O Nota: "10" do Carnaval da ILHA

Desfile de Momo na Av. Oswaldo Cruz, parte dela de bloquetes sextavados, a passarela coberta pelo tapete de confetes multicores e embaraçantes serpentinas, enfeitada da luminosa decoração do carnaval. Aquele fantástico entusiasmo da platéia na seção de arquibancadas, ao longo das cordas à beira da calçada...

[Um bamba no desfile carnavalesco da Av. Oswaldo Cruz - ITAPEMA/SP.]

Durante todo ano onde estava oculta tal beleza? As cores escondidas no coração da comunidade oprimida, para assim explodirem apoteóticas em forma de enredo pela avenida do Samba. Sobre alegorias quiméricas, viagem encantada a reinos lendários em mágicas epopéias carnavalescas. Esta ópera popular orquestrada ao ritmo da Bateria, transmutado no corpo do passista, nos requebros febris das jambetes tranchans, naquelas muitas levas de foliões fantasiados. A tela da rua pintada nos tons dos estandartes de suas queridas agremiações.

A FOLIA NA PASSARELA DO SAMBA DA AV. OSWALDO CRUZ - ITAPEMA/SP [1981].

Elias Lacerda de Carvalho, um homem do povo (de muitos ofícios) que nos três dias de folia se transformava. Guardião galante faz mesura, baila enquanto conduz a Porta-Bandeira, cercados de aplausos... Sorri a cuíca apoiada pela batida do surdo.

De certo modo ele relutara. O samba da Ilha não dava camisa a ninguém, se ao menos fosse valorizado... Mas Marlene, da "Nega-Onça" insistiu do seu jeito peculiar:

- Tu vai ficá uma jóia, malandro!

Verdadeira roupa de ocasião para um Mestre-Sala.

- Essa é especialmente de São Paulo... Vamô lá!!

Por fim convenceu-se, a "Pérola" engalanada invadia o sambódromo numa noite de esplendor. Pois tudo o que almejava era ouvir a voz do apurador gritar na terça-feira:

- É dez... Nota: 10!