__________ Itapema, suas histórias... __________

sábado, 30 de setembro de 2017

UM BAR DE ITAPEMA


Omitirei os detalhes sobre a localização deste boteco. Mas estejam certos, ficava em Itapema. Drinks, petiscos, comidas típicas compunham o seu cardápio popular. A especialidade da casa: bolinho de bacalhau. Não era assim a realeza do quitute lusitano, porém até descia com cerveja estupidamente gelada. Essa crítica gastronômica é porque ainda trago na lembrança os bolinhos de bacalhau de Dona Rosa, antiga moradora da Rua Epitácio Pessoa, ali no Bairro Pae Cará.
Como quase todo dono de bar, D* era chegado nuns gorós. Pelo que sofria da mulher intensa repreensão. Levava à risca, sem saber, a sugestão de Henry Miller: "Beber gelado, mijar quente". De tanto servir e ver os outros beberem, dizia ter ficado "aguado".
Figura simpática, é sabido, também bastante peculiar. Venerava apaixonado o escudo do clube querido sob à guarda de São Jorge. Ao sabor de alguma bebida adicionada ao noticiário da televisão, entre rótulos de garrafas alcoólicas, não se furtava as opiniões a respeito da conjuntura nacional. Como se os seus julgamentos fossem imprescindíveis.
Recebia além dos concervejais habituantes, personalidades do Distrito itapemense (picaretas e gente boa) as quais sentavam em sua mesa para flagrantes fotográficos descontraídos, fixados num mural do estabelecimento. 
Espontâneo, bastava beber e tinha a mania de contar piadas, soltando ao final uma risada desmedida, extrapolando em graça.
Acaso a música na jukebox estivesse alta, mandava baixar o volume. E até mesmo Martinho da Vila cantava em surdina naquele instante. Pois fazia questão de ser ouvido:
- A fulana tinha o traseiro tão avantajado... - Começava D* pondo ênfase ao predicado da preferência nacional - Que se peidasse, e saísse confete. Era Carnaval o ano inteiro... Há, há, há!! - Tinha preferência por datas comemorativas. De olho preocupado no calendário (impresso num cenário paradisíaco) e o vencimento de datas para saldar os fornecedores.
- Sabe por que o Papai Noel não faz filhos?... Hein, ô "Bebé". - Pausa cômica segurando o riso. Ao que o interlocutor embriagado arriscava um palpite.
- Ele já tá véio, pô...
- Por que o saco dele é de brinquedo! - E daí emendava uma larga risada.
Claro, ria-se a clake de fregueses até com mais entusiasmo para não perderem o fiado.
OS BARES DE ITAPEMA E SEUS PERSONAGENS PECULIARES.