__________ Itapema, suas histórias... __________

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

AS TRAVESSIAS DE PLÍNIO MARCOS

PLÍNIO MARCOS ENAMOROU-SE DUMA ITAPEMENSE.

Conheceram-se num desses acasos da vida. O primeiro encontro foi no 'Pavilhão Teatro Liberdade', na vizinha cidade santista . Uns olhares e trocas de gentilezas ao término do espetáculo deram a entender que ela simpatizara com o Palhaço Frajola, afinal jamais havia conhecido um artista tão de perto. Era pobre, mas artista!... Ele também vira nela uma brejeirice itapemense encantadora.
- Aqui sou Frajola, mas me chamo Plínio Marcos...  Do Macuco.
Naquele momento não passara dum flerte. Entretanto, tempos depois toparam-se novamente e começaram um namorico. Desta feita era Plínio quem tomava a barca entusiasmado, ou mesmo de catráia a singrar as águas do estuário até a Estação de ITAPEMA/SP... Ao fundo as montanhas da Serra do Mar, a marinha portuária de cargueiros presos às amarras das docas, guindastes pendidos, outras embarcações que enfrentam a maré. Ali à margem esquerda da Ilha, na Base Aérea instalada no Distrito foram seus dias de soldado raso, naqueles anos de 1950... Então, a Vila Fronteira.
Horas de conversa, pipoca doce  numa tarde da Praça 14-Bis, sorvete no passeio da Av. Thiago Ferreira sob os olhos do Poeta Vicente de Carvalho. E claro, alguns apertões ao despedirem-se no portão de casa.
- Já fiz de tudo. Tentei futebol... Pô, o "Jabuca" tem seu valor. Manjo bem a gente da rua, fui camelô, trabalhei no cais... Me arranjo como posso.
Ela o achava até bem apanhado, falante. Porém, trabalho de artista demais inconstante. Qual futuro teria? Não parava nos empregos!... Plínio estranhava cabreiro as reticências dela.
- Não sou muito estudado. Mas, tô escrevendo uma peça de teatro... Juro por essa luz que me ilumina.
- Dá dinheiro?
- Ainda não... Vamos vê mais pra frente.
- Hum...
- Tu gosta de teatro?
- É, distrai...
- Aqui na baixada tem muito teatreiro.

Era bom nem criar muita esperança. O pai de jeito maneira concordaria. Ela mesmo não queria levar sina de cigana numa tenda. Sonhava ter um chalezinho avarandado, jardim à frente, florido de azaléias e hortênsias, no tranquilo bairro Vila Alice.
Acabou não dando certo. preferiu escolher um homem que fosse melhor sucedido.