__________ Itapema, suas histórias... __________

sábado, 2 de outubro de 2021

UM FORRÓ EM ITAPEMA

A TRADICIONAL MANIFESTAÇÃO CULTURAL NORDESTINA PRESENTE EM ITAPEMA/SP.

Naquele domingo no Forró "Só Alegria", o clima esquentou atiçado pelo trio nordestino. Ronca alto o fole, marca firme a zabumba, floreia o triângulo e chama pro arrasta-pé. Homem perto de mulher, pólvora perto de tição é a estrofe do cantor. Aqui e ali balança a saia enfiada nas pernas das calças, chia a chinela riscando o salão. Entre as mesas espalha a zuada do conversê.
Juventina remelexe só fazendo prosa da fogosa decadência, doida pra entrar no forró. Balançava que a vergonha caía. É viúva fubeca, gosta duma cachorrada. Estava toda sibite, a cara pintada parecia uma jaguatirica. Fica por ali rosetando.
- Vai ficá esquentano tamborete? - Achegou-se ela a beliscar o cabra.
Zézin "Bico Doce", afamado mulherengo não enjeitava parada. Porém, se fez de rogado.
- Oxente, agora deu!!... Adispois, sinhá-égua! - Ao que Juventina emitiu um muxoxo.
De primeira queria o mussiço, nada de couro curtido... Perfumado dentro da sua milhó roupa, ele butuca o mulherio.
- Mulé é como sapato... - Costuma goguejar no balcão. - Só presta bonito e novo. Só levo ali na sola... Comigo é assim! - Bebericou a "Pitú" ardente... Agora era o xote a ritmar os corações juntinhos.
Nisso arreparou numa morena jeitosa da cor de açucena. Não pode resistir, ficou de juízo mole. Tinha mais lábia que Patativa.
- Duas coisas apreceio neste mundo, rabo de saia e farinha d'água. Se fartá farinha eu nem ligo.
A moça achou aquilo dum inxirimento!
- Eu assuntei o que ocê falô de mulé. - Não lhe dava confiança, mas conhecia de vista Zézin.
- Apois, cada pé tem sua alpercata.
- Inté mesmo um borra-botas e pé-rapado feito tu, visse! - Respostou e saiu faceira.
- Eita... Abufelou-se!!
Os pariceiros danaram mangar dele. Todo "bico doce" tem seu dia de amargar.