sindicato dos Funcionários Civis do Arsenal de Marinha de Guerra do Rio de Janeiro], mais outros sindicalistas e simpatizantes participando de um Encontro Político Partidário no Palácio do Catete (Estado da Guanabara/RJ), suspeitas de condutas ali levantadas suscitaram a desconfiança do pai. Conta o Capitão Jessé:
"(...)Aconteceu o seguinte: o Gregório Fortunato (o Anjo Negro, Chefe da Guarda Particular de Vargas), ele junto com o pessoal da polícia política, eles tavam fotografando todos os líderes sindicais... As pessoas em geral. Mas, ênfase no pessoal do movimento sindical. Fazendo anotações, né. Meu pai estranhou aquilo, porque se aproximava um cara perguntava o nome, endereço... Meu pai falou, pô o negócio aqui tá meio... Né! Aí, conversou com uns caras... Ó, eu vou embora porque o negócio aqui acho que é xaveco..." - Entretidos no regabofe os camaradas desconsideram. Tendo retornado ao lar, dali duas horas, chega um outro camarada de José Rolim, informando que ele fugisse com a família, pois Gregório Fortunato (polêmico Tenente) saíra em diligências e efetuara diversas prisões de líderes sindicais para interrogatório. O Capitão Jessé comenta:
"(...)eu me lembro que meu pai pegou uma colcha botou no chão, pôs pinico, rádio, copo, talher, documento..." - Fugiram no último trem da Central do Brasil para São Paulo. Juntamente com a mãe Maria Nívea de Oliveira Rolim, a avó Maria Pia e os irmãos Nízia, Jefferson, Joelson e Nizi. Fazendo baldeações no Caminho da Serra do Mar, utilizando-se da rede de comunicação do Partido Comunista e do apoio nos diversos lugares. Cabreros que a polícia os estivesse seguindo naquela escapada.
Em 19 de Abril, descem na Estação Ferroviária São Paulo Railway (Santos), por volta das 14 horas tomavam a Barca para o Itapema...
"(...)Aí, vi a Bocaina cheia de navios, com bandeiras de tudo que é país... (...)a primeira coisa que eu pedi pro meu pai foi ele comprar um Atlas, porque era pra mim ver, identificar as bandeiras... Começou minha curiosidade." - Inicialmente abrigaram-se aos préstimos do Tio Epaminondas, comunista, morador dum terreno, onde hoje está a Praça 14-Bis. Foram anos de luta aqueles...
HOSPITALEIRO CICERONE DA ILHA DO DRAGÃO ALADO, CAPITÃO JESSÉ ROLIM.

"A minha mãe em 53, naquela época pra você ter uma idéia, ela fundou a Sociedade Feminina 'Anita Garibaldi'... Aqui no Itapema! E foi a 1ª Presidente. A minha mãe foi pioneira. Fundou essa Sociedade pra dar amparo aos perseguidos políticos do Getúlio... Eu muitas vezes andei nesses matos mais a minha mãe, com a lamparina... A minha mãe tinha uma "truta" (camarada) dela que trabalhava na Cruz Vermelha, na Praça dos Andradas (vizinha Santos/SP). Então tinha dias que eu ia com a minha mãe, cedinho! Ficava lá entocado, ali na rodoviária. E essa mulher arrumava pra ela medicamentos, gaze, mercúrio-cromo, esparadrapo, entendeu... Penicilina. Pra tratar dos ferimentos, porque tinha muito cara escondido aqui. Tinha de Caçapava, São Paulo... Uma meia-duzia de caras escondidos por esses matos, Parque Estuário, por aí... De noite a gente saia levando um jornal, roupa e mantimentos pra eles..." - Aqui em Itapema a Família cresce mais com a chegada da irmã Nívea de Oliveira Rolim, Registro nº 01, Folha nº 01, Livro nº 01. Portanto, a primeira criança a ser registrada no Cartório de Registro Civil e Anexo de Vicente de Carvalho. Telma, Neusi e José completaram a honrada estirpe da saga Rolim, que nos dias atuais caminha para a 5ª geração.
Do seu pai herdou a afeição pelo serviço de marinha, o desejo de singrar os oceanos. Ainda moço, travou o primeiro contato ativo manejando embarcações, utilizar canoas, chatas, barcos, a estudar as práticas do mar, trabalhar em pesqueiros. Fascinação que o levaria a intercâmbios com marinheiros de todo mundo, pesquisar livros sobre o assunto, bem como a gastronomia dos países e História mundial... O pai José Rolim trabalhou no Arsenal da Marinha de Guerra (Ilha das Cobras/RJ). Exerceu a função de mecânico de embarcações. Depois, embarcou em um navio mercante americano e periodicamente regressava ao Itapema.
Desse período subsistem as lembranças da paisagem itapemense, da avó e da mãe sempre na cozinha preparando pratos para os embarcados que aqui aportavam...





"Minha mãe teve venda aqui na Floriano Peixoto, esquina com a Backheuser... De secos e molhados. Vendia botão, linha, agulha, querosene, gasolina, peixe-seco, bacalhau, linguiça, carne-seca, vendia de tudo... Eu comecei a atender o pessoal e conversar. Tinha muitas das mulheres que moravam nas redondezas que elas mantinham um intercâmbio não só com o estrangeiro europeu, mas com muito marinheiro de barcos de pesca catarinense, gaúcho... Também chileno, argentino, uruguaio (que traziam atuns e outros peixes nobres do Oceano Pacífico para os Terminais pesqueiros daqui)... "(...)Então, umas trabalhavam nas "bocas" como prostitutas, outras eram lavadeiras e prestadoras de serviços... Esses varais do Itapema, os terrenos eram grandes, você via um montão de roupas, macacão com nome de empresas internacionais, bandeiras estrangeiras, que elas lavavam... Isso aqui era um negócio multicor, muito bonito." - São impressões resilentes dum Itapema remoto, antes da suburbanização do Distrito.








"Na Rua Terceira (atual Henchi Matsumoto) a minha avó e minha mãe já faziam rango pros pescadores. Porque a Salgado Filho era um enorme aparato de maritimidade. Tinha cara que fazia remo de caxeta, consertava redes. A gente via aquelas redes enormes penduradas lá, estaleiros... (...)o Itapema girava em torno da pesca, do aparato marítimo. A maioria dos rapazes, das pessoas daqui trabalhavam em relação à pesca, consertando motores, calafetando embarcações, trabalhando nos estaleiros, pescadores, carregadores de cesto de peixe, sardinha... (...)Então elas eram famosas pelas peixadas e caranguejadas." - Relembra o Capitão a transfigurar do passado o cotidiano itapemense, seus habitantes.

[à direita, Rolim Fabula Narratur]


"(...)Com essa aproximação de marítimos, naquela época não era de bom tom social receber esse tipo de pessoa dentro de casa, com a família... Aí, eles vinham buscar uma roupa. Demorava, ia passar, tal, não sei o quê, aquele negócio todo... Iam na venda da minha mãe, porque lá no quintal tinha umas mesas de madeira, embaixo dumas árvores (goiabeiras). Ficava ali bebendo uma cerveja, até fazia uma refeição..." - Inclusive o pai começou a trazer gringos dos navios atracados no Porto. Ou embarcados que eram amigos dos amigos dele pra vir saborear a comida da Família Rolim, tornando o lugar uma Torre de Babel.



Viveram alguns anos na Rua Henchi Matsumoto Nº 80, daí mudaram-se para a Avenida Thiago Ferreira, onde hoje é a 'Casas Pernambucanas'. Havia  um amplo chalé ali, cujo dono era Seo Mantião (funcionário do Instituto Brasileiro do Café). Dentre as curiosidades desses idos, o Capitão Jessé conta ter sido Ele a nomear a antiga Rua Sexta, como Rua Brasília:
"(...)Por causa de uma discussão do meu pai em 1959 (próximo à fundação de Brasília) com o pai do Maurici Mariano, do 'Depósito Mariano', que o velho falou irritado (isso imitando o sotaque lusitano), "porra, estes lugares aqui não têm a rua. O carroceiro vai entregar o material e volta"... Tava pra fundar Brasília. Eu puxei a manga do meu pai e disse pra ele, "fala Rua Brasília". Meu pai retrucou, "é Rua Brasília!"... Aí o que aconteceu, quando nós chegamos em casa, meu pai falou assim, "ó, agora você pinta uma placa e coloca lá no chafariz (que havia lá) pro cara se orientar". Eu pintei uma placa mais ou menos de um metro, amarela com as letras verdes: Rua Brasília e finquei no chafariz, ficou até hoje..."
 CAPITÃO JESSÉ E SEU ESTILOSO "CAMELÔ" A PERCORRER AS PARAGENS DE GUAIMBÊ.

Destemido Homem do Mar... Um "Ownie's Owner" (cão-sem-dono) como ele mesmo se entitula, o Capitão Jessé Rolim revela suas destrezas e peripécias mais audazes. Foi um valoroso Corsário do Itapema. Praticando "descaminhos", ao desviar mercadorias da alfândega portuária sem pagar impostos, fugindo da fiscalização. Atracando em píers não regulares na margem do Porto e outras localidades fora do destino de origem, no translado de produtos para embarcações cumplíces:
"(...)O último trabalho que fiz foi em 1983, mil e quinhentos vídeos-cassetes JVC - 2 cabeças, que nós tiramos lá na Ilha Monte de Trigo, ali depois da Bertioga... Mas, eu cheguei a tirar junto com os amigos em Laguna (SC), 4 mil caixas de uísque, em três barcos de pesca... (...)Eu comecei a levar muito relógio SEIKO, calça LEE pra 'Galeria Pagé' (SP)..." - Tais negócios nada lícitos possuía ramificações no cotidiano do Porto.
"(...)eu frequentava as "bocas"... Muitas vezes levei mulheres pra bordo e fui buscar nos navios de catráia. Eu conhecia os gringos, conversava em inglês. Então tinha aquele intercâmbio, fazia esses passeios..." - Furtivo empreendedor duma rentosa diplomacia paralela.
CORSÁRIO DO ITAPEMA, CAPITÃO JESSÉ ROLIM RELEMBRA SUAS PERIPÉCIAS.


Os navios que chegavam, sob suspeita de doença, ou ainda avarias precisavam ficar de quarentena ancorados à margem da bocaina.
"(...)Porque apesar do tráfego de embarcações e da ancoragem na Bocaina sem tento, os navios eram de menor porte... (...)Então eles podiam fundear ali. Como eram pequenos ficavam reunidos lá. Na Bocaina não tinha a rigidez das autoridades de hoje. Daí, um tripulante passava de um navio pro outro... Como eu falei pra você, vinha a mulherada da "zona" frequentava os navios. Não era permitido, mas a Polícia Marítima fazia "vista grossa"... (...)os tripulantes vinham no comércio do Itapema, como hoje andam por aqui, comprar uma carne pro churrasco, cachaça, limão pra fazer "caipirinha", tal..."
 CARTÃO DE VISITA DO CAPITÃO "OWNIE'S OWNER" ROLIM, NATIVO DA ILHA DO SOL.

[á direita o Capitão Jessé na primeira Captain's Shack no Itapema]

Anos mais tarde, Outubro de 1990, comandaria em Vicente de Carvalho a CAPTAIN'S SHACK (CABANA DO CAPITÃO). localizada à Rua Joana de Menezes Faro, 390 (antiga Rua Oliveira, imediações da "Feira do Rolo"), misto de Restaurante e "Embaixada do Mundo", conhecida nos 7 mares. Um típico Comandante de seu navio, tendo o característico lenço vermelho à cabeça ou bonés com logos da atividade marítima. Capitão de um dos mais pitorescos restaurantes da Ilha do Sol e que oferecia uma cozinha variada com pratos típicos, tanto da comida nordestina quanto da culinária internacional. Navegando os mares do globo em suas histórias, entretendo seus convivas acompanhados de uma boa cachaça artesanal, curtida e aromatizada com frutas e especiarias, pelo próprio Capitão Jessé - ou cerveja gelada, claro.
 ANTIGAS INSTALAÇÕES E OBJETOS REMANESCENTES DA CAPTAIN'S SHACK, "EMBAIXADA DO MUNDO".

Num ambiente repleto de utensílios, objetos inusitados e antigos: réplicas de embarcações, luneta de pirata datada do século XIX, timões, bússolas, modelos de cartas náuticas, mapas, globo terrestre, bandeiras e flâmulas de diversos países, moedas estrangeiras antigas, moldura de nós de marinheiro, lanternas marítimas, vigias, bóias salva-vidas, âncoras, carrancas de proa, estatuetas, entalhes e esculturas, quadros, gravuras, fotografias, jornais e revistas de época, diferentes garrafas, tachos e panelas, discos de vinil, vitrola de 1901 movida à manivela, máquinas de escrever aposentadas, caixas registradoras, mais souvenirs, fotos de frequentadores e cartões-postais que recebia de marinheiros de todos os portos do mundo, presentes de amigos e visitantes que por lá passaram.

[detalhes curiosos da Captain's Shack, página do 'The Daily News' - a matéria de capa noticia o naufrágio do Titanic.]




Enfim, uma coleção extravagante disposta pelas paredes, teto, por todo o espaço do estabelecimento. Essa decoração bem ao gosto de alguns bares europeus que tem como dono, antigos marujos aportados que além de comerciar, gostam de contar velhos "causos".
CAPITÃO JESSÉ ROLIM E ALGUNS QUADROS DA CAPTAIN'S SHACK.

Especialmente preparado por D. Elce Rolim, espôsa do Capitão, o Rancho de Bordo sempre foi o atrativo principal da casa, além do atendimento hospitaleiro. O cardápio prestigiava a culinária do nordeste brasileiro e pratos estrangeiros, desde que agendados previamente com ela para dar tempo de providenciar os ingredientes, pois os pratos eram preparados na hora, informa ela numa reportagem na década de 1990. Aliás, tive eu (URBAIN G.) também o prazer de saborear nesses idos a famosa Galinha à cabidela preparada por Dona Elce.
Outras sugestões apreciadas do Restaurante eram o Baião-de-dois (arroz, carne-seca desfiada e feijão-de-fava gratinado, coberto com queijo do sertão). E ainda, carne-seca com mandioca. Embasado do conhecimento culinário adquirido, ele não deixava de estabelecer seu juízo:
"Há um engano muito grande do pessoal nordestino de falar que o Baião-de-dois é comida do nordeste. Não é, é prato de marinha! Tanto que é prato de marinha, que era comida de pobre... Nos hospitais se servia feijão com carne-seca (podia ser o feijão que fosse) farinha e mandioca. Era o alimento mais barato. Você tava hospitalizado, fazia operação, parturiente, tal... Era essa comida que tinha, e acabou... Entendeu?... Mas, ficou perpetuado no forró de Luiz Gonzaga (gravado em 1950)... (...)O Baião-de-dois, ele só varia o feijão. Os outros ingredientes são: farinha, mandioca, carne-seca... Porque não tinha refrigeração nos navios... Então era o charque que viajava com os tropeiros e navios.
A SEGUNDA 'CABANA DO CAPITÃO' NA ESTÂNCIA BALNEÁRIA.

Após 14 anos funcionando no ITAPEMA/SP, a 'CABANA DO CAPITÃO' mudou-se em 2005 para a Sede, no Guarujá, à Rua Quintino Boacaiúva Nº 534 - Vila Maia (à quatro quadras da Praia de Pitangueiras), onde continuou a receber visitas de pessoas de várias nacionalidades, a maioria tripulantes de navios que ancoravam no Porto, alguns diretamente atracados na margem itapemense.
"Eu odeio clientes e adoro amigos." - Definia ele em entrevista ao Jornal 'A TRIBUNA', o apreço que tinha pelos frequentadores da 'CABANA DO CAPITÃO'. Revelando que a idéia de criar o estabelecimento surgiu da sua vontade de reunir amigos.
Quero conhecer pessoas, afinal como bom nativo sou canibal." - Graceja utilizando as máximas de vida dos marinheiros.
Não raramente recebia visitantes da Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Itália, Coréia, Inglaterra e outros países. Alguns personagens famosos e importantes passaram pelo local: o Diretor de Ciências Exatas da Universidade de Nova Iorque, Anthony Braganza. Joseph Vann Luyten, Professor holandês, o maior colecionador de Literatura de Cordel do mundo. A educadora Esther Stoock Brand, Diretora da Universidade de Lawrence, Texas. Delfim Netto, economista. As Apresentadoras Adriane Galisteu e Suzana Alves, a Tiazinha. A cantora Elba Ramalho, dentre tantos.
CAPITÃO JESSÉ ROLIM, FABULA NARRATUR DA "EMBAIXADA DO MUNDO".

Por ser relevante persona do quadro social da cidade recebeu em 2000, o Título de "Cidadão Guarujaense".
"O único Título unanimidade nos 80 anos da Câmara Municipal de Guarujá, 21 vereadores votaram e assinaram. O "Atleta do Século" Edson Arantes do Nascimento, o "Pelé" recebeu o mesmo Título com apenas 14 votos." - Compara ele ao referir-se num perfil da internet.
Foi agraciado também, no ano de 2001, com o Título de Cidadão de Santa Luzia (BA), cidade de origem da Família Rolim.
Em 2003, tornou-se membro do Conselho Cultural da Câmara. Tem mais de 2000 crônicas suas publicadas em diversas mídias do Brasil e Exterior.
Uma distinção especial seria-lhe concedida, MENÇÃO HONROSA do Sindicato dos Marinheiros Mercantes da Alemanha (Hamburgo), pela Comemoração do Dia da Marinha. Por ter conciliado na mesma mesa "Wessies" e "Ossies" (Alemães ocidentais e orientais), quando da "Queda do Muro de Berlin" (09/11/1989). Este episódio memorável é assim descrito pelo Capitão:




"Um dia, logo depois que caiu o Muro de Berlin, eu recebi três pessoas (alemães ocidentais). Eram 2 horas da tarde... Karl Stronberg (Comandante do CAP. TRAFALGAR), Karl Friederich Walter (1º Oficial de Máquinas) e Werner Uldehoof (Imediato). Eles sentaram e eu já sabia que era o tradicional, a jarrona de "caipirinha". Coloquei a mesa e vi o Comandante toda hora olhando no relógio. Aí eu perguntei, "Herr Comandante, no have time out?" (Meu Comandante, não tem tempo de folga... Tempo aqui fora?). Ele falou (no bom sotaque alemão atrapalhado), "não, não... Eu marca no perucaria com Zé Barbeira aqui, né... Pra cortar pêlo. E ele falou daqui dez minutos lá"... (...)Quando ele ia saindo, chegaram 4 caras com uniforme de bordo (alemães orientais, marujos de 1ª viagem). Eles ficaram em posição de sentido na porta, não entraram esperando o Comandante sair... Eu olhei aquele fato e associei... Sentaram numa mesa bem longe dos outros dois Oficiais que já estavam lá. Pediram 4 Beers...
Daí fui no Werner e falei, Werner, não tem outro navio de bandeira alemã no cais. Esses caras não são do teu navio, não são alemães? Aí ele disse de chofre, "esses filho da peste do comunista! Nós não quer papo com esses filho da puta!... O moeda deles valia 40 menos que a Marco do Alemanha... Agora, eles tudo ladrão, bandido!... Começa a ter assalto, roubo no Alemanha. E o economia vai tá fudido, nós vamos pagar esses vagabundos comunistas..." - O Imediato germânico falou pra Odin escutar, não poupou adjetivos aos compatriotas. Enquanto isso, os quatro tripulantes alemães orientais (first-time) permaneceram nos seus lugares, pois não entendiam "bulhufas" do idioma brasileiro. Nesse ínterim o Comandante Stronberg retornou à companhia dos amigos "wessies". Combinaram um happy-hour lá pelas 20 horas, com porções de camarão-pistola... Ao saírem os Oficiais alemães ocidentais, os marinheiros "ossies" ficaram de pé... Um pouco depois pediram a conta, mas também decidiram retornar mais à noite, por volta do mesmo horário. O Capitão Rolim achou aquilo bem esquisito, sem sentido, e conversando com a mulher confessou:
"(...)Eu vou sacanear os oficiais do CAP. TRAFALGAR... Não, o Stronberg vai se fuder. O que ele tá pensando! Isso aqui é Itapema (Brasil). Não, não é isso não..." - Causou-lhe estranheza a indiferença de uns para com os outros, aquele sentimento discriminador. Então bolou um plano perspicaz. Reservou a pedido, a mesa para os Oficiais "wessies" e bem próximo, deixou outra mesa destinada aos marujos "ossies". Os demais lugares da CABANA, o Capitão ajeitou como reserva fictícia. De modo a obrigar que todos se sentassem juntos... Primeiro chegaram os Oficiais do CAP. TRAFALGAR, seguido dos marinheiros alemães "orientais". Notaram a presença dos Oficiais e dirigiram-se para uma daquelas mesas falsamente reservadas. Maroto, o Capitão indicou sentarem noutra à frente, perto do Comandante Stronberg...
"(...)e aí eles não queriam ir, meio vacilando, tal... Naquilo que um deles chegou perto da cadeira, eu sentei. Quando os outros puxaram as cadeiras pra sentar, eu peguei a mesa ("ossies") e encostei na mesa do Comandante, o Stronberg estrilou: "Filho do puta! Vai tomar pelo culo!... Você é doido do cabeça, caralho!! Fazer esses porras desses comunistas sentar junto com a gente... Que porra, você vai quebrar o hierarquia do meu navio..." Eu respondi, Stronberg, filho da puta é você! Que tá com resquício da Segunda Guerra Mundial... Seu navio tá lá no cais, aqui é meu navio! Aqui é Brasil, se junta preto, vermelho, amarelo, branco, judeu com muçulmano, árabe... Isso aqui é outra coisa. Não venha trazer este espírito capitalista, segregacionista pro Brasil. Principalmente, pro meu bar... Eu não vou deixar de servir ninguém." - Criou-se um verdadeiro impasse diplomático, porém resolvido no silêncio da sensatez.


"Eu comecei a servir... Daí coloquei pra tocar Fred Queen (cantor alemão que se vestia de marinheiro), Marlene Dietrich, Edith Piaf... (...)Quando foi 4 horas da manhã tava tudo bêbado, dançando um com o outro... Eu disse pro Werner, se você tiver que sair pra fumar um cigarro no passadiço, tá uma noite bonita, tá uma noite feia, você vai lá pro convés... E um cara desses tá de vigia, dá uma onda, um negócio qualquer e você dá um escorregão, cai no mar. É esse cara que vai gritar "Homem ao mar!", jogar o salva-vidas pra você... Pra que essa frescura de Alemanha ocidental, oriental!? Acaba com isso, rapaz... (...)Flag is big sheat! (Bandeira é uma grande merda!)... E esses marinheiros contaram lá no Sindicato de Hamburgo desse fato."
    CAPITÃO ROLIM EM CONTINÊNCIA AOS MERCANTES DO MUNDO.

Durante aquela Cerimônia do Dia da Marinha, teve o prazer de ouvir o comentário elogioso da Srª Dóris (Vice Cônsul da Alemanha, em Santos) compartilhado entre amigos:
"-  Este f.d.p. tem mais prestígio e confiabilidade do que eu dentro da Marinha Mercante Alemã" - Nisso levantou-se uma figura avantajada e abraçando-o também assentiu:
" - Concordo com os palavras desta Srª Dóris." - Pastor, dirigente da SEAMEN MISSION.











Como o processo de implementação de um Pólo Cultural previsto para a Ilha de Santo Amaro naufragou nas estâncias políticas e sua própria conjuntura pessoal, o Capitão Jessé Rolim preferiu recolher velas e lançar âncora ao encerrar as atividades da 'CABANA DO CAPITÃO', em 12 de Junho de 2008.
Todavia o Capitão continua por aí, tocando  o barco da vida, às vezes contra a maré, fiel a filosofia do mar: Nade ou afunde... Saudações Marinheiras!