__________ Itapema, suas histórias... __________

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

CALDEIRA, pro Samba ferver

IRANILDO BENEVIDES CALDEIRA, OU APENAS CALDEIRA (CIDADÃO SAMBA).

Iranildo Benevides Caldeira (Cidadão Samba 2012), ou apenas CALDEIRA. Como definitivamente adotou pelo fato de querer homenagear o pai Inaldo Benevides, utilizando o sobrenome.
Nascido no dia 02 de Junho de 1962, a origem da família é similar a tantas outras migrantes que para aqui vieram construir a história do Distrito. Humildes, Prole numerosa 5 meninos e 1 menina (dentre eles, Caldeira). Chegaram de Olinda (PE) num itinerário de pau-de-arara até o ITAPEMA/SP em 1964, Ele estava tão somente com 2 anos de idade. No começo residiram na Rua Quarta Nº 521 (antiga região da Vila Pai-Cará), de onde Caldeira guarda muitas saudades, recordações da casa, de quando a maré enchia e vinha marulhar perto.
    CALDEIRA MENINO E A IRMÃ.

"(...)Depois meu pai veio pra Francisco Alves. Se ele soubesse que iria ter uma Escola de Samba ali, jamais compraria uma casa... (...)Porque meu pai era contra todo tipo de envolvimento dos filhos com a rua, ele queria blindar os filhos e a gente tinha aquela sede de conhecer tudo. Principalmente eu, o filho mais novo (dos homens). Porém, eu não revelava isto. Fazia escondido. Ninguém sabia que eu saía pra rua conhecia as pessoas... Voltava pra casa nem percebiam." - Conta o sambista Caldeira ao Blog 'ALMAnark ITAPEMA', num bate-papo na Praça 14-Bis, palco de ensaios do G.R.C.E.S. 'MOCIDADE AMAZONENSE'(SP).
  RUA FRANCISCO (ITAPEMA) ALVES, NO DISTRITO. AQUI MORA O SAMBA NA ILHA.

"A minha infância toda foi em maré, Morro do Itapema (atrás de coquinhos Ticum, passarinhos). A gente gostava muito de curtir... Ali onde hoje é a Amazonense e a CPFL também era nossa área de lazer. Era terreno da CODESP, havia muitas árvores (pé-de-cuca, goiaba, eucaliptos) e a gente ficava brincando ali. Daí nós fizemos um campinho de futebol..." - Local das "peladas" do Caldeira. Onde surgiu o Grêmio Maniche, 1º time de futebol da Rua Francisco (Itapema) Alves. Depois se tornou Aliança, mudou para Francisco Alves e agora Chico Viola.
O sambista tinha 8 anos quando ouve o chamado do Samba. Conduzido pela mão da mãe Maria do Carmo Caldeira aos ensaios da 'MOCIDADE AMAZONENSE', naquele tempo da "Pracinha", em derredor do antigo coreto, deu seus primeiros passos. 
"(...)Foi nesse enredo... Quando cheguei na Amazonense eu aprendi muito... (...)É, cheguei como criança, pegando os instrumentos da Bateira. Logo me envolvi com o Samba, aprendi a sambar com Mestre Bará... Ele ensinava as crianças mesmo! Na época tinha o Nego Zao, também era um cara que a gente ficava olhando como é que ele fazia... Esse Samba de raiz, do tempo de escravo, o Nego Zao dançava."
CALDEIRA E A MÃE MARIA DO CARMO.

Com a separação dos pais apesar de traumática o liberou para a vida.
"(...)Desfilava com minha mãe... Mas, pouco convivi com meu pai... (...)Foi onde eu me soltei também, né! Porque se meu pai tivesse aí, ele teria segurado a gente... (...)Aí comecei a trabalhar logo cedo..."
Ainda na juventude coordenou a ala carnavalesca da Rua Francisco Alves, junto com o Mesquita (agora evangélico). Desfilou pelo bloco caricato 'BAFO DA JAGUATIRICA', liderado por Paulinho Madrugada, 1º Compositor da 'MOCIDADE AMAZONENSE'. Detalhe, neste bloco todos os homens saíam vestidos de mulher.







"Aí em 1980, eu entrei na Ala de Compositores. Cheguei muito cedo ainda. Já tinha caderno com mais ou menos umas 30 músicas... (...)A música ela já estava dentro de mim, eu só canalizei pro samba. Porque como eu vivia, respirava samba não tinha porquê fazer outra música a não ser o samba..." - Aliás, a 1ª música feita, aos 14 anos, por Caldeira não seria um samba propriamente, porém um hino popular (com jeito de canção) em homenagem ao "Rei Pelé", na metade da década da Copa de 70.
"(...)Inclusive citava as 3 copas do mundo..." - Ele rememora a letra distante: "1958... 1962... 1970! É o criôlo da bola. O criôlo que é Tri-Campeão..." - Arrisca um improviso melódico. Mas adolescente, sucumbia a timidez, guardava suas músicas para si. E de repente...
"(...)Fui lá e pedi, falei que ia ser compositor. Que eu queria mostrar o trabalho. Queria compôr o enredo da Amazonense... Na época a rapaziada não levou muito a sério. Lembro que o Jodenir era o Presidente, ele armou com o pessoal que eu tava "aplicando". Eles começaram a brincar comigo, e fiquei chateado saí da reunião lá deles, fui embora com raiva... Depois saiu a lista de compositores no jornal, tava meu nome. Peguei o enredo para 82 e fiz o primeiro samba, que foi justamente: 'No Feitiço da Ilha' (autoria exclusiva)."
ALA DE COMPOSITORES DA 'MOCIDADE AMAZONENSE', DÉCADA DE 1980.

Caldeira traça seu perfil enquanto compositor da 'MOCIDADE AMAZONENSE', a maneira peculiar de escrever samba-enredo, o quanto suas composições suscitaram interesses.
"Eu ganhei dois carnavais na Amazonense... Porque cheguei lá com uma filosofia diferente, uma proposta nova... Primeiro eu ganhei 'Dona Beja, A Doce Tirana de Minas', em parceria com o Teixeira. Em 84 fiz o samba da 'Dona Beja', que dizia:
É Carnaval!...
Samba, suor e cerveja.
Lá vem a Mocidade
Pra falar de Dona Beja." - Manda ele no gogó, sem nem caixa de fósforo.
CALDEIRA NA PRAÇA 14-BIS (ITAPEMA), PALCO DE ENSAIOS DA 'MOCIDADE AMAZONENSE'.

"(...)Com esse samba aí eu quebrei a sequência de temas batidos. Porque era uma história não muito conhecida na região..." - Este samba provocou uma participação curiosa dos foliões durante os ensaios.
"(...)Como eu coloquei essa palavra "cerveja", o pessoal pegava as garrafas no alto, agitando, feito adereço... Virou uma febre, o pessoal com a cerveja na mão balançando... Aí inflamou o samba na quadra, e eu ganhei o samba pela 1ª vez na Amazonense..." - E revela mais curiosidades envolvendo esta composição. Nessa ocasião, visitavam a 'MOCIDADE AMAZONENSE' integrantes da Diretoria do G.R.E.S. 'IMPÉRIO SERRANO' (RJ), nossa Madrinha no Samba, que ficaram entusiasmados com a expressão "Samba, Suor e Cerveja" e perguntaram ao compositor de onde havia tirado o refrão, Caldeira disse ter criado da imaginação. Tal interesse levou à inspiração para o nome do enredo, de 1985, da 'IMPÉRIO', 'Samba, Suor e Cerveja'.
"(...)Então, aquele enredo nasceu aqui... Que até a letra diz assim:
Haja frio ôô
Ou calor, ôô...
Cervejando
Lá se vai o desamor. - (...)Foi o samba."
Será a partir daí que se tornaria um personagem controverso, pelos eventos importantes protagonizados por Caldeira.
"Ganhei também em 85, com parceria do Benê da Rosalina. Esse foi o samba que a minha proposta era diferente, que eu cheguei com uma poesia mais pura... Que era 'Sonhei que Voava e Um Dia Voei'. Coloquei uma linguagem mais poética... (...)O samba é...
Um dia sonhei
Que o universo
O infinito alcançaria
Nas asas da imaginação
Pra viver nesse mundo de alegria.

Quem sou eu, meu amor?
Que não posso envelhecer,
Nasci junto com o mundo
Eu sou rei, sou vagabundo
Com vontade de vencer.

(...)Sou a ilusão contida
Dentro dos humildes corações,
Sou talvez a própria vida
Dos fortes que lideram multidões.

Eu sou o sol, a tempestade,
Sou de fato a pura liberdade..." - Ele dá uma rápida "pala" do samba.
"(...)Então, eu dei essa volta todinha ( criou metáforas) pra falar de Liberdade... E o pessoal não tava acostumado com essa linguagem. Ih, deu uma polêmica! Tinha gente que achava o samba muito bonito. Outros achavam o samba bonito, mas que não ia pegar na avenida, que não tinha nada haver com Escola de Samba." - Ficou em 4º lugar no carnaval santista.
Seu processo de criação se dá no experimento da vivência, daquilo que vai absorvendo deste contato com o universo do Samba.
"Quando eu cheguei na Mocidade Amazonense, ainda criança, comecei ouvir samba-enredo, por exemplo, samba-enredo de raiz mesmo:
Incredo em cruz ê, ê
Virgem Maria!
As Pretas-velhas se benzem
Me arrepia...
Ô, ô, Xangô!
As Pretas-velhas não mentem,
Não Senhor. - Caldeira não desafina e nos apresenta a beleza deste samba.
"(...)Esse samba-enredo eu ouvia quando criança... (...)Sei cantar ele todo. Mas não lembro de que Escola era... (...)Aí eu fui aprendendo a fazer samba-enredo... Eu já tinha uma veia poética. Foi só pôr em prática." - Coisa bem típica da feitura e realização da Cultura Popular.
ANTES CALDEIRA ASSINAVA SUAS LETRAS COM O PSEUDÔNIMO, MONGOL.

"Justamente, nisso que eu estava ouvindo esses sambas, cantando os sambas dentro da quadra, eu tava pegando esse jeito inconscientemente... Quando fui colocar em prática pra fazer um samba-enredo, eu sabia que ele tinha que ter começo, o meio e um fim. Sabia que tinha que começar contando a história, tinha que ter um refrão principal e um de meio... Hoje mudou muitos estes aspectos, mas antigamente era o básico. Por exemplo:
Ô, Babá! Obaô, Babá!
É a Mãe-do-Ouro
Que vem nos salvar. - (...)Da Mangueira (RJ). Veja bem, um refrão pra puxar o povão."
Todos estes elementos destilam no espírito do compositor fecundando-lhe a criação.
CALDEIRA ABRAÇA AS GERAÇÕES DE COMPOSITORES.

 "(...)Nessa época também... Têm sambas de São Paulo que marcaram bastante. Porque a gente fala muito do Rio de Janeiro, somos influenciados demais aqui no samba da Ilha pelas Escolas de lá. Mas São Paulo tá logo ali... Eu lembro que fazia sucesso um samba assim:
Achei uma bola de ferro
Presa nela uma corrente
Tinha um osso de canela
Deu tristeza em minha mente,
Esse osso de canela
Veio de outro continente.

De jeito nenhum, não é preconceito
Negro, branco tem direito
A nossa Escola não faz distinção de cor
Pra falar sobre este tema
Foi que surgiu o problema
E o dilema se adesenhou... - (...)Esse samba já retrata o preconceito e falava do negro na sociedade brasileira."
 CALDEIRA NA AVENIDA DO SAMBA (ITAPEMA/SP) E A CORTE CARNAVALESCA 2012.

Nessas circunstâncias ele percebeu representar a classe negra. Descobriu sua negritude a despeito da família. Isso influenciou o trabalho quando a 'MOCIDADE AMAZONENSE' decidiu como tema de Enredo a África, no ano de 1993. Entretanto, seu samba com os parceiros tradicionais (Naldo do Beco, Rudney e Demontie) não seria escolhido para ir à Avenida.
"Nós fizemos esse samba em que houve a discórdia. Que eu saí, deixei de "puxar" samba pela Mocidade... (...)Nós ficamos bronqueados, porque nesse samba nós fomos enaltecidos na Baixada toda. A rádio veio pra cá dizendo que o samba seria histórico, e a Amazonense não colocou na Avenida... Daí teve a nossa discussão lá, e eu acabei me aborrecendo... E eu saí." - Por um bom tempo não cantaria mais pela Escola do coração.










Caldeira teve como parceiros figuras históricas da 'MOCIDADE AMAZONENSE'. Dentre tantos compositores (alguns já mencionados), foi parceiro de Djaca. Seus parceiros tradicionais também eram Rudney e Demontie, com quem venceu vários sambas. O maior parceiro seria Naldo do Beco, ganharam muitos sambas juntos, bem como estilo mais parecido. Ao lado desses três últimos citados ganhou Samba-Enredo no G.R.E.S.'SIMPATIA DA VILA ÁUREA' (SP) e 3 sambas pelo G.R.C.E.S. 'GUARUJÁ' (SP). Antes Caldeira assinava suas letras com o pseudônimo, Mongol.
CALDEIRA TEVE COMO PARCEIROS FIGURAS HISTÓRICAS DA AMAZONENSE.

"Eu tenho samba em parceria com o Natal pela 'Nações Unidas', lá de Cubatão (afilhada da 'Amazonense')... O samba vinha falando 'Brazil Com "Z" Que o Mundo Vê'. A gente vinha criticando. Dois caras que gostavam de criticar, eu e ele...
Brasil com "Z", Brasil com "Z"!...
E as Nações Unidas mostra para o mundo ver.
Vamos cantar para esquecer
Que somos ricos, com pobreza no viver.

Sumiu da nossa mesa o feijão,
Sobrou só esperança e muita fé.
O gostoso do melhor que é bom
O estrangeiro é que sabe como é.

Esse grito que ecoa no horizonte
Vem do Pé-da-Serra do Mar
Vamos sacudir este Gigante
Está na hora dele acordar.

Extra! Extra!... Notícia de primeira-mão.
Até nossas crianças,
Já virou produto de exportação." - Por aí vai...

No ano de 1986 levou Samba-Enredo no G.R.E.S. 'SÃO MIGUEL' (em parceria com Mário Lúcio). Como os compositores da 'AMAZONENSE' não podiam criar samba-enredo para outras Escolas, ele foi representado pelo amigo Boa-Sorte (numa combinação secreta). Por seu estilo característico, todos que ouviam o samba desconfiavam ser de autoria do Caldeira ('O Reino Encantado da Infância'), a 'SÃO MIGUEL' sagrou-se Campeã.
"(...)Inclusive tem uma brincadeira que eu fiz com o Prefeito da cidade na época, o "MM". Tinha um refrão que dizia:
Faz de conta que não tem inflação
Faz de conta que terra é feijão
Faz de conta que areia é farinha
Faz de conta que o Prefeito é o Tio Patinhas. - (...)Ele não gostou muito não. Mas era festa popular acabou aceitando de bom grado."
Em 1987 compôs samba para a 'GUARUJÁ' também inscrito por terceiro. A princípio seria assinado por Caldeira e Jorge da Cal. Entretanto, participou da seletiva em nome de Zé Carlos (filho da Ilza)... O samba falava sobre superstição... (...)Que eu lembro tinha um refrão assim:
Mas eu quero
Uma figa de Guiné
Tão botando olho-gordo
Em cima da minha mulher. - (...)Era mais ou menos desse jeito."
Caldeira considera normal essas incorporações as autorias, troca de melodias, junções de trechos de samba (expediente das Escolas), sem preocupações de vaidade.
  CALDEIRA FOI PRESIDENTE DA ALA DE COMPOSITORES DA'AMAZONENSE'.

"(...)E a gente como não tem essa preocupação, principalmente eu não tinha na época. Era muito novo também. Nessa altura do campeonato eu estava com 22 anos... Comecei fazer samba-enredo com 18 anos, meu primeiro, Protagonizava... Fui Presidente da Ala de Compositores comandava 44 compositores e todo mundo escrevia, eram bons... Tinha 18 caras que cantavam!..."
Ele comenta sobre essas parcerias:
"(...)por exemplo, eu fiz samba com o Benê da Rosalina... Fiz uma parte, parei pra ele poder concluir. Porque se deixar eu termino o samba. Aí fica chato, você chega no parceiro com o samba pronto, o cara vai falar, "pô e agora, vou fazer o quê se tá pronto". Tem gente que fala, põe meu nome aí e tá tudo certo. Tem outros que não aceitam, acham que tem que fazer. Então eu criei metade e parei, o Benê completou com a segunda parte que entra...
Como é lindo, meu amor
Ver o céu tão cintilante
O revoar da passarada
O arco-íris tão brilhante. - (...)O pessoal percebia claramente essa diferença de composição..."
Devido às rusgas entre Caldeira e a Diretoria, naquele ano de 1993, partiu para novos palcos. Neste mesmo ano fechou contrato com a Banda 'Star Five' para abrilhantar o carnaval de salão, cantando Samba-Enredo. Fez valer seu talento, disputou samba na 'X-9' (santista) e pela 'VAI-VAI' (SP). Portanto, junto com outros sambistas da região foi pioneiro na Capital concorrendo também com Samba-Enredo na 'ROSAS DE OURO' (SP) (por 5 anos, durante a década de 90), ao lado dos tradicionais parceiros de composição.
"Inclusive, eu fui chamado pra cantar samba-enredo lá na 'Rosas de Ouro' substituindo o Royce do Cavaco, pois ele havia acabado de sair. Só que houve uma pressão da comunidade, porque eu vim de fora pra tomar o lugar de gente que tava ali há muito tempo... E eu não tinha essa vivência que tenho hoje. O certo não era eu ir lá, tinha mandado alguém me representar. Mas fui lá, pus a cara pra bater. Me pressionaram, me ameaçaram até. Eu pensei, "não vim aqui pra brigar, pô"... Levei o Chiquinho do Cavaco, também foi convidado ir pra avenida com a 'Rosas'. Eu ia cantar e ele tocar. Pressionados pela comunidade, fomos ameaçados... Nós saímos de lá." - Ressente-se o sambista.
CALDEIRA, PRO SAMBA FERVER NA AVENIDA.

Ao longo dos carnavais, Caldeira amealhou diversas premiações. Pelo G.R.E.S. 'NAÇÕES UNIDAS' emplacou 9 sambas-enredos, 2 na 'AMAZONENSE', 3 na 'GUARUJÁ', 1 na 'SÃO MIGUEL', no G.R.E.S 'VILA ZILDA', 'SIMPATIA DA VILA ÁUREA',os quais foram para à avenida (foliões que ele botou pra sambar). Cerca de 25 sambas conta o compositor.
"Agora, naqueles tempos eu fazia uma média de 12 Sambas-Enredos por ano. Todo mundo que pedia samba-enredo eu criava... (...)Lia a sinopse pra entender e saber o tipo de assunto que ia contar... E os pontos-chaves, porque a Escola vai falar de tudo, mas o samba dá ênfase em algumas coisas... (...)O Samba-Enredo você faz pensando na avenida..." - Some-se a estas as conquistas máximas nas passarelas:
"(...)Eu tenho 5 títulos no carnaval santista... (...)Conquistei um 2º grupo que a 'Nações Unidas' ganhou. Tenho outro 2º grupo que a 'Guarujá' venceu, tenho o 2º grupo ganhado pela 'Amazonense', os Títulos de 1992 e 2009. são cinco títulos... Acredito que aqui na Ilha, só quem tem esses títulos sou eu..."









São trinta anos compondo, mais de 600 letras, Ele presume entre canções, sambas, Sambas-Enredos e jingles para campanhas políticas. Que Caldeira reune num caderno "universitário", mas pretende divulgar na internet, bem como a publicação de um livro com essas composições e detalhes sobre a criação das mais importantes. Além do mundo do Samba, o compositor teve outras influências musicais:
"(...)São as músicas do Rádio. Eu ouvia rádio o dia todo. Então, escutava Roberto Carlos, a Jovem-Guarda... (...)Depois também ouvia o pessoal da MPB, Caetano, Gilberto Gil, Chico Buarque... Eu ouvia tudo isso aí! Raul Seixas, antes dele morrer, sucesso no rádio... A Rita Lee, Secos e Molhados... Eu conheço essas músicas todas, que ficaram influenciando minhas letras."




Venceu o 1º Festival de Música Popular do Guarujá, defendendo o samba 'Gigante Comerciante'.
"Isso foi em 83... Naquela época, o samba era muito marginalizado. Pra você ter uma idéia, o Festival com mais de 100 músicas tinha um samba só, que era o meu... E eu levei!" - Um dos trechos do samba falava assim:
"(...)Espero só o dia
Em que esse mundo acabar.
Quem diz ter o morro inteiro
Com meu Deus vai se explicar.

E já existem certas praias
Que são particulares
Mas, será que o Deus gigante
Já virou comerciante?
Vende praia, vende morro
Onde é que vai parar?

Mas qualquer dia a gente pobre
Vai viver a flutuar
Sem poder pisar na terra,
Sem poder nadar no mar
Nossa pobre gente humilde
Vai ter que viver no ar." - Criticando as privatizações de praias na Ilha de Santo Amaro e o domínio dos morros pelo poder paralelo do crime organizado.






Com o triste silêncio imposto às Escolas de samba, naquele período de paralização do Carnaval (1995 à 2005) na Ilha, começou a animar Bandas. Fundou o Bloco Carnavalesco 'PÉ NA BUNDA', fez sambas cujo mote era críticas a Administração Municipal.
CALDEIRA CIDADÃO SAMBA 2012.

No carnaval 2012, recebeu a honraria de 'CIDADÃO SAMBA', através de indicação da Presidenta Sandra Oliveira ('MOCIDADE AMAZONENSE').
"Eu sou Cidadão Samba, e pra chegar a ser Cidadão eu tive que passar por todas essas etapas... Tá certo que tem gente que é Cidadão Samba e não passou por isso. Mas, esses são exceções, não é a regra... É bom quando você representa um a Classe, ser cidadão Samba é representar a Classe do Samba e você consegue corresponder a expectativa, quando alguém lhe cobrar tal tipo de atividade você fazer." - E reforça a grandeza da distinção.
CORTE CARNAVALESCA DE 2012 NA AVENIDA DO SAMBA (ITAPEMA/SP).

"(...)É um prêmio, né! Nós trabalhamos esse tempo todo em prol do Samba, sem reconhecimento nenhum. Até porque nós nem pensavamos nisso. A gente fazia por gostar mesmo, ia fazendo, ia fazendo... A coisa passou tão rápido e foram tantas coisas que nós fizemos..." - Caldeira se considera qualificado para dignificar a Comunidade do Samba.
A PRESIDENTA SANDRA OLIVEIRA ('AMAZONENSE')PRESTIGIA A CORTE CARNAVALESCA DE 2012.
    CORTE CARNAVALESCA 2012.

"(...)Eu acredito que assumi uma representatividade. Quando aceitei me candidatar e recebi o título de Cidadão Samba, tenho essa responsabilidade. Hoje em dia onde eu for tô representando o Samba, estando de faixa ou não."

Hoje caldeira é um Velha-Guarda (outra honraria), escreveu sua história no Carnaval e na 'MOCIDADE AMAZONENSE', reconhece o trabalho das muitas Diretorias passadas. Enaltece a figura de Jodenir, um dos fundadores da Escola e Mestre de Bateria.
"A época do Jodenir, Presidente, foi um tempo bom porque ele fez carteirinha de Sócio e se votava pra Presidente da Escola. Eu tinha carteirinha de Sócio. Era uma coisa mais democrática... Hoje não temos isso." - O sambista fez parte da Diretoria de Willian Rocha, enquanto Presidente da Ala de Compositores.
"(...)O Willian tratou muito da parte social. Então, pra ele fazer a parte social precisou mexer com algumas coisas... Mexeu com a gente. Eu mesmo discuti muito com ele... (...)Mas um cara que realizou um bom trabalho... (...)A Quadra o que é hoje, o prédio em si foi na gestão dele... Fez contatos políticos em São Paulo que ajudaram a Escola... (...)Junto com o Carlinhos da Pedreira, Presidente de Honra, que também ajudou muito."
 CALDEIRA COMPONDO A ALA MASCULINA DA VELHA-GUARDA DA 'MOCIDADE AMAZONENSE'.

Para Caldeira a 'MOCIDADE AMAZONENSE' (com o devido respeito às demais co-irmãs) é uma unanimidade, traz em si a distinção do Samba.
"Eu falo pras pessoas que a 'Amazonense' aqui na Ilha é unanimidade porque você vê as pessoas das outras Escolas, as vezes elas até falam mal da 'Mocidade', reclamam... Mas se a 'Amazonense' precisar delas, elas tão pronta a servir. Quando reclamam é porque não deram uma oportunidade, isso incomoda. E é mais a parte de se sentir a margem da nata. A 'Mocidade Amazonense' é a nata do Samba na Ilha e também da nata das Escolas da baixada... Quem consegue fazer carnaval hoje sem incluir a 'Amazonense'."
Ele se diz com sorte de ter convivido com personagens tradicionais da 'MOCIDADE AMAZONENSE', que fizeram a Escola até os anos 90 e ainda continuar com a nova geração após a retomada do carnaval.
"(...)Como eu cheguei novo no samba, né, ainda tô continuando a história. Não parei, mas muita gente boa ficou pelo caminho..." - Segue assim um Benevides.