__________ Itapema, suas histórias... __________

quarta-feira, 10 de abril de 2013

CENSO E OCUPAÇÃO ITAPEMENSE

ITAPEMA PAULISTA/BR - CIDADE PORTUÁRIA-ESTUARINA.

Poucos são os Documentos, Registros históricos significativos que dão conta da ocupação do solo itapemense pelo contingente humano no decorrer dos séculos. Tanto mais fornecer um cenário a revelar o cotidinao das pessoas e do lugar naqueles idos, definindo o Sítio histórico do Itapema, na Ilha de Santo Amaro. Sua contribuição à economia da região. A permanente condição à margem das Administrações da Capitania de S. Vicente ou da Vila de Santos, apenas o interesse como mera zona de lavoura.
Conforme bem esclarece os historiadores do site 'Novo Milênio', ao longo dos tempos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida. Perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas segundo as mudanças econômicas, políticas, culturais e sociais. Embora Itapema estivesse esquecida, ainda assim passou por um gradativo processo de povoamento desde o período colonial.
Por volta de 1533, Jorge Ferreira (genro de João Ramalho) estabeleceu sesmaria em terras itapemenses com plantações, moenda e criações de animais. Consta Jorge Ferreira [imagem ao lado] ter recebido Carta de Sesmaria a seu favor pelo Capitão-mor de Santo Amaro, Antonio Rodrigues de Almeida, datada em Santos, do dia 10 de Maio de 1566. Através de Escritura, o Capitão Manoel Antunes vendeu em 1617 as terras que lhe pertenciam na Ilha, a Francisco Nunes Cubas (Comandante do Fortim de Santa Cruz do Itapema), sobrinho de Brás Cubas e filho de Gonçalo Nunes Cubas.
Nesta época Itapema, seja pela proximidade com o Porto, insere-se na atividade econômica do Litoral quinhentista integrado a Capitania de Santo Amaro, contribuindo para a produção agrícola (cana-de-açúcar), funcionamento de Engenhos, manejo de animais, plantio de subsistência (arroz, mandioca, banana etc). Considerado um modesto arrabalde povoado composto por residentes do Forte e Guarnição, trabalhadores das fazendas existentes, alguns sitiantes e pescadores, presumidamente morando em casas de "taipa de barro".
REGIÃO NOROESTE DE ITAPEMA/SP, ONDE FORAM INICIADAS AS PRIMEIRAS PLANTAÇÕES E HABITAÇÕES POR VOLTA DE 1533.

Mapas do período apontam a implantação de Engenhos como o do Governador ou do Trato, fundado por inciativa de Martim Afonso, junto do Rio Crumaú (1534). Engenho de Nossa Senhora da Apresentação (pertencente a Manoel de Oliveira Gago (1560), ficava ao fim do Rio Crumaú com saída para o Rio Bertioga). Engenho Nossa Senhora da Aparecida, fundado por Gonçalo Afonso (1560) nas imediações do Rio Crumaú. Outra Carta Cartográfica do Século XVII assinala fazendas, o Engenho dos Bairros e habitações.




Relatório - 'O Descriçao de Todo Marítimo da Terra de S. Crus Chamado Vulgarmente Brazil', relata ser a Capitania de Santo Amaro de terras férteis, "e tem esta ilha boas fazendas e Engenhos de açúcar." - Parte considerável em território da "Vargem Grande".
Alexandre Luís de Souza Menezes menciona uma Fazenda Conceição (1756), gleba pertencente aos Jesuítas, estuário acima, pros lados do Itapema. Na metade do Século XVIII também foi possuidor de terras o Capitão José Bonifácio de Andrada, "cujas terras estavam situadas no Sítio do Porto de Santo Amaro (extensão de terra conhecida como "Casa Grande") englobando Morrinhos, Saco do Funil e adjacências, nas fraldas do Morro dos Macacos entre os Sitios Cachoeira e o Glória."
Em 1765, descreve o Censo, a paisagem era de alguns sítios com seus canaviais e suas moendas, com seus charcos cobertos de arrozais, plantações de café e atividade pesqueira, que davam para o consumo da região. O Censo da Capitania de S.Paulo naquele ano de 1772, identifica ainda prosperarem na Ilha de Santo Amaro, Engenhos de Açúcar em que começavam a trabalhar pretos africanos chegados para substituir os índios, raros já, os quais não podiam ser escravos.
Portanto, Itapema estava consignado como Distrito, domicílio da municipalidade santista, para fins dos recenseamentos efetuados.
Aviso Régio de 21 de Outubro de 1817, republicado 60 anos depois na Revista Nacional de Sciências, Artes e Letras (1877) assim descreve denominações, extensões, senhorios, títulos de terras da região da Ilha de Santo Amaro:
Morrinho - Cinquenta braças de testada e trezentos de fundo, até o cume mais alto, parte de um lado com terras do Estaleiro, e de outro com terras de Manoel Rodrigues; pertencente ao Capitão-mor João Baptista da Silva Ramos, por título de compra; estão arrendadas para a Feitoria da Casca de Mangue para curtume, e são cultivadas por dois escravos.
Crumahú - Mil braças de testada e quatrocentos e cinquenta de fundo até o pico do morro, parte de um lado con terras do Emboaba, e de outro com terras do Capitão Manoel Alvarenga Braga, é patrimônio da Capela de Nossa Senhora da Apresentação, ereta no mesmo sítio do qual é administrador o Tenente-Coronel José Vicente de Oliveira, parente dos intituídores, cultivada por Pedro Francisco da Costa, com seis escravos, por concessão do administrador.
S. João do Crumahú - quinhentas braças de testada, e trezentos de fundo até o pico do morro, parte de um lado com terras de Nossa Senhora da Apresentação, e de outro com terras de João Antonio de Souza, pertencente ao Capitão Manoel de Alvarenga Braga, por título de compra, e cultiva com dezoito escravos.
Caxueira de Santo Amaro - Quatrocentas braças de testada e trezentos de fundo, parte de um lado com terras de José da Silva Santos e de outro com terras de D. Maria Barboza da Silva, pertencente a D. Maria Rosa de Oliveira, por título de herança, e cultiva com onze escravos.
Porto de Santo Amaro - Trezentas braças de testada, e duzentas de fundo, parte de um lado com terras de D. Maria Rosa de Oliveira, e de outro com terras da Glória; pertencente a D. Maria Barboza da Silva por título de compra, e cultiva com dez escravos.
Porto de Guaibê - Quarenta braças de testada, e trezentas de fundo, até o pico do morro, parte e um lado com terras da Olaria, e de outro com terras de Theodoro de Menezes Forjaz, pertencente a D. Rosa Maria Leite, por título de compra, e cultiva com nove escravos.
Conceição - Duas mil e duzentas braças de testada e duas mil de fundo, parte de um lado com o Rio chamado Santo Amaro e terras de D. Maria Rosa de Oliveira, e de outro com terras do Itapema; pertencente ao Dr. médico Joaquim José Freire, por título de arrematação dos bens dos extintos jesuítas, cultiva com cinco escravos e cinco moradores com suas famílias que trabalham gratuitamente.
Itapema - Oitocentas braças de testada, e mil de fundo, parte de um lado com terras da Conceição e de outro com o Rio Acarahy e terra do Convento do Carmo; pertencente uma parte a Alexandre Dias, por título de herança, cultiva com oito escravos.
Acarahy - Três mil braças de testada, e outro tanto de fundo, parte de um lado com o Rio Acarahy, e D. Maria Rosa de Oliveira, e conm terras de Itapema, e de outro com terras do Sítio Maratão-há, pertencente ao Convento do Carmo por título de doação e cultiva com cinco escravos.
Maratão-há - Trezentas braças de testada e quinhentas de fundo, parte de um lado com o Rio chamado Maratão-há, e de outro com outro Rio que vai para o Sítio do Sacco, os fundos parte com terras do Convento do Carmo, e do dito saco; pertencente ao Capitão Manoel Alvarenga Braga por título de compra e cultiva com cinco escravos.
Emboaba - Duzentas braças de testada e outras tantas de fundo, parte de um lado com terras da Capela do Crumaú; o dono destas terras passou-se a muitos anos para as Minas, e nunca mais se soube dele; sem cultura.
Varjão, ou Sambaqui - Mil braças de testada, e trezentos de fundo, parte dos fundos com terras do Padre Antonio José Pinto, chamado Emboaba, e de outro com o Rio Chamado Agoa Branca; pertencente aos herdeiros do falecido Sargento-mor Manoel Angelo de Aguiar; sem cultura.
Como vimos, sítios, fazendas ou localidades eram em 12.
Não conseguimos distinguir o número de habitantes livres, porém o de Escravos soma 79.
A GENTE DE ITAPEMA/SP - REGIÃO CENTRAL.

Itapema será dado estatísticamente como habitado pelo Censo de 1822, primeiro ano do Império Brasileiro de D. Pedro I. Conforme recenseamento em Lista Geral dos habitantes existentes, suas ocupações, condição, empregos, abrangendo Itapema até as cercanias da Praia de Guarujá:
1) Alexandre José Dias, branco, casado, 42 anos - Embarcadiço.
Ignacia (sua mulher), branca, casada, 40 anos.
Agregados:
José Dias (pai do dito), branco, viúvo, 62 anos.
Maria, branca, solteira, 10 anos.
Tem 4 escravos.
2) Balduino de Oliveira, branco, viúvo, 76 anos - Vive de lavoura.
Tem 2 escravos.
Agregados:
Rosa (mulher do dito), parda, casada, 30 anos.
Polyxena, parda, solteira, 20 anos.
Francisco, pardo, solteiro, 4 anos.




3) Remigio Mendes, branco, casado, 76 anos - Pescador.
Maria (sua mulher), branca, casada, 63 anos.
4) Joaquim Mexêdo, negro, casado, 52 anos - Vive de lavoura.
Rita (sua mulher), parda, casada, 32 anos.
Tem 1 escravo agregado.
5) Maria Francisca, parda, solteira, 42 anos - Rendeira.
Rita Maria (sua irmã), parda, solteira, 45 anos.
Ignacio (irmão), pardo, solteiro, 20 anos.
Maria (filha deste), parda, solteira, 1 ano.
Agregados:
Seraphim, negro, solteiro, 48 anos.
Ivo, pardo, solteiro, 30 anos.
6) Raphael da Motta, pardo, casado, 80 anos - Pescador.
Anastácia (sua mulher), parda, casada, 58 anos.
7) Gaspar Martins, negro, casado, 45 anos - Vive de lavoura.
Catharina (sua mulher), negra, casada, 32 anos.
Agregada:
Maria Francisca, branca, solteira, 38 anos.
8) Francisco Gabriel Pereira, branco, casado, 52 anos - Pescador.
Gertudres (sua mulher), parda, casada, 30 anos.
Filha: Felibina, parda, solteira, 8 anos.
9) José Ignacio, negro, casado, 50 anos - Vive da lavoura.
Monica (sua mulher), parda, casada, 30 anos.
Filhos:
Generosa, parda, solteira, 8 anos.
Antonio, pardo, solteiro, 7 anos.
Adilindes, pardo, solteiro, 5 anos.
José, pardo, solteiro, 3 anos.
Agregado:
Cláudio de Oliveira, pardo, solteiro, 50 anos.
Tem 2 escravos.
Deduz-se serem 9, as moradias ou sítios. Viviam por aqui 16 Homens e 16 Mulheres, além de 9 Escravos anotados. Num total de 41 Habitantes.
PESCADORES DA REGIÃO LANÇAM AS REDES NO LARGO DE CANEÚ.

No ano de 1854, relevante era o comércio de açúcar na região, produzindo-o ainda alguns Engenhos da Ilha de Santo Amaro, entretanto a lavoura de cereais havia desaparecido, utilizada apenas como subsistência. Haveria ainda uma Feitoria de Curtume. Nesses idos (1866) possuía terras em Itapema, a Ordem Terceira do Carmo.
A ANTIGA VILA DA BOCAINA EM ITAPEMA/SP.

No extremo noroeste da Ilha, pelo avançar dos tempos, residiam os moradores [imagem ao lado] da Vila da Bocaina, núcleo originador do Distrito, foi um antigo reduto de Caiçaras, que viviam do plantio de roças, pesca, de onde tiravam o sustento. Alguns remanescentes das primeiras ocupações, desde o século XVI, os quais ergueram ali em tempos remotos a Capela de Santa Cruz do Riacho, provavelmente em referência a antiga denominação do Forte de Itapema. Ajuntaram-se tempos depois imigrantes portugueses, italianos e japoneses, como trabalhadores de carpintaria naval, do cais, marítimos e agricultores dos bananais vizinhos. São provenientes daí os primeiros chalés tradicionais itapemenses (de estilo inglês).
  CONCEIÇÃOZINHA (ITAPEMA/SP), NA MARGEM ESQUERDA DO ESTUÁRIO.




[Antigos moradores do bairro]


Outros pescadores (portugueses com índios, mestiços de escravos) instalaram-se especialmente em Conceiçãozinha (antiga fazenda jesuítica) à sudoeste de Itapema formando outra remota povoação itapemense, vivendo da atividade marítima, da coleta de víveres do mangue, da mata ao redor e do roçado. Além dos migrantes nordestinos chegados mais tarde, empregados como pedreiros, empregadas domésticas, motoristas, faxineiros, cozinheiras etc.
O FORTE DE ITAPEMA/SP E A ESTAÇÃO DAS BARCAS MAIS ADIANTE.

É ao tornar-se, em 1893, rota de acesso à Vila Balneária, caminho obrigatório da elite paulistana (E.F. Itapema, SP-2066) para o Hotel La Plage e às praias, que ganha importância enquanto núcleo populacional. Nas proximidades do Largo da Estação das Barcas e Rua Itapema surgiram algumas moradias que se constituíram em habitações de empregados do Sistema de Tansporte Marítimo e Ferroviário. Concomitantemente nos antigos loteamentos da Vila Pai Cará e Jardim Santense (promovidos pela família Backheuser e City of Santos Inprovements Co., no início do século XX. O empreendimento balneário demandou mão-de-obra e muita gente veio do interior do Estado, dando marcha assim ao processo migratório da Ilha de Santo Amaro.
Todavia, permanece a condição de apêndice, relegada das decisões, das melhorias ocorridas na Sede balneária e continue agregando novos habitantes.



[Brasão de Itapema Paulista]
Apontamentos indicam que em 1910, a Bocaina contava com 400 moradias. Já no ano de 1913 a migração nordestina de sergipanos na região era bastante representativa. Também observava-se tímidas invasões decorrentes dos primeiros deslizamentos registrados dos morros santistas.
Em 1913, a Prefeitura de Santos mandou realizar o Censo da cidade, em que Itapema foi definido como Distrito Rural:
Zona Rural (3º Distrito) - Itapema e Icanhema. Principia do Itapema, em terras de Wilson, Sons & Co., direito à linha que segue para o Guarujá, pelo lado sul até a entrada do Guarujá todos os morros com frente para Santos. Cabeceira do Rio Santo Amaro, Rio do Meio, Rio do Outeiro, Rio dos Soldados, Sitio Mato Grosso, Fazenda do Outeiro e morros anexos. Praia do Góis, Praia do Tombo e diversas até a Praia do Outeiro e Praia do Guarujá, e todas as praias que contornam o canal do estuário, Conceiçãozinha, Pary, Paicará, Fortaleza da Barra Grande, Farol da Moela. No itapema o limite final é a Avenida São Pedro.
4º Distrito - Bocaina até a Cachoeira. Divisões: Sítio Pinhão, Rios dos Potes, que vai para o Perequê Guassu, 1º ponto de partida - Riacho, terrenos do Convento do Carmo e Sitio Caraú, Rio Marathaam, Rio Marathaanzinho, Rio Crumaú, Rio do Saco, Rio Embuava e Rio dos Potes ao Perequê Guassu, que termina pelo Morro de Perequê, Morro Alto, Santo Amaro, terminando na linha do Guarujá.
Vejamos alguns números do Quadro Geral da população itapemense em 1913:

Bocaina - 1.625 moradores.
Homens: 915 - Mulheres: 710.
Itapema - 346 moradores.
Homens: 180 - Mulheres: 166.
Conceiçãozinha - 94 moradores.
Homens: 54 - Mulheres: 40.
Paicará (Sítio do) - 20 moradores.
Homens: 14 - Mulheres: 06.
Santo Amaro (Rio) - 10 moradores.
Homens: 05 - Mulheres: 05.
Morrinho da Vargem Grande - 12 moradores.
Homens: 09 - Mulheres: 03.
Morrinho (Rio do) - 09 moradores.
Homens: 05 - Mulheres: 04.
Cachoeira - 122 moradores.
Homens: 74 - Mulheres: 48.
Crumaú (Rio) - 25 moradores.
Homens: 12 - Mulheres: 13.
Comprido (Rio) - 14 moradores.
Homens: 14 - Mulheres: 00.
Emboaba - 15 moradores.
Homens: 08 - Mulheres: 07.
Caraú - 38 moradores.
Homens: 22 - Mulheres: 16.
Sítio Grande do Rio Sacco - 35 moradores.
Homens: 22 - Mulheres: 13.
Compreendendo a área topográfica atual de Itapema/SP teríamos:
Homens: 1.334 - Mulheres: 1.031.
Num total de 2.365 Habitantes.


[Uma das equipes sanitárias de Itapema/SP]


Fora defindido por tutela administrativa Distrito Sanitário ligado à vizinha Santos, de modo a receber as ações de combate as epidemias (quase sempre Malária entre outros tipos de doenças) que assolavam a região da Baixada Paulista. Cada Distrito tinha um Inspetor Sanitário. A propósito, o Dr. Gulherme Álvaro foi inspetor da Ilha de Santo Amaro e residia na Vila Balneária (1904). Números (levantados em 1917) da Brigada Contra Mosquitos e Moscas organizada pelas autoridades de Higiene e Saúde da municipalidade, durante o serviço de limpeza de valas e capinação dos núcleos povoados da Bocaina e do Itapema, denotam o crescimento da população e tomada do sítio itapemense. Foram visitados 1.599 quintais e terrenos, entregues 256 intimações para asseio, vacinadas 395 e revacinadas 98 pessoas, contra Varíola.
Séculos depois a vocação agrícola, extrativista, persiste com a transição da lavoura canavieira para o plantio de bananas, como negócios das Famílias Backheuser e Áurea Conde, que perdurará até os anos de 1960. É instalado um Píer bananeiro para escoamento da safra, próximo ao Forte de Itapema. Ainda subsistem pequenos agricultores comerciando o excedente da colheita.





Com o advento da Base Aérea em 1925, muitos residentes desapropriados da Bocaina, após anos de resistência, passaram a morar ao longo da linha férrea (atual Thiago Ferreira), ocupando a parte mais central de Itapema.
Tempos depois (década de 40) surgiu o loteamento do Sítio do Pai Elesbão, convertido em Parque Estuário. Até o final dos anos 40, a população itapemense era formada por funcionários públicos, alguns comerciantes (atividade desenvolvida em grande parte por portugueses e espanhóis), trabalhadores navais e do Porto (estiva, navegação), ambulantes, agricultores dos bananais, pescadores, profissionais autônomos e prestadores de serviços.
EM PRIMEIRO PLANO O PARQUE ESTUÁRIO E A CRESCENTE OCUPAÇÃO ITAPEMENSE.

Intensifica-se a migração nordestina, datada de 1940. Em geral os homens chegam como mão-de-obra para a construção de prédios na orla da praia, as mulheres para o serviço doméstico.
A partir de então, o notável crescimento de Itapema deveu-se ao preço acessível dos terrenos, às crescentes invasões, sua localização defronte a zona portuária e serviços regulares de comunicação com o entorno. Possibilitando a massa trabalhadora permanecer e empregar-se na atividade industrial, de estiva e turística.
MAPA DA EVOLUÇÃO URBANA DO DISTRITO (ITAPEMA/SP).

A expansão balneária do litoral paulista, bem como a implantação industrial na região criaram novas condições de emprego. Por outro lado, o aumento da população regional e a supervalorização das grandes áreas limitaram as opções de moradia deste contingente em busca de melhores oportunidades. A ausência de fiscalização em terrenos abandonados, antigos bananais e áreas de mangue, Itapema apresentou-se como opção para esta transferência residencial.
FOTO AÉREA DO SÍTIO ITAPEMENSE (1950).

Em 30 de Dezembro de 1953, Itapema é alçado a condição distrital dentro da Ilha de Santo Amaro (Lei Estadual Nº 2.456) e rebatizado com o nome do "Poeta do Mar", Vicente de Carvalho. O aparecimento do "Distrito de Paz" foi basicamente determinado pelo contexto político-econômico, pois ganhava feições de conglomerado urbano. Ao deixar a condição rural, melhores impostos poderiam ser auferidos pela Sede balneária.






O fenômeno da ocupação desordenada ampliou-se no ano de 1956 por ocasião de mais um desabamento de morros santistas. As famílias atingidas transferem-se maciçamente para o Pae-Cará, agravando as condições sociais. Segue-se ao Decreto Estadual expropriatório para regularização desta área (de 29 de Julho de 1956) sucessivo fluxo migratório inesperado (acentuadamente de nordestinos) para trabalhar no Porto e na Construção Civil.
AV. SANTOS DUMONT - UMA DAS VIAS QUE CRUZA BAIRROS DE ITAPEMA.

O início de urbanização do Pae-Cará não solucionou as complexas dificuldades existentes, apenas configurou a ocupação definitiva e até por assim dizer, aflorou os problemas sociais de Vicente de Carvalho (Itapema/SP), seu espaço urbano ganhou traços de verdadeira cidade.
Expandiu-se além, por loteamentos razoavelmente planejados como Monteiro da Cruz ao final dos anos 50 e diversas urbanizações que surgiram enquanto bairros, por volta de 1960 em diante, vindo a compôr na atualidade as glebas itapemenses: Jardim Cunhambebe, Jardim Enguaguassú, Jardim Maravilha, Esplanada do Castelo, Vila Áurea, Boa Esperança, Jardim Santana, Jardim Alvorada, Jardim Conceiçãozinha e Morrinhos. Tornou-se assim, uma grande área de concentração populacional da Ilha de Santo Amaro.



[A gente de Itapema na década de 1950]
Considerando os Censos de 1950 e 1960, enquanto a população do Distrito sofreu aumento de 97% (passando de 6.431 para 12.709 habitantes), o aumento de domicílios foi da ordem de 147,7% (passando de 2.051 para 5.082) - Dados do IBGE, recolhidos por Diva B. Medeiros no livro, 'A Baixada Santista, aspectos geográficos', USP.
No ano de 1964, quando tem demarcada a linha fronteiriça entre o Distrito e a Sede balneária, tendo como referência o Rio Santo Amaro (Lei Estadual Nº 8.092, de 28/02/1964), Itapema confirma expressivo aumento da densidade demográfica. São 30.000 habitantes. Um modesto centro urbano, a despeito de ser um aglomerado humano com incipiente urbanização.
LINHA DIVISÓRIA DO DISTRITO DE VICENTE DE CARVALHO (ITAPEMA/SP).

Estima-se nos anos 80, a população de Itapema/SP em 72 mil residentes, equivalente a 2/3 dos moradores da Sede balneária.
No início do século XXI (2004), o Distrito conta com 130 mil moradores, quase metade da população da Sede à época.
Números do IBGE em 2010 indicam uma população distrital de 166 mil habitantes, destacando mais ainda o crescimento demográfico de Itapema/SP. Seu comércio no transcorrer das décadas aumentou, se expandiu, um dos mais prósperos da Baixada Paulista e as atividades, funções, serviços quantificaram exponencialmente.