O CORDEL QUE CONTA A HISTÓRIA DE ITAPEMA/SP.
Da prosa farei rima
Causo novo contarei
De modo muito simples
A estória narrarei
Falando duma mulé,
Dum cabra também direi.
Os dois fios eu ligo
Digo numa coisa só
Contarei o romance
Ajusto num mesmo nó
Glosando da cidade,
Deste nosso cafundó.
Foi nos tempos antanhos
Fica então sabido
Por aqui nasceu Vana,
Itapema já ido:
Dos chalés, de bananais,
Mangues, do letrar "agáis",
Folgazões feito o diacho
Na modesta capelinha
De Santa Cruz do Riacho
Cedo deu à luz três filhos,
Tem ao pai o brio macho.
É na volta da ciranda
Nos fandangos palmeados,
Ciência da natureza
Que são todos educados
Criados a base de angu,
Ostra, pirão de sururu,
Por São Pedro batizados.
Está é sua herança
Povo humilde caiçara:
Fisgar peixe com taquara,
Do mar tirar sustança.
Dá o sol temperança
Deste sangue aguerido
Sem ofício escolhido.
Pegos pelo progresso
Deles exige sucesso,
Toma o rincão inculto
Em alguns causa tristezas,
Nada continua o mesmo
Obriga outras destrezas,
Era avô o faroleiro
Lumiava no nevoeiro
Os barcos das incertezas.
Da antiga vida no mar
Algo bom ainda lhes resta,
Os tios são empregados
Nesta margem tão modesta
E nos tantos Estaleiros
Sua sabedoria empresta.
Da antiga vida no mar
Algo bom ainda lhes resta,
Os tios são empregados
Nesta margem tão modesta
E nos tantos Estaleiros
Sua sabedoria empresta.
Seu pai bom maquinista
Levava o turista
Pra ver a bela vista
Das praias de Guarujá,
Daqui eles embarcavam.
Os manos carregavam,
Algum tostão ganhavam
Na velha Maria Fumaça
Virtual itinerário:
Enguaguassú e Santense
Vila Alice, Estuário,
Ficou pra trás Cunhambebe,
Sítio Pae Cará percebe
Vai cumprindo seu horário.
Onde vinga o matagal:
Maravilha, Alvorada,
Pouco antes o Monteiro,
Vê Santana, Esplanada,
Vila Áurea bem ao largo,
Progresso da encharcada.
Soltando fumo do vapor
Rasga o solo brejeiro
Boa Esperança há de ter,
Conceiçãozinha pioneiro,
Morrinhos sob o céu claro
Cruza Rio Santo Amaro,
Cêrca do nosso terreiro.
A família desde cedo
E neste mundo de feitos
Onde a gente se supera,
Apois vinga a família
Quanto mais se prospera
São maiores os cuidados
Que à cada pessoa gera.
Vive o pai de Vana
Besta com aquela gravidez
Já bem tardia da mulher,
Porém Deus sabe o que fez.
Dela cuida a gentil sogra
Ana Parteira se desdobra
Pede boa hora outra vez.
Embaixo duma embira
Soa plangente uma viola
Versejando tristes quadras
faz chorar a quem consola.
Longe rubra tarde finda,
Nostalgia peito amola.
Senhor dono desta casa
As boas-novas vim lhe dar
Passe a mão no ferrolho,
Favor a porta destrancar
Que sou honrado cidadão
Pasquim não quero assuntar.
Já eram os anos trinta
Por aí descamba confusão,
Mas para mãe só alegria
Parir rebento temporão,
Essa guria de cachos,
Xodó dos filhos machos
Estabelece reinação.
Nesses tempos de Guerra
Nasce nossa heroína.
Tomba Thiago Ferreira,
Soldado de triste sina
Mas Santos Amorim vive -
Heróis que a todos ensina.
Depois de tanta labuta
Vô deixa lida no Forte
Não esquece dos amigos
Algo busca que conforte
Lá ainda são seus passeios
Vai Vana nestes recreios,
Mas pede que se comporte.
Da torre viam o Porto,
As barcas no estuário
Ele mostrava em redor
Belezas desse cenário
Fazendo da sua infância
Um precioso relicário.
O destino se cumpre
Bem sendo este qual for
Eis que chega notícia
Tem o velho uma dor.
Pedem a Deus intermédio
Já não havia mais remédio
Padece em estupor.
Dele lhe restou lembranças
Estima e sabedoria
Demais com avô aprendeu
A pelejar no dia-à-dia,
O sentido vil da morte
Com ele assim aprendia.
Logo ficou donzela
Engraçou-se por rapaz
Ia na praça à noitinha,
Um irmão de capataz.
Com ele não tem acerto
Vigia ela do coreto
De qualquer jovem audaz.
Seu pai, um gênio severo
Tinha outros arranjos,
Pois prometeu aos anjos
Torná-la beata do clero,
Seguir hábito austero
E seja lá como for
Noiva de Cristo Senhor!
Breve chega a idade
De votar santidade
Abraçando com louvor.
Recorreu pelas cartas
Conforme prima ensina
Pr'aquilo havia jeito
Alterar sua cruel sina,
Pai Cará lhe deu passes
Tranquilizou a menina:
- O destino se cumpre
A Seo ninguém faz favor!
Agora pai embirra
Mas vencerá o amor,
Tão fiel e abnegado
Quanto de Nosso Senhor.
A mãe muito insistiu
O homem não disse nada
Que jamais voltou atrás
Em uma palavra dada.
Fala Vana deste jeito:
- Me mato como o sujeito
Na mangueira enforcada!
O pai empacou de vez
Ao vê-la tão ousada
Perdeu a paciência
Com a filha abusada,
Sem clemência nenhuma
Lição seria cobrada.
Sete chaves botaria,
Cortina na vidraça,
Perderia a liberdade
Não mais iria à praça.
Ela se desesperou
Reza nada adiantou
Nem tão pouco pirraça.
Vana cumpre sua sorte
E seja esta qual for,
Não esqueci dum moço
Apregoarei seu valor,
Enquanto ela espera
Se acalmar bruta fera
Outro drama vou compôr.
Vindo lá do nordeste
Aqui apeou Jessé,
Só cas percata no pé,
Fugindo do agreste.
Sonhava no sudeste
Vida sã de fartura,
Comer boa rapadura,
Por fim nesta miséria
Esta nhaca tão séria
Que faz a lida dura.
Soube por um parente
Precisam de servente
Que guente o batente
No ramo da construção.
Carecia pois prática,
Alguma gramática,
Certa matemática
Exigência do patrão.
Vivendo de operário
Mantém-se com dignidade,
Tal moço de qualidade
Trabalha além do horário
Pra melhorar seu salário.
Aperreado na precisão
Ele ergue prédio e mansão
Na orla da beira-mar.
Deu sua feição ao lugar
Vai conquistando próprio pão.
Logo fez simples casébre
Num chão doado pela tia
Assentou sobre pilares
Contra a umidade fria,
Cobriu com telhas de barro
Enquanto o céu não chovia.
Do torrão natal ausente
Recria imagens na mente,
Passado torna presente:
Fresca sombra do juazeiro
Que a patativa toma,
Genipapo seu aroma,
O sertão onde assoma
A toada do boiadeiro.
São os sonhos acalanto
Pois cansado adormece
E assim visita os seus,
Gente que o envaidece.
É fortuna garantida!
Morre, mas nunca esquece.
Aos domingos no forró
Matava funda saudade
Firme no arrasta-pé
De manhã até à tarde,
Porém falta um querer
Pra toda eternidade.
Queria demais ser feliz
No entanto, Jessé gemia
Não entendia o porquê
Conseguiu tanto e sofria,
Não tinha xote, baião
Que alegrasse noite vazia.
Mesmo nos campos da várzea
Já não era mais titular
Perdeu a 10 artilheira,
Enquanto nada melhorar.
Seria medida extrema
Quando o Clube Itapema
Outro dérbi fosse jogar.
Há males pra todo sempre?
Fica aí minha pergunta.
Atino eu muitas vezes
Dissabores se ajunta.
Aguardemos no amanhã
Atentos bem se assunta.
E certa feita numa rua
Andando de bicicleta
À toda velocidade
Pedalava qual atleta
Entretanto distraiu-se,
Seu erro na via repleta.
Quase tombou de fuça
Diante da descoberta
Daquela moça bonita
Num vestidinho de chita
Lhe deixa de boca aberta.
Agora eu ato o nó
Entre Jessé e Vana
Tudo muito tramado
Nos céus dizem: Hosana!
Amor à primeira vista
Nem carece de conquista
Coração não se engana.
Vana quis fazer pouco
Daquele pobre coitado
Desviando das pessoas,
Leso e desconjuntado.
Porém, dele não mangou
Por vê-lo bem avexado.
Caiu foi de quatro Jessé
Já via em sua vida razão
Pr'aquele imenso vazio
Encontrava ocupação,
Passou a visitar Vana
Sempre havendo ocasião.
Desta sincera amizade
Nascia igual lealdade
Superando a vaidade,
O mais devotado amor
Que dois corações unia.
Um sério porém havia
Casório nenhum teria
Seu pai não dera o favor.
- Só tua eu serei! - Vana diz.
Dele pede recato
Casta união deseja,
Fazem assim um trato:
- Antes não faça desonra... -
Nas mãos dele põe sua honra,
Precisava ir com tato.
Nisso a flor do Manacá
Linda, murcha e floresce.
O Itapema ganha feições
De Distrito e mais cresce.
Aos pobres sobram problemas,
A elite enriquece.
Justo por esses tempos
Se criou certo dilema
Nos bares da cidade
A peleja era tema:
"Vicente de Carvalho
Em todo cabeçalho
Ou ainda, Itapema."
E há gente neste mundo
Pra não dar braço a torcer,
Fica do lado errado
Melhor podendo escolher.
Se não mede consequências
Deve ainda aprender.
Jessé ficou dum lado,
O sogro teima com gosto.
- Itapema! - Diz Jessé.
O tal rebate o oposto,
Brabo insulta e maldiz:
- Tu não passa dum infeliz!
Vão desacatos ao rosto.
E Lucas Nogueira Garcez
Imbuído de seu posto,
Governador bandeirante,
Promulga nosso desgosto.
Empurram pela goela
Engasga a espinhela
Vence o poeta imposto.
de seguir seu coração,
Ou escolheria a morte.
Ser fraca e não forte,
Já estava bem madura
Pôs um fim na tal clausura.
Sem dar ligância à norma
Casou de qualquer forma
Salva amor da sepultura.
Deixou o pai tão mofino
Essa dor o tempo cura
Se queria felicidade
Bastava eterna jura,
Não seria cego juiz
Mas a santa da matriz
Que lhes proverá fartura.
O destino se cumpre
E cada qual faz o seu.
Tiveram muitos filhos
E um deles que sou eu,
Contador da estória
Tirada de memória
Deste casal que venceu.
Versejei da nossa gente
E dei o meu recado,
Assim a cidade surgiu
Um povo misturado
De uma pedra lascada
Ao concreto armado.
Nunes Ita, bom amigo,
Um morador bem antigo
Narrou passado consigo
E agora vai simbora.
Salve Divino Padre!
Inté, minha Comadre!
Tenência, meu Compadre!
Arremato sem demora.
ITAPEMA-SP, 28/11/1997.
A família desde cedo
Viu Itapema crescer
Residiram na Bocaina
Até não mais se poder,
Fazem lá Base Aérea
Pros que cumprem seu dever.
Muitos pararam para ver
Certa vez um sucedido.
João Ribeiro de Barros,
Aviador reconhecido
Pousar o hidro "JAHU"
No golfo de Caneú
E neste mundo de feitos
Onde a gente se supera,
Apois vinga a família
Quanto mais se prospera
São maiores os cuidados
Que à cada pessoa gera.
Vive o pai de Vana
Besta com aquela gravidez
Já bem tardia da mulher,
Porém Deus sabe o que fez.
Dela cuida a gentil sogra
Ana Parteira se desdobra
Pede boa hora outra vez.
Embaixo duma embira
Soa plangente uma viola
Versejando tristes quadras
faz chorar a quem consola.
Longe rubra tarde finda,
Nostalgia peito amola.
Senhor dono desta casa
As boas-novas vim lhe dar
Passe a mão no ferrolho,
Favor a porta destrancar
Que sou honrado cidadão
Pasquim não quero assuntar.
Já eram os anos trinta
Por aí descamba confusão,
Mas para mãe só alegria
Parir rebento temporão,
Essa guria de cachos,
Xodó dos filhos machos
Estabelece reinação.
Nesses tempos de Guerra
Nasce nossa heroína.
Tomba Thiago Ferreira,
Soldado de triste sina
Mas Santos Amorim vive -
Heróis que a todos ensina.
Depois de tanta labuta
Vô deixa lida no Forte
Não esquece dos amigos
Algo busca que conforte
Lá ainda são seus passeios
Vai Vana nestes recreios,
Mas pede que se comporte.
Da torre viam o Porto,
As barcas no estuário
Ele mostrava em redor
Belezas desse cenário
Fazendo da sua infância
Um precioso relicário.
O destino se cumpre
Bem sendo este qual for
Eis que chega notícia
Tem o velho uma dor.
Pedem a Deus intermédio
Já não havia mais remédio
Padece em estupor.
Dele lhe restou lembranças
Estima e sabedoria
Demais com avô aprendeu
A pelejar no dia-à-dia,
O sentido vil da morte
Com ele assim aprendia.
Logo ficou donzela
Engraçou-se por rapaz
Ia na praça à noitinha,
Um irmão de capataz.
Com ele não tem acerto
Vigia ela do coreto
De qualquer jovem audaz.
Seu pai, um gênio severo
Pois prometeu aos anjos
Torná-la beata do clero,
Seguir hábito austero
E seja lá como for
Noiva de Cristo Senhor!
Breve chega a idade
De votar santidade
Abraçando com louvor.
Recorreu pelas cartas
Conforme prima ensina
Pr'aquilo havia jeito
Alterar sua cruel sina,
Pai Cará lhe deu passes
Tranquilizou a menina:
- O destino se cumpre
A Seo ninguém faz favor!
Agora pai embirra
Mas vencerá o amor,
Tão fiel e abnegado
Quanto de Nosso Senhor.
A mãe muito insistiu
O homem não disse nada
Que jamais voltou atrás
Em uma palavra dada.
Fala Vana deste jeito:
- Me mato como o sujeito
Na mangueira enforcada!
O pai empacou de vez
Ao vê-la tão ousada
Perdeu a paciência
Com a filha abusada,
Sem clemência nenhuma
Lição seria cobrada.
Sete chaves botaria,
Cortina na vidraça,
Perderia a liberdade
Não mais iria à praça.
Ela se desesperou
Reza nada adiantou
Nem tão pouco pirraça.
Vana cumpre sua sorte
E seja esta qual for,
Não esqueci dum moço
Apregoarei seu valor,
Enquanto ela espera
Se acalmar bruta fera
Outro drama vou compôr.
Vindo lá do nordeste
Aqui apeou Jessé,
Só cas percata no pé,
Fugindo do agreste.
Sonhava no sudeste
Vida sã de fartura,
Comer boa rapadura,
Por fim nesta miséria
Esta nhaca tão séria
Que faz a lida dura.
Soube por um parente
Precisam de servente
Que guente o batente
No ramo da construção.
Carecia pois prática,
Alguma gramática,
Certa matemática
Exigência do patrão.
Mantém-se com dignidade,
Tal moço de qualidade
Trabalha além do horário
Pra melhorar seu salário.
Aperreado na precisão
Ele ergue prédio e mansão
Na orla da beira-mar.
Deu sua feição ao lugar
Vai conquistando próprio pão.
Num chão doado pela tia
Assentou sobre pilares
Contra a umidade fria,
Cobriu com telhas de barro
Enquanto o céu não chovia.
Recria imagens na mente,
Passado torna presente:
Fresca sombra do juazeiro
Que a patativa toma,
Genipapo seu aroma,
O sertão onde assoma
A toada do boiadeiro.
São os sonhos acalanto
Pois cansado adormece
E assim visita os seus,
Gente que o envaidece.
É fortuna garantida!
Morre, mas nunca esquece.
Aos domingos no forró
Matava funda saudade
Firme no arrasta-pé
De manhã até à tarde,
Porém falta um querer
Pra toda eternidade.
Queria demais ser feliz
No entanto, Jessé gemia
Não entendia o porquê
Conseguiu tanto e sofria,
Não tinha xote, baião
Que alegrasse noite vazia.
Mesmo nos campos da várzea
Já não era mais titular
Perdeu a 10 artilheira,
Enquanto nada melhorar.
Seria medida extrema
Quando o Clube Itapema
Outro dérbi fosse jogar.
Fica aí minha pergunta.
Atino eu muitas vezes
Dissabores se ajunta.
Aguardemos no amanhã
Atentos bem se assunta.
E certa feita numa rua
Andando de bicicleta
À toda velocidade
Pedalava qual atleta
Entretanto distraiu-se,
Seu erro na via repleta.
Subiu pela calçada
No volante desacertaQuase tombou de fuça
Diante da descoberta
Daquela moça bonita
Num vestidinho de chita
Lhe deixa de boca aberta.
Agora eu ato o nó
Entre Jessé e Vana
Tudo muito tramado
Nos céus dizem: Hosana!
Amor à primeira vista
Nem carece de conquista
Coração não se engana.
Vana quis fazer pouco
Daquele pobre coitado
Desviando das pessoas,
Leso e desconjuntado.
Porém, dele não mangou
Por vê-lo bem avexado.
Caiu foi de quatro Jessé
Já via em sua vida razão
Pr'aquele imenso vazio
Encontrava ocupação,
Passou a visitar Vana
Sempre havendo ocasião.
Desta sincera amizade
Nascia igual lealdade
Superando a vaidade,
O mais devotado amor
Que dois corações unia.
Um sério porém havia
Casório nenhum teria
Seu pai não dera o favor.
- Só tua eu serei! - Vana diz.
Dele pede recato
Casta união deseja,
Fazem assim um trato:
- Antes não faça desonra... -
Nas mãos dele põe sua honra,
Precisava ir com tato.
Nisso a flor do Manacá
Linda, murcha e floresce.
O Itapema ganha feições
De Distrito e mais cresce.
Aos pobres sobram problemas,
A elite enriquece.
Justo por esses tempos
Se criou certo dilema
Nos bares da cidade
A peleja era tema:
"Vicente de Carvalho
Em todo cabeçalho
Ou ainda, Itapema."
Pra não dar braço a torcer,
Fica do lado errado
Melhor podendo escolher.
Se não mede consequências
Deve ainda aprender.
O sogro teima com gosto.
- Itapema! - Diz Jessé.
O tal rebate o oposto,
Brabo insulta e maldiz:
- Tu não passa dum infeliz!
Vão desacatos ao rosto.
Imbuído de seu posto,
Governador bandeirante,
Promulga nosso desgosto.
Empurram pela goela
Engasga a espinhela
Vence o poeta imposto.
Temendo por má sorte
Vana tomou decisãode seguir seu coração,
Ou escolheria a morte.
Ser fraca e não forte,
Já estava bem madura
Pôs um fim na tal clausura.
Sem dar ligância à norma
Casou de qualquer forma
Salva amor da sepultura.
Deixou o pai tão mofino
Essa dor o tempo cura
Se queria felicidade
Bastava eterna jura,
Não seria cego juiz
Mas a santa da matriz
Que lhes proverá fartura.
O destino se cumpre
E cada qual faz o seu.
Tiveram muitos filhos
E um deles que sou eu,
Contador da estória
Tirada de memória
Deste casal que venceu.
Versejei da nossa gente
E dei o meu recado,
Assim a cidade surgiu
Um povo misturado
De uma pedra lascada
Ao concreto armado.
Nunes Ita, bom amigo,
Um morador bem antigo
Narrou passado consigo
E agora vai simbora.
Salve Divino Padre!
Inté, minha Comadre!
Tenência, meu Compadre!
Arremato sem demora.
ITAPEMA-SP, 28/11/1997.
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