__________ Itapema, suas histórias... __________

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PELAS BANDAS DO ITAPEMA

ATRACADOURO DO CLUBE INTERNACIONAL DE REGATAS EM ITAPEMA/SP (1919).

Foi graças inicialmente à simpatia dos sócios do Clube Internacional de Regatas pelo Fiel Talaça, vira-lata da mais fina estirpe, que o botequim de pau-a-pique do Preto Martinho no terreno ao lado da sede de Itapema ganhou renome.
Ainda na construção das instalações, o cão invadira o clube náutico tornando-se benquisto dos seus frequentadores. Logo quiseram saber de onde tinha vindo o maroto. Não tardou para que descobrissem sua origem, vingando numa profícua amizade com o verdadeiro dono. [na imagem abaixo à esquerda, garagem de barcos do CIR.] 
Talaça galgou o posto de cão-de-guarda. Não havia esse que adentrasse a garagem náutica, o bangalô, sem sua restrita permissão.
Aos domingos atravessavam as cercas-vivas de bambu para encontros saborosos no bar do itapemense. Preto Martinho recebia os homens palmeando trechos de uma música qual os sócios cantavam na sede a pilheriar entre si.
"Por remar em canoé
 Deixou de ir ao Pae-Cará
 Joaquim Amorim Netto
 Vulgo gragoatá.

 (...)Quem sabe inventa
 Quem não sabe imita..."

 Todos então já riam-se emendando o canto:

- É tubarão? Não é.
  É jacaré? Não é.
  Então, o que é afinal? - Ao que os remadores bradavam o nome do clube.
ALÉM DO REMO, OUTRAS ATIVIDADES ESPORTIVAS E SOCIAIS ERAM PROMOVIDAS PELO CIR (no detalhe da foto acima repare num cão sob a embarcação).

Iam lá provar a caldeirada de siri acompanhada da famosa "caldinho de unha", pinga com frutas feita por Martinho sem muito asseio.
- O álcool mata... - Atestava um gaiato, conhecedor da bebida. Comentário suficiente para dar mote às piadas.
- Depois dessa, vocês nadam daqui até o outro lado do canal com os braços nas costas. - Repercutia um moço, as faces coradas.
- Remo sem parar até o Rio Tietê! - Arrematou um terceiro virando a caneca.
Cada um encontrava um chiste para zombar dos efeitos daquela exótica "garrafada". 
REGIÃO ATUAL ONDE FICAVAM AS INSTALAÇÕES DO CLUBE INTERNACIONAL DE REGATAS EM ITAPEMA-SP.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ALDEIA UNIVERSAL

Conversávamos sob o busto do poeta Vicente de Carvalho, eu e Foina, artista plástico velho conhecido. Ouvidos atentos aos ecos urbanos, a Thiago Ferreira naqueles dias de burburinho, muitas ofertas pelos alto-falantes. Pedestres apinhados no calçadão de olhos nas vitrines. Grupos em torno das mesas mastigando ávidos. Num consumo frenético de sacolas e estômagos.
Estamos sempre discutindo a relação da cidade com a Arte, a Cultura propriamente dita. Da necessidade que os cidadãos deveriam ter de também consumir o "alimento pra cabeça". Parece-nos que não se dá na mesma medida ou quantidade. E a Arte um desses artigos supérfluos. Que com o tipo de consumo supracitado as pessoas perdem longas horas defronte ao espelho, senão naquele infrutífero esforço no banheiro.

[no detalhe da imagem à direita a Av. Thiago Ferreira, próspero centro comercial de Vte. Carvalho - SP]
"- Dizem que as más resoluções são próprias desta cidade..." - Concluí mencionando esta sentença irônica de Aristófanes sobre Atenas. Pois eu considerava os transeuntes ocupados demais pela sobrevivência.
Ele mesmo se dizia decepcionado com o tratamento imposto à Arte nos grandes centros. A ditadura do subjetivo gosto pessoal em detrimento da genuína expressão artística. Me contou de uma determinada ocasião que saiu às galerias apresentando seus trabalhos...
O marchand olhou daqui, admirou-se dali algum tempo boquiaberto. Nenhum o satisfazia. Ora intrigante demais, muito intelectual... Pouco vendável. Eis que pousou o olhar clínico numas folhas com grandes borrões psicodélicos. Sua aprovação foi geral, entusiasmada.
- Você me desculpe, mas estas folhas são onde limpo os meus pincéis. E as utilizei para embrulhar os desenhos. - Interrompeu Foina bastante constrangido.
Enfim fez negócio precisava comer. Sendo as manchas do acaso justamente aquilo que o especialista entendia como arte comercial.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A MORTA-VIVA DO CEMITÉRIO DISTRITAL

ENTRADA DO CEMITÉRIO DISTRITAL DE VICENTE DE CARVALHO [ITAPEMA/SP].

Para não parecer deselegante comparecera ao velório de um conhecido no trabalho. Neste dia o escritório esteve fechado em consideração à família enlutada, não poderia fazer daquilo um feriado.
A demora do defunto em chegar beirava o atraso nupcial... Fim de tarde trazem o morto e colocam-no ao centro da capela, hirto, espiado pela beatitude das imagens sacras. Dá-se início à inconsolável carpição dos parentes.
Todo aquele teatro o exaspera e resolve sair para apanhar o ar de fora, livre da essência nauseante da parafina derretida. Parou além dos anjos apiedados do umbral de entrada, onde a vida parecia resistir à travessia do Aqueronte na correnteza da Av. Presidente Vargas rumo ao desaguadouro. Dirigiu-se até um bar nas proximidades. Percebeu que para suportar aquela noite não seria sóbrio.
"Hodie mihi, cras tibi..." - Veio-lhe a frase em latim. Alguns cemitérios mais antigos encimavam no frontispício está lúgubre inscrição, num certo tom de ironia macabra.
- "Hoje a mim, amanhã a ti..." - Murmurou bebendo o último gole do Cinzano.
Há alguns anos enterrara a mãe ali também. Depois da recolha dos ossos, nunca mais retornara. Algo dentro dele o impeliu a visitá-la...
POR ENTRE OS TÚMULOS A CAPELA DO CEMITÉRIO DISTRITAL DE VICENTE. CARVALHO [ITAPEMA/SP].

Sobre o cemitério distrital de Itapema a noite enevoada, oceano de luto, recorta fantasmagóricas silhuetas das cruzes. Na consolação dos jazigos ornados, envolto no mistério das campas humildes e na paz suspensa dos columbários caminhava. Carrega o ar o odor hostil de flores murchas. Pesa-lhe o olhar silente das estátuas de encardido mármore. Cada rosto que mira nas fotografias parece ganhar vida em imagens nos seus pensamentos. Desvia o olhar inutilmente, pois dali alguns passos foca noutro semblante. Percorre nomes, elogiosos epitáfios, datas a sentenciar términos... Sem saber bem como, se depara com o repositório das ossadas. E da luz que vaza ante a névoa destaca o Nº 274.
TÚMULOS E JAZIGOS DO CEMITÉRIO DISTRITAL [ITAPEMA/SP].

Ali permanece, as recordações a transporem o tempo passado. Pois a arestas que ficaram e a impotência de não tê-las resolvido levam-no a crer mais ainda, que as pessoas morrem sem se conhecer... Despertou daquela nostalgia tendo percebido um movimento na penumbra, entre as sepulturas. A medida que a claridade se derrama sobre a figura saída das sombras distinguiu ser uma jovem mulher, a mão cruzada junto ao colo ostentava um cravo vermelho.
Parou dali alguns passos e o silêncio fez notar sua presença. Talvez, ela fosse uma visitante de outro velório ao lado da capela.
- Você vem sempre aqui? - Brincou ela.
- Eu... Não! Estou num velório.
- De passagem...
- É... Então aproveitei e vim até aqui. Você certamente... - Sentia-se um tanto perturbado.
- Também estive lá.
Não conseguia deixar de reparar na sua beleza incomum, naquela lascívia das formas coladas ao vestido. O profundo decote em que se abismavam seus olhos. Ela volteava em torno dele. Uma força estranha atraía-os.
- Essa sua roupa não é um pouco inadequada para a ocasião? - Disse sem dissimular o atrevimento.
- É que eu fui pega de surpresa... Você gosta?
 ENCONTRO COM A MORTA-VIVA NO CEMITÉRIO DISTRITAL ITAPEMENSE.

Sem que se desse conta, os longos braços desnudos dela entrelaçaram-no pela nuca à procura de um beijo. Pareceu entrar numa atmosfera de sonho. Alucinada ela roçava seu corpo contra o dele... De repente despertou, os braços a vencilhar o vazio. Ergueu a vista, e assustou-se...!? A beldade permanecia imóvel a metros dali. Quis sair desapercebido.
- Por que da pressa? Caso de vida... Ou morte?
Ele estancou ao seu lado... De fato, sua pele rescendia suave perfume floral, seus ombros projetavam-se sob os cabelos derramados que se entreabriam. Num ímpeto puxou-a para perto. Desta vez mais real do que nunca. Ela atirou-o por terra lançando-se sobre ele...
CEMITÉRIO DISTRITAL DA CONSOLAÇÃO DE VICENTE. DE CARVALHO [ITAPEMA/SP]


Pela manhã, o coveiro retornando com os restos duma exumação num carrinho, o encontrara desacordado sobre um túmulo. Atônito, ele cai em si... Ajeita as vestes desgrenhadas. Ao caminhar alguns passos depara-se terrificado com o retrato numa lápide daquela de amara na madrugada.

sábado, 9 de outubro de 2010

8 BATUTAS ENCANTAM ITAPEMA









Quando descobriu que 'Os Batutas' apresentariam-se num show no Clube de Regatas Santista, Vicente ficou maravilhado. [na foto acima entrada das instalações do CRS, na Bocaina - década de 20] 
Uma senhorita na barca Paquetá mostrara-lhe o convite enviado aos associados. Trazia também o cartaz que anunciava:

             "Estiveram em Paris e conheceram o Triunfo!"

Logo abaixo o repertório. Na primeira parte tocariam:

                   'Sofres porque queres', choro.
                   'Já te digo', samba.
                   'Bentevi', de Catulo da Paixão Cearense.
                   'Carinhoso', choro.

E tantas outras músicas que ele não poderia deixar de vê-los.

UMA DAS FORMAÇÕES DE 'OS 8 BATUTAS' NOS ANOS 20.

Naquele princípio de inverno de 1925, as coisas para Vicente não iam muito a contento. Conversou com um primo que trabalhava nas garagens náuticas do clube para quem sabe encaixá-lo no salão. Por sorte este seu parente conhecia o responsável pelo buffet que serviria os convidados daquela noite na Bocaina. Finalmente poderia ouvir ao vivo os músicos que só escutava através da ondas hertzianas do rádio de Seo Marcial. [nesta imagem abaixo, à esquerda do Forte de Itapema as antigas instalações do CRS]

Às vinte e uma horas da grande ocasião, lá estava ele engomado no terno branco, gravata borboleta em meio ao burburinho das mesas elegantes, a equilibrar copos e canapés na bandeja.
Dali a pouco o apresentador anunciou:
"- Aplaudidíssimos no 'Scheherazade' francês... Os Batutas!!"
OUTRA FORMAÇÃO DE 'OS BATUTAS' EM 1927.

Vez ou outra surgia uma oportunidade e Vicente detinha-se num canto para apreciar o conjunto. Seu coração descompassou entusiasmado quando Pixinguinha introduziu magistralmente com seu saxofone os acordes de 'Pelo telefone', samba gravado por Donga, logo em seguida irromperam sincopados os outros instrumentos. Luís de Oliveira no reco-reco, Nelson dos Santos Alves com cavaquinho, José Alves no bandolim, Fenianos com pandeiro e Donga no violão-baixo, ponteando como ninguém...
"O chefe da polícia
 Pelo telefone
 Mandou-me avisar
 Que na carioca
 Tem uma roleta
 Para se jogar..." - Desta feita na voz de José Monteiro, intérprete do grupo.
['Os 8 Batutas' noutra formação]




Dali pra diante a coisa esquentou de vez. Convidado ilustre, João da Baiana tirava evoluções sublimes do pandeiro ao cantar 'Mulher cruel', seu samba mais famoso...
Aquela foi uma noite esplêndida, como Itapema jamais vira.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ITApeMMa [NÃO ao curral eleitoral]

ENTRADA DISTRITO DE VICENTE DE CARVALHO [ITAPEMA/SP].

A história nos mostra que ITAPEMA/SP foi alçado a condição de Distrito devido ao contexto político-econômico pelo qual passava nos anos de 1950. Seja pela formação de um contingente eleitoral respaldador das pretensões políticas da Sede Balneária (Guarujá). Ou ainda, pela ampliação do perímetro urbano, já que parte significativa do sítio itapemense era considerada Zona Rural (antigos bananais). Com esta diferenciação para área urbana permitia a Sede administrativa arrecadar mais impostos e taxas com tributação maior.
Portanto, não é de hoje que o Distrito itapemense (renomeado Vicente de Carvalho) tem peso político importante para eleger seus prefeitos e vereadores. Tanto mais manter a sustentabilidade econômica do município.
Em seu poema 'O Itapema foi bazar de votos', Lydio Martins Corrêa reflete esta cobiça da vargem grande:

          "(...)Este pedaço do Brasil, outrora,
           Assediado por oportunistas
           Era mina de votos a granel,

           Mas hoje já raiou a nova aurora
           E o povo bom, daqui, abriu as vistas
           Mudando na política o painel."

VISTA AÉREA DE ITAPEMA/SP [PRIMEIRO PLANO] NA PONTA NOROESTE DA ILHA DE SANTO AMARO - LITORAL DE SP.
A PORTUÁRIA ITAPEMA/SP NA MARGEM ESQUERDA DA ILHA DE SANTO AMARO/SP.
ITAPEMA/SP POSSUI ATIVO COMÉRCIO DENTRE AS CIDADES DA BAIXADA PAULISTA. 

Mas, as decepções políticas foram muitas. Embora por acreditar em mudanças, a população creia ainda na opção das urnas almejando a transformação da nossa sociedade.
Mais de meio-século desde sua desmerecida Emancipação Municipal, o Distrito itapemense sofre as consequências por não ter diretrizes próprias. A Sede Balneária arrecadadora dos impostos e recebimento de verbas públicas, nada planeja pouco reverte para que ITAPEMA/SP tenha melhor infraestrutura urbana, bem como equipamentos públicos adequados. 160 mil habitantes e nenhum Hospital Público, Ginásio Poliesportivo ou Centro Cultural. Seus marcos históricos dilapidados, senão simplesmente extintos (Forte de Itapema, Coreto da Praça 14-Bis, Chafariz da Praça Poeta Vicente de Carvalho, Busto de Thiago Ferreira e Santos Dumont, Chafariz da Praça 14-Bis, Relógio Público) a tornar a paisagem desoladora e suburbanizada.
Persistem as ocupações de solo desordenadas e irregulares, dada a precariedade de programas habitacionais. Constituindo-se o lugar em área de constante tensão social.
A DIFICULDADE DE MORADIA PERSISTE ENQUANTO PROBLEMA SOCIAL NESSE MAIS DE MEIO-SÉCULO DE ADMINISTRAÇÃO DA SEDE BALNEÁRIA [ITAPEMA/SP] 2010.
RUA À ESPERA DE MELHORIAS URBANAS NO BAIRRO MORRINHOS - DISTRITO ITAPEMENSE [2010].

A condição portuária de ITAPEMA/SP sempre foi negligenciada pela Estância Balneária guarujaense. A "Pérola do Atlântico" arquitetada por sua elite de óculos-escuros à sombra de guarda-sóis, de frente para o oceano, de costas para a periferia, relegou a cidade vizinha maior interesse, sem opinar aos Administradores alheios as nossas dificuldades. Acumulando problemas com a movimentação do Porto na margem esquerda itapemense, sem poder minimizá-los pois nada arrecada diretamente.
A OCUPAÇÃO IRREGULAR DA MARGEM ESQUERDA ITAPEMENSE DO PORTO NEGLIGENCIADA PELAS AUTORIDADES.
      
Quantos "Salvadores da Pátria" se achegam ao Distrito com soluções prontas, sequiosos atrás de fortuna fácil e fazer carreira no cenário político.
Vide os "Filhos da Ilha", oriundos de famílias bem faladas, Prefeitos de então apanhados em desvios de conduta. Estampando na Imprensa regional e nacional manchetes pitorescas como o "Escândalo do cimento", "Da carne", "Do pãozinho", "Das tainhas". Houve inclusive aquele que dentre outras mazelas, numa grande cartada, teria assaltado de fato um "cofre público".
MATÉRIA JORNALÍSTICA REPERCUTE ESCÂNDALO POLÍTICO NA CÂMARA MUNICIPAL GUARUJAENSE [2006].

Alguns, donos de estranho vezo por entregar o patrimônio público da municipalidade ao Governo Estadual ou Entidades Privadas a troco de bananas. Dentre outros o Hospital de Vicente de Carvalho. Permitir a desativação do Fórum de Justiça do Distrito itapemense.
Contratuais, porém polêmicos conluios com as Empresas de Lixo e Ônibus, sustentando o monopólio dos serviços públicos. A influenciar nas decisões da Câmara de Vereadores, tanto mais nas eleições municipais.
O MONOPÓLIO NO TRANSPORTE PÚBLICO MANTIDO EM DETRIMENTO DA POPULAÇÃO DA ILHA DE SANTO AMARO/SP [1997].
POPULAÇÃO DO DISTRITO PROTESTA CONTRA O FECHAMENTO DA MATERNIDADE 'ANA PARTEIRA' - HOSPITAL DE VICENTE DE CARVALHO/SP [2010].
O COMÉRCIO DE ITAPEMA/SP PADECE POR FALTA DE MELHOR PLANEJAMENTO [2010].

Seus comportamentos deletérios e contraditórios os levam  a aliar-se aos antigos adversários políticos visando atingir Mandatários desafetos no Poder. Foi assim que políticos outrora defensores do Aeroporto Metropolitano (a ser instalado na Base Aérea em ITAPEMA/SP), saíram numa passeata contra o empreendimento que diziam defender. Ombreavam nas fileiras o "Sr. MM, "A Professora", "O Ruym", mais alguns seguidores, sem se importar quanto atrasavam o desenvolvimento da cidade.
Angariado a empatia política da população sentem-se "coronéis urbanos". Se possível nos tornar seu curral eleitoral. Isto nos remete a gado, cowboy, pistoleiro, xerife... Faroeste Caboclo! Coisa que já assolou a vida de pretéritos políticos nestas bandas. Itapema City "dormitório" de bovina existência.
Intentam mesmo definir nossos limites, demarcar território político ou determinar a vontade dos eleitores. Se não o fazem por suas grandes obras, querem fazer concretamente. Homenageando a si ou a estimados familiares, a nomear ruas, viadutos, praças e outros logradouros.
À ÉPOCA O ENTÃO PREFEITO NEGOU QUE AS LONGAS ASAS DAS DUAS GAIVOTAS NO PORTAL DO DISTRITO DE VICENTE DE CARVALHO/SP FIZESSEM ALUSÃO AS INICIAIS DO SEU NOME.
RETIRADA DO PORTAL NA ENTRADA DE VICENTE DE CARVALHO - OBRA DO NEPOTISMO POLÍTICO [ITAPEMA/SP].
     
O folclore político local já elegeu as personalidades dignas de uma boa piada ou maledicências na boca do povo. Registrada da conversa miúda das ruas pelo ouvido atento do cronista. Numa certa Ilha, onde o sol era para todos e a sombra para alguns:

"Que o homem não fosse um político de realizações isto sequer admitia-se. Vesgos eram aqueles cuja insistência do contrário viam dentes nas galinhas.
Combatente ardoroso dos "elefantes-brancos" de seus antecessores sabia sem desperdício, de grão em grão encher o papo. Dando franciscanamente a outros adestradores os cuidados do zoológico. Fazendeiro conhecido na região comprara o maior rebanho de "vacas-de-presépio". 
Para ofendê-lo a oposição apelidou-no "Muriçoca", porque disputas com ele era só no tapa. Homem de bem em nome do próximo, oferecia aos amigos tudo, para os inimigos a lei.
Enquanto os prefeitos das cidades vizinhas nominavam-se síndicos, fiscais, zeladores etc das suas, o nobre mandatário desta se intitulava simplório "Faxineiro do Município". Em função disso promoveu a maior limpeza já vista. Das ruas, nas repartições e dos cofres públicos.
Queria deixar uma obra com sua marca. Tanto que resolveu construir caro Chafariz provido dum 'Lava-mãos Municipal'. No ato público de entrega fez uso da sua grande eloquência, num improviso inspirado:
- Gente da minha terra!! Fi-lo, aqui ei-lo! Este lavatório não é somente questão de asseio pessoal... É um caso de saneamento público. Porque não dizer, histórico! - Os aplausos não poderiam ser poucos, as faixas de apoio muito menos. - Marco deste meu governo que vai lavar a boca de muitos... Pediram-me, tomem-no! Como exemplo eu mesmo inauguro. Repetindo o gesto dos grandes líderes da história... Tenho dito e também feito! - Cerimoniosamente enfiou as mãos no filete de água que jorrava da cumbuca do sorridente querubim.
Solene, mas non molto, a banda atacou o hino da cidade. A ovação foi geral."

Quiçá possamos um dia sair do ostracismo imposto pela Estância Balneária.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

BASE AÉREA (ITAPEMA - SP)

VISTA AÉREA DA BASE DA AERONÁUTICA EM ITAPEMA/SP, COM SUA PISTA DE OPERAÇÕES AO FUNDO (ANOS 2000).

Foi num Domingo (chuvoso), 22 de Outubro de 1922, que o Presidente da República, Dr. Epitácio Pessoa, acompanhado pelo Governador do Estado de São Paulo, Dr. Washington Luís Pereira Souza, e por inúmeras outras autoridades, estiveram em Itapema/SP.
Nesta data foi lançada a Pedra Fundamental da Base de Aviação Naval em terras do Distrito, no Sítio Conceiçãozinha, dando início assim ao plano de defesa aérea do litoral paulista.
Posteriormente, devido ao solo de Conceiçãozinha ter sido considerado impróprio para a construção da Base Aérea, tanto como sua posição, os militares escolhem uma outra área, localizada na Vila Bocaina, a noroeste da Ilha de Santo Amaro, defronte ao Largo de Santa Rita. 
COMITIVA PRESIDENCIAL DE EPITÁCIO PESSOA E AUTORIDADES MILITARES - LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP (INÍCIO DÉCADA DE 1920).

Em 1925, após a escolha do atual lugar da Base Aérea, iniciaram-se em ritmo de urgência, as obras para a construção da Base de Aviação Naval (BAN). Os moradores da Bocaina foram deslocados compulsoriamente dali, após muita resistência, para as imediações da Av. Thiago Ferreira.
A BASE DE AVIAÇÃO NAVAL INSTALADA NA RESISTENTE VILA BOCAINA - ITAPEMA/SP [ANOS DE 1940].
INSTALAÇÕES INICIAIS DA BASE AÉREA. REPARE NA PISTA DE OPERAÇÕES TRANSVERSAL AO SÍTIO - ITAPEMA/SP [DÉCADA DE 1940].

Um fato veio marcar o ano de 1927, quando o Aviador brasileiro João Ribeiro de Barros, que vinha completando a Travessia Genova-Santo Amaro (SP), pousou com seu hidroavião "JAHU" (Savoia-Marchetti), junto a Base de Aviação Naval, às margens da estuarina itapemense (Ilha de Santo Amaro), numa penúltima escala antes de amerrissar em direção a represa de Santo Amaro, na Capital.
Era a época dos grandes "reides" transoceânicos. Tão perigosos quão gloriosos, sobretudo pela precariedade de meios ou da instável confiabilidade da Aviação de então, deixando os aviadores entregues à própria sorte e à mercê dos elementos atmosféricos.
O HIDROAVIÃO "JAHU" FUNDEADO JUNTO A BASE AÉREA, ÀS MARGENS DA ESTUARINA ITAPEMA/SP [JULHO DE 1927].

O "JAHU" - hidroavião Savoia-Marchetti S.55 (versão C), foi o último de seu modelo no mundo. Possibilitou fazer a terceira travessia aérea do Atlântico Sul, a primeira da história sem escalas. Possuía 2 motores "Isotta Fraschini Asso 500", desenvolvendo 550HP de potência máxima cada. Dotado de um grande tanque de combustível com 16 reservatórios (8 em cada "scafo"), conferindo-lhe autonomia entre 14,5 e 16 horas de vôo, a uma velocidade de cruzeiro de 166 Km/h.
Vejamos nota extraída do livro 'A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO SUL E GAGO COUTINHO', de Ary Serpa, 1985, pag 58:
"Rei de Genova/Brasil (Santo Amaro) - O Comandante João Ribeiro de Barros, o 2º piloto João Negrão, o Capitão Newton Braga (observador) e o mecânico Vasco Cinquini, realizaram a primeira travessia de Genova a Santo Amaro..." - Cita ainda que o nome do avião homenageia a cidade natal do comandante e quanto a jornada foi cercada de percalços.
 PLACA COMEMORATIVA ESTAMPA O FEITO DA TRAVESSIA ATLÂNTICA DE JOÃO RIBEIRO DE BARROS COM O "JAHU", EM 1927.

Decolou no dia 13 de Outubro de 1926, de Gênova (Itália) para a primeira fase do reide, rumo à Gibraltar. Desceu em Dénia, no golfo de Valência, donde seguiu para Alicante, que não estava prevista na rota. De Gibraltar amerrissou em direção às Ilhas Canárias. Dali rumo à "Praia", no arquipélago de Cabo Verde. Muitas adversidades atravancaram a Travessia. Em 28 de Abril de 1927, o JAHU ganharia os ares novamente na direção do Brasil. Voando a uma altitude de 250 metros e velocidade recorde de 190 Km/h, durante 12 horas ininterruptas, cruzou o Atlântico (sem escalas), quando pousa em Fernando de Noronha. Todo o país exultante comemorou com acolhidas festivas aos aviadores em todas as demais etapas do percurso (Natal, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo).
REMADORES DOS CLUBES NÁUTICOS DENTRE OUTRAS EMBARCAÇÕES RECEPCIONARAM O HIDROAVIÃO "JAHU" APÓS O POUSO NAS ÁGUAS DO ESTUÁRIO [JULHO DE 1927].

28 de Julho de 1927, o relógio marcava 15:15 h., um vulto surgiu no espaço para os lados do oceano, arriba da Ilha de Santo Amaro. Vinha o possante avião nacional, tal qual um majestoso pássaro mecânico. Populares assistiam no alto do Monte Serrat, à beira das docas do Porto de Santos/SP, às margens da estuarina Itapema. O aviador Mertens, assim que teve notícia da aproximação do "JAHU", levantou vôo no seu Caudron e saiu ao encontro dos aviadores brasileiros, comboiando o hidroavião até a Barra. Nisso a multidão já exultava.
Sobrevoando ao longo do canal, o "JAHU" fez algumas evoluções nos céus, às 15:28 h., pousou mansamente nas águas do lagamar de Enguaguassú, sendo fundeado próximo a Base de Aviação Naval (BAN). Logo após a descida, remadores dos clubes náuticos dentre outras embarcações aproximaram-se a saudar os heróis brasileiros. Seguido o desembarque nesta unidade militar, João Ribeiro de Barros e seus companheiros atendendo convite do Capitão-de-fragata aviador naval Ricardo Greenhalg Barreto (comandante da BAN), os aviadores visitam as dependências da Base Aérea. São recebidos pelas autoridades, membros de diversas associações, representantes da imprensa e pela Comissão de Festejos composta dos senhores Roberto de Molina Cintra, Manuel Ferreira de Carvalho, Urbano Caldeira, Manuel Tavares da Silva e Heitor Golzi. Encaminham-se todos para a residência do comandante da BAN, onde foi oferecida uma taça de champanha aos heróis aviadores, ocasião essa em que foram louvados pelo Dr. João Carvalhal Filho.
NEWTON BRAGA, JOÃO RIBEIRO DE BARROS E VASCO CINQUINI SÃO RECEBIDOS PELAS AUTORIDADES BRASILEIRAS [1927].

Depois dirigiram-se para a cidade santista a bordo da lancha Igara. Festejados pelas ruas, receberam várias homenagens, participação em cerimônias, recepções, eventos. Também acontecendo na cidade de São Vicente/SP. João Ribeiro de Barros rumaria brevemente para a Capital paulista, contudo as contínuas homenagens somada às condições do tempo na Serra do Mar, fizeram-no esperar até o dia 1º de Agosto, quando partiu por volta das 13:00 h., com o "JAHU", finalizando o percurso na represa de Santo Amaro (SP).
O HIDROAVIÃO "JAHU" AMERRISSA NAS ÁGUAS DO ESTUÁRIO DEFRONTE A BASE AÉREA - ITAPEMA/SP (ILHA DE SANTO AMARO), EM DIREÇÃO À CAPITAL PAULISTA [1927].

Com o estabelecimento do Serviço de Correio Aéreo Naval no litoral sul, 1934, a Base de Aviação Naval passou a funcionar como subsidiária daquele serviço postal dando início a Linha RJ-RS. A serviço da CAN, partiam também dois aviões semanais, uma para Ubatuba e São Sebastião (litoral norte de SP), e outro para Iguape e Cananéia (litoral sul de SP).
ROTA LITORÂNEA BRASILEIRA DOS SERVIÇOS DA AEROPOSTALE PASSANDO PELA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP.

[PANAIR anuncia seus serviços com rota pela Base Aérea.]


A partir da década de 30 controla o Serviço Aeroportuário e de passageiros até 1963. Primeiramente, quando no lagamar de Enguaguassú e entrada da Barra Grande de Santo Amaro amerrissavam as aeronaves da Condor e Panair, ao que se seguiram os aviões de pouso terrestre da Real, Tac e Cruzeiro do Sul. Muitas celebridades e figuras importantes utilizavam-se destas linhas aéreas. Por exemplo, voou pela Panair Primo Carnera, pugilista italiano renomado à época de 1935.
No dia 8 de Outubro de 1936, a equipe argentina do Velez Sarsfield amerrissou no hidroavião brasileiro 'Tupã', da Condor, em direção ao Rio de Janeiro para enfrentar o time do C.R. Vasco da Gama.
  HIDROAVIÃO SAVÓIA-MARCHETTI FUNDEADO JUNTO À BASE AÉREA [ITAPEMA/SP].
ANÚNCIO DA VASP COM ROTA DE VÕO VIA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP.
AVIÃO DOUGLAS DC-3 DA VASP POUSA NA BASE AÉREA (ITAPEMA/SP) EM VÔO INAUGURAL PELA ROTA SP-STOS-RJ [MARÇO DE 1949].

Seguindo as diretrizes da Diretoria de Aeronáutica do Ministério da Marinha, que criava a Reserva Naval Aérea e aprovava os cursos de Pilotos Aviadores da Reserva, foi fundado no dia 1º de Novembro de 1936, o Aeroclube, sediado na Base de Aviação Naval, tendo como os primeiros instrutores os próprios militares da Base.
INTEGRANTES DO AEROCLUBE DA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP.

Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 20 de Janeiro de 1941, a Base de Aviação Naval passou a pertencer ao novo ministério. Em Maio do mesmo ano recebeu a denominação de Base Aérea, característica que a distinguirá.
Em Julho de 1942, o Comando da 4ª Zona Aérea, ao qual pertencia a Base, divulgou nota oficial sobre o Estado de Beligerância, e, em 22 de Agosto, o governo Brasileiro declarava guerra à Alemanha e à Italia. Em consequência ao Estado de Guerra, uma severa e permanente vigilância do litoral passou a ser realizada pelos militares da Base Aérea. Em 1943, iniciaram-se os patrulhamentos aéreos em conjunto com os aviões da Base Aérea de São Paulo, desde Paranaguá até Ubatuba, e também, a defesa dos comboios de navios que entravam e saiam do Porto.
Com a suspensão do Estado de Guerra em 16 de Novembro do mesmo ano, foram voadas um total de 1.246 missões, que representaram 2.255 horas de vôo.
VISTA PANORÂMICA DAS INSTALAÇÕES DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [ANOS DE 1950].

Em Agosto de 1947, a Base Aérea passou a denominação de Destacamento de Base Aérea, cuja missão era zelar pela segurança das instalações portuárias e industriais de toda Baixada Paulista. Além dessa importante tarefa continuou com suas inúmeras atividades por intermédio de missões de busca e salvamento de embarcações perdidas ou acidentadas, de náufragos e desaparecidos no mar, transporte de pessoas enfermas ou acidentadas no litoral e atendendo a todos os chamados de socorro de emergência.
INSTALAÇÕES DA BASE AÉREA VISTA DE CIMA - ITAPEMA/SP [DÉCADA DE 1950].
VISTA DO ALTO INSTALAÇÕES DA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP [ANOS DE 1950].
ÂNGULO AÉREO CONTRÁRIO DO SÍTIO E DE OUTRAS INSTALAÇÕES DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [DÉCADA DE 1950].

No dia 12 de Dezembro de 1950, o Comandante do Destacamento de Base Aérea, Major João Tavares Leite e o co-piloto Capitão Valdemar Gonçalves transportaram o pára-quedista Fernando José Medeiros que deu salto à baixa altura na Praia do Gonzaga (Santos/SP), estabelecendo a marca de 50 metros do solo.
PRÉDIO DO COMANDO DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [1958].
VILA DOS OFICIAIS - BASE DA AERONÁUTICA EM ITAPEMA/SP [DÉCADA DE 1950].
CASSINO DA BASE AÉREA (SALÃO DE FESTAS E EVENTOS) - ITAPEMA/SP [1958].

Em 21 de Fevereiro de 1953, ocorreu a solenidade de inauguração da Capela da unidade. Cabe ressaltar que o templo já existia nos tempos da antiga Vila Bocaina, conhecida como Capela de Santa Cruz do Riacho. Certo fato sombrio (ocorrido tempos depois, nos anos 90 e revelado por um "ex-praça") marca a história deste templo. Um Tenente do Corpo Clínico, no início da década de 1990, por circunstâncias aparentemente desconhecidas suicidou-se com um tiro na cabeça, aos pés do altar da Capela.
João Café Filho, Presidente da República, em 16 de Abril de 1955, desceu no DBA, onde tomou um helicóptero que o conduziu à Refinaria de Petróleo 'Presidente Bernardes' (Cubatão), a qual inaugurou.
Devido os acontecimentos em que as Forças Armadas foram envolvidas no ano de 1955, o então Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-ar Eduardo Gomes (candidato à Presidência da República por duas vezes), deslocou-se para cá, de onde passou a transmitir suas ordens.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA BRASILEIRA CAFÉ FILHO FAZ ESCALA NA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [ABRIL DE 1955].
O PRESIDENTE DO BRASIL JUSCELINO KUBITSCHEK DURANTE ESCALA NA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP [DÉCADA DE 1950].
O COMANDO DA BASE AÉREA RECEBE AUTORIDADES MILITARES - ITAPEMA/SP. 
EXPOSIÇÃO DO JATO GLOSTER METEOR NO HANGAR DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP.

No mês de Março de 1956, mais precisamente nos dias 1º/25, 26 e 27, fortes chuvas caíram sobre o litoral, causando desmoronamentos nos morros santistas. Várias equipes do Destacamento de Base Aérea trabalharam noite e dia em socorro às vítimas.

[Pedra Fundamental da Base Aérea em Itapema/SP - 1956].

Ao comemorarem 34 anos de lançamento da Pedra Fundamental, a mesma foi transladada do seu local de origem, Sítio Conceiçãozinha, para o DBA agora localizado na Bocaina.
TRANSLADO DA PEDRA FUNDAMENTAL DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [1956].

Dentre as atribuições está o controle das operações de aeronaves civis no espaço aéreo da região, reabastecimento e apoio de rotas, ações efetuadas mediante autorização do Comando da Base Aérea.
Em 1961 recebeu em suas instalações a ilustre Aviadora Ada Rogato, que voando num pequeno Cessna, cumpria a missão de levar por todo o país a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida - Padroeira do Brasil.
BUSTO DE SANTOS DUMONT, "PAI DA AVIAÇÃO", NO PÁTIO DA BASE AÉREA REVERENCIA O INVENTOR DO AVIÃO [ITAPEMA/SP].
HOMENAGEM A SANTOS DUMONT - BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP.

Frei Betto no seu livro 'Batismo de Sangue', pag 63, Ed. Civilização Brasileira, 1ª Edição (1982) - cita que José Arantes, após o Golpe de 1964, teria sido trazido de São José dos Campos como prisioneiro para o Destacamento da Base Aérea:
"José Arantes [imagem à esquerda], ex-Presidente do Diretório da Faculdade de Filosofia da USP e Vice-Presidente da UNE, liderou as manifestações estudantis que em 1968, transformaram a Rua Maria Antônia numa praça de guerra..."
"(...)Convença-se, porém, que vocês da Juventude Comunista eram muito ousados, não? Fundar uma Célula sob as asas da Aeronáutica! Por isso, Zé, eles o expulsaram do ITA após o Golpe de 1964 e o levaram para a Base Aérea de Santos, no Guarujá, acusaram-no de ser militante do PcB e de organizar um jornal estudantil."
ACIDENTE AÉREO ENVOLVENDO JATO GLOSTER METEOR EM COLISÃO COM OS CABOS DE ALTA-TENSÃO DA "TORRE GRANDE" - ITAPEMA/SP [1965].

No dia 19 de Fevereiro de 1965, um jato da Força Aérea Brasileira, modelo 'Gloster Meteor', explodiu às 15:30 horas no estuário, voando baixo. A aeronave chocou com a rede de alta-tensão vinda da Usina de Itatinga por Itapema, onde cruza o canal do Porto. Este jato sediado na Base Aérea de Santa Cruz (Rio de Janeiro), integrava uma Esquadrilha de 4 aviões em formação, a qual minutos antes havia iniciado manobras de acrobacias à baixa altura. Ou seja, realizava um vôo rasante quando colidiu contra os cabos de alta-tensão (44 mil volts), que cruzam o canal portuário (a 80 metros) no topo da "Torre Grande", à beira da "Prainha". Neste impacto com os fios a aeronave perdeu parte da fuselagem e ficou completamente desgovernada, voou prestes a cair ainda cerca de 400 metros, desintegrou-se antes mesmo de tocar as águas do estuário, provocando a morte do seu piloto, oficial da FAB.
O Destacamento de Base Aérea (DBA), em Itapema/SP, que servia como apoio aos exercícios da Esquadrilha acorreu ao socorro mobilizando oficiais e soldados.
HELICÓPTERO SIKORSKY (SH-19) DA FAB E O CONTINGENTE DA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP AUXILIARAM NAS BUSCAS AO JATO GLOSTER METEOR [1965].
RESGATE DO JATO GLOSTER METEOR NO ESTUÁRIO DO PORTO, DEPOIS DE COLISÃO COM A REDE DE ALTA-TENSÃO DA "TORRE GRANDE" [1965].

O ano de 1967 assinalou um importante capítulo na vida do Destacamento de Base Aérea, pois no decorrer do mês de Setembro verificou-se a criação do Centro de Instrução e Emprego de Helicópteros (CIEH). No dia 20 de Outubro chegaram à nova unidade os helicópteros Sikorsky (SH-19) nº8507 e os Bells (H-13H) nº8502, 8515, 8522.
Em 03 de Novembro de 1968 recebe o primeiro Jet-Ranger, destinado à instrução de vôo.
HELICÓPTERO BELL (H-13H) UTILIZADO NAS OPERAÇÕES DA BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP.
TAXIAMENTO DE AERONAVE DA FAB NO PÁTIO DE MANOBRAS DA BASE AÉREA SOB OBSERVAÇÃO DA TORRE DE COMANDO [ITAPEMA/SP].

Por Decreto Presidencial, em 20 de Janeiro de 1970, foi criado o Núcleo do Centro de Instrução de Helicópteros, desativando o CIEH, com a incumbência de normatizar e regulamentar o Centro de Instrução de Helicópteros (ativado em 1971). Tendo por função preparar pilotos e mecânicos de formação militar, tanto na Ativa como na Reserva, e padronizar civis.

[Detalhe da arquitetura presente nos prédios da Base Aérea.]


Construídas ao decorrer dos anos, as edificações da Base Aérea com sua arquitetura colonial de maneirismo neoclássico compõem o visual marcante das instalações da Base da Aeronáutica, em Itapema, no litoral de São Paulo. Casarões transversais, em dois pavimentos, recortados de janelões com umbrais destacados. Frontão, mais pórtico de entrada dotado de sacada a segmentar o prédio, cores predominantes branco e azul. Cobertos de telhas de barro, forro em madeira. Portadas, colunatas, nichos, balaústres, completam os detalhes da arquitetura híbrida. Inúmeros jerivás nativos da Restinga sombreiam o pátio, tanto como os prédios da Base Aérea às margens da estuarina itapemense.
PRÉDIO DO COMANDO DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP.
PRÉDIO DA COMPANHIA IG - BASE DA AERONÁUTICA EM ITAPEMA/SP [ANOS 2000].
ANTIGO POSTO DE RÁDIO - BASE DA AERONÁUTICA [ITAPEMA/SP].
DEPENDÊNCIAS INTERNAS DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP.
BUSTO DE JOSÉ BONIFÁCIO, 'PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA', NO PÁTIO DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [ANOS 2000].
A ARQUITETURA MARCANTE DO PRÉDIO DO COMANDO DA BASE AÉREA À BEIRA DA ESTUARINA ITAPEMA/SP.
INÚMEROS JERIVÁS SOMBREIAM OS EDIFIÍCIOS DA BASE DA AERONÁUTICA EM ITAPEMA/SP.
AS DEPENDÊNCIAS PREVILEGIADAS DA BASE AÉREA [ITAPEMA/SP].

Novas mudanças ainda estariam por vir nos anos seguintes. Cita monografia 'Base Aérea - 75 anos', encontrada na Biblioteca Municipal 'Geraldo Ferraz', elaborada pelo orgão militar.
"(...)Dentro da dinâmica dos fatos, o Ministério da Aeronáutica, houve por bem criar uma ALA, unidade altamente móvel, flexível e auto-suficente, sendo desativado o Centro de Instrução de Helicópteros em 30 de Abril de 1973, e, criando a ALA 435. Na ALA 435, existia o 1º Esquadrão Aéreo, destinado a instrução..."
COMPLEXO DE INSTALAÇÕES DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP.

No ano de 1974, durante o trágico incêndio no Edifício Joelma, um helicóptero da ALA 435 decolou do Itapema e seguiu em direção ao sinistro na capital paulista, realizando um grande número de salvamentos.
No dia 1º de Agosto de 1979, ocorreu a solenidade militar de ativação da Base Aérea (BAST) e do 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação (1º/11º Gav.), desativando a ALA 435.
Em 12 de Dezembro de 1980, recebe os primeiros helicópteros do tipo Bell UH-1H, vindos do 4º EMRA, para instrução avançada no 1º/11º Gav.
  BASE AÉREA INSTALADA NA ESTUARINA ITAPEMA/SP - LITORAL PAULISTA [2012].
INSTALAÇÕES DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP  (ILHA DE SANTO AMARO) -  LITORAL PAULISTA [2012].
PRÉDIO DO COMANDO - BASE DA AERONÁUTICA ÀS MARGENS DE ITAPEMA/SP.

No ano de 1981 em apoio ao Instituto Butantã, vários cientistas brasileiros e estrangeiros foram transportados para a Ilha da Queimada Grande, a fim de procederem ao estudo sobre uma espécie de cobra desconhecida. Feitos os estudos, descobriu-se tratar de uma espécie ultra-venenosa que só ocorre naquela ilha.
Após 24 horas à deriva, no dia 12 de Julho de 1983, o iate 'Czarina' foi encontrado por um helicóptero do 1º/11º Gav à 25 milhas ao norte da Ilha da Moela, sendo vetorado por um barco da Capitania dos Portos, que efetuou o reboque do iate até o cais do Porto.
Em 27 de Abril de 1984, foi entregue o edifício Itapema I, residencial destinado aos Suboficiais e Sargentos da BAST e 1º/11º Gav, o único no gênero construído na cidade com 10 andares. Outras unidades habitacionais contemplam os militares pertencentes a Base Aérea.
EDIFIÍCIO ITAPEMA I - BASE AÉREA NO DISTRITO ITAPEMENSE [2011].
UNIDADE HABITACIONAL DA VILA DOS SUBOFICIAIS E SARGENTOS DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [2011].
MORADIA DA VILA DOS TAIFEIROS E CABOS - BASE AÉREA EM ITAPEMA/SP [2011].

Em 10 de Outubro do ano de 1986 recebe os primeiros helicópteros modelo Esquilo UH-50, destinados a instrução aérea do 1º/11º Gav. e Esquadrão Gavião.
Em 25 de Maio de 1988, o 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação (1º/11º Gav.) deixa à subordinação do COMAT e passa a ser subordinado ao CATRE.
INSTALAÇÕES DA BASE DA AERONÁUTICA ÀS MARGENS DA ESTUARINA ITAPEMA/SP [2011].
HANGARES DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [2010].
HANGARES E PÁTIO DE MANOBRAS - DEPENDÊNCIAS DA BASE AÉREA [ITAPEMA/SP].

Conforme um projeto de reflorestamento da Mata Atlântica, no dia 16 de Fevereiro de 1989, foram lançadas as primeiras sementes, por um helicóptero Esquilo do 1º/11º Gav. sobre a Serra do Mar.
HELICÓPTEROS MODELO ESQUILO UH-50 POUSADOS NA BASE DA AERONÁUTICA EM ITAPEMA/SP.

No dia 25 de Junho de 1996, em auxílio à Capitania dos Portos um helicóptero da Base Aérea (BAST) fez o transporte, através de carga externa, de um motor a diesel, de 400 Kg, até o farol da Moela (que se encontrava desligado), podendo causar grandes riscos às embarcações que chegavam e saíam da Barra Grande de Santo Amaro.
TREINAMENTO DE TROPA NAS DEPENDÊNCIAS DA BASE AÉREA (BAST)- ITAPEMA/SP [1997].

Desde as atividades iniciais nas águas do estuário (defronte a Base de Aviação Naval) quando amerrissavam os hidroaviões, seguidos dos aviões de pouso terrestre nas dependências da unidade aeronáutica. Cuja antiga pista de operações inicialmente posicionada transversal ao sítio media 430 metros de comprimento por 10 m. de largura. Tempos depois, esta pista seria refeita e pavimentada longitudinal ao terreno, em moldes atuais. Assim melhorando o complexo de instalações da Base Aérea (no Distrito Municipal itapemense) que tem prestado relevantes serviços aéreos. 
ANTIGA PISTA DE OPERAÇÕES DA BASE AÉREA, AINDA TRANSVERSAL AO TERRENO - ITAPEMA/SP [DÉCADA DE 1940].
IMAGEM ASSINALA AS MEDIDAS DA ANTIGA PISTA TRANSVERSAL DA BASE AÉREA - ITAPEMA/SP [ANOS DE 1940].

Uma das mais importantes obras realizadas entre o final de 1996 e meados de 1997 foi, sem dúvida, a recuperação da pista de pouso e táxi (medindo 1.391 metros de comprimento), como também a recuperação do balizamento da mesma e Heliponto principal. Especial atenção foi dada ao novo sistema de drenagem, possibilitando o escoamento das chuvas com maior rapidez.
Nos anos 2000, melhorias implementadas otimizaram seu uso, quanto deram maior segurança à pista de operações (pouso/decolagem). Pavimentada de superfície asfáltica. Cabeceira: (17/35). Comprimento: 1.600 metros (5 249 ft).
POSIÇÃO ATUAL DA PISTA DE OPERAÇÕES DA BASE AÉREA, LONGITUDINAL AO SÍTIO - ITAPEMA/SP [2012].
VIA-SATÉLITE A PLANTA DAS INSTALAÇÕES DA BASE DA AERONÁUTICA - ITAPEMA/SP [2009].
EXTENSÃO VISUAL DA PISTA DE OPERAÇÕES DA BASE AÉREA NO DISTRITO MUNICIPAL ITAPEMENSE/SP.
BASE AÉREA INSTALADA NA ESTUARINA ITAPEMA/SP [2012].

Em 2005, ainda operam na Base Aérea (BAST) as unidades da FAB - Força Aérea Brasileira, o 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação (1º/11º Gav.) e o Esquadrão Gavião, providos de helicópteros Helibras HB-350B e modelo Esquilo.
Nova mudança da nomenclatura, tanto como condição de operacionalidade, em 2006. A Base Aérea torna-se então "Núcleo" (NUBAST), tendo em vista que o 1º/11º Gav. foi transferido para a Base Aérea de Natal (RN).
HELICÓPTEROS MODELO ESQUILO MANOBRAM DEFRONTE A BASE AÉREA (NUBAST) - ITAPEMA/SP.
HELICÓPTERO TIPO ESQUILO SOBREVOA PERÍMETRO DA BASE AÉREA (NUBAST) - ITAPEMA/SP.
MOVIMENTAÇÃO DE AERONAVES NA PISTA DE OPERAÇÕES DA BASE AÉREA (NUBAST) - ITAPEMA/SP.
TREINAMENTO DE RESGATE COM HELICÓPTERO NAS ÁGUAS DO ESTUÁRIO DEFRONTE A BASE AÉREA -ITAPEMA/SP.

No ano de 2015, a unidade da Aeronáutica, em Itapema/SP, volta a condição de Base Aérea, desta feita batizada "Nero Moura" (IATA: SSZ - ICAO: SBST), transformando-se num aeródromo de desdobramento e apoiando as demais unidades aéreas da FAB, Marinha do Brasil e Exército Brasileiro, quando em deslocamento ou treinamento em sede.
AERONAVE DA FAB NO PÁTIO DE MANOBRAS DA BASE AÉREA "NERO MOURA" - ITAPEMA/SP [2015].
AERONAVE NO PÁTIO DE MANOBRAS DA BASE AÉREA "NERO MOURA" [ITAPEMA/SP].

Há muito intenta-se a implantação de um aeroporto civil comercial de carga e passageiros aproveitando as instalações da Base Aérea. Entretanto, devido a inépcia dos representantes da Sede Administrativa Balneária, bem como falta de planejamento vocacional da cidade, impedem a decolagem de importante equipamento para o transporte aéreo, qual atenderia demanda existente no litoral paulista. Não tanto pelo trâmite burocrático, mas presunçosas vaidades locais tem atrapalhado a realização do projeto à décadas. Seja com alteração dos propósitos a emperrar processos ou meras sabotagens políticas, que retardam a operação do Aeroporto Metropolitano da Baixada Paulista, em ITAPEMA/SP.
FUTURO AEROPORTO METROPOLITANO DA BAIXADA PAULISTA - ITAPEMA/SP [2012].