__________ Itapema, suas histórias... __________

segunda-feira, 28 de março de 2016

Idílica Sociedade @lternativa ITAPEMA





Música de consultório... O solitário tecladista dedilhava sentimental grandes clássicos de Richard Clayderman, Ray Conniff e outras Orquestras... Concorrido o happy hour do '&. @.' proporcionava suas horas hilariantes. Media-luz num cantinho, na mesa só para dois amantes... Ambiente acolhedor e o cúpido matreiro de tacape em riste.
Protagonistas daquele romance folhetinesco, Eloísa e Ormeo começavam com caretas dissimuladas, beliscões, chutes nas canelas por baixo da mesa... Dos beijos aos tapas por ninharias... A gota d'água consentiu no uísque on the rocks revolto entre os dedos dela.
- Por que você fica aí estático olhando pro nada?
- ...Ouvindo música.
- Escutando nada.
- Isto é de fato uma questão filosófica! Sobre a negação nadificante, compreende?... Daí promovendo este encontro comigo. - Desta feita, Ormeo pretendia ironizar os ciúmes de Eloísa.
- Pega, lê o cardápio pra não ficar pensando bobagem.
- Eloísa, o cérebro é um órgão que a natureza nos deu com função. Não é como o apêndice.
- Você se acha alguém, mas não é nada!
- E foi isso que eu disse... Todavia, pensar o ser, é o existir do Ente. Estar-se do Ente de si mesmo.
- Pensando noutra... Te conheço, sujeito.
- Paranóica! - Predicados para ela havia inúmeros.
- Cafajeste ordinário!... Daria meu braço pra saber o que se passa nessa sua cabeça.
- Pensei ser você minha "alma gêmea". Não achava sermos "almas siamesas".
Nisso a moça levantou-se fula, Ormeo fez a esquiva, um garçom se interpôs e recebeu a bofetada a caminho... Do seu canto, o tecladista instintivamente no compasso seguinte emendou um bolero caliente.
- Olha bem, o que você fez...
- Põe na conta dele!
- Senta, ou eu me mando...
Deixaram os cacos ali, Bartô (sem querer deixar "quebrar o clima" no &. @.) que tratou de socorrer.
- Você nem diz mais que me ama... Nega! - Sua preocupação essencial consistia nisto.
- O fato de dizê-lo vai significar alguma coisa?
- Você diz cada coisa!... Também passa dias sem fazer amor comigo.
- Realmente, não é nem você ficar sem gozar. Mas eu, não deixar de trepar contigo.
- Ninguém me tira da idéia, Ormeo... Quando me procura é pensando somente em você... Egoísta!!
- Deixa de querer me escravizar!
Era o idílio debatendo-se, lições públicas ao gosto de Sócrates. À vista disso, no esfolar da pele, nesta busca do âmago que se reconhece a maciez do toucinho...
Arrependida Eloísa monologava, dizendo que sozinho ele seria feliz. Dali em diante "just bons amigos". Aquele seu desejo contraditório de que longe dela houvesse felicidade. Secretamente destilava venenosos pensamentos de mal agouro.