PESCADORES PUXAM REDE NO ESTUÁRIO DO PORTO PRÓXIMO A MARGEM ITAPEMENSE.
Em virtude ao acesso direto do estuário do Porto com as águas do Oceano Atlântico, não é incomum o avistamento de animais marinhos que adentram sua extensão de 10 Km, muitas vezes surgindo nas proximidades da margem esquerda (ITAPEMA/SP).
[à esquerda entrada do Porto e região, século XVII]
Noutros tempos, preservadas suas características naturais (berçário de espécimes marinhas) era possível ver no canal estuarino, botos Tucuxis (Sotalia guianensis) que acompanhavam a movimentação das Barcas do ITAPEMA/SP, além de tartarugas submergindo a flor d'água, cações (filhotes de Tubarão) no seu estágio de crescimento, ou ainda animais aquáticos de maior porte.
DETALHE DE MAPA REPRESENTANDO A BARRA GRANDE JUNTO A ILHA DE SANTO AMARO/SP.
ENTRADA DA BARRA E EXTENSÃO DO ESTUÁRIO DO PORTO [LITORAL PAULISTA].
ENTRADA DA BARRA E EXTENSÃO DO ESTUÁRIO DO PORTO [LITORAL PAULISTA].
Vários relatos destas aparições foram registrados pela imprensa local ao decorrer das décadas, tendo gerado momentos inusitados, solidários e dramáticos:
BOTO TUCUXI (SOTALIA GUIANENSIS) ANTES COMUM NO CANAL DO ESTUÁRIO DO PORTO.
No dia 15 de Março de 1916, Baleia Cachalote (Physeter macrocephalus), medindo cerca de 20 metros (provida de dentes) apareceu morta em águas da Barra Grande. Examinada pelo Profº Von Iberg, Diretor do Museu Paulista, e impedido por falta de verba para proceder estudos do animal, devido ao intenso mau cheiro determinou que o cetáceo fosse arrastado pelo Rebocador 'Sul América' para o "Saco do Major", na Ilha de Santo Amaro.
Por três dias, em Setembro de 1937, outra baleia bordejou entre a Praia do Góes e a Ilha das Palmas, sendo registrada em notícia do jornal 'A Tribuna'.
A presença destes cetáceos reforça ter havido na região concentração de baleias e abundância, pois a Ilha de Santo Amaro serviu a atividade pesqueira. Quando no século XVIII funcionou aqui a Armação de Baleias.
DETALHE DE MAPA REGISTRA A ARMAÇÃO DE BALEIAS NA PRAIA DO GÓES - ILHA DE SANTO AMARO [LITORAL PAULISTA].
No dia 27 de Julho de 1945, uma baleia de cerca de 16 metros de comprimento foi avistada em águas do estuário, quase defronte ao Sítio 'Boa Esperança', de propriedade do Sr. Adriano Dias dos Santos. Arpoada por Manoel da Silva e João Alberto de Barros, trabalhadores agrícolas. Foi rebocada para próximo do ferry-boat onde ficou encalhada, suscitando a curiosidade de centenas de pessoas, até mesmo de São Paulo.
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E AS CORRENTES MARÍTIMAS DO SUL ACABAM POR TRAZER ANIMAIS MARINHOS ORIGINÁRIOS DA REGIÃO POLAR.
Outras espécies trazidas pelas correntes marítimas do Sul (Antártida) para o Litoral Paulista, são encontradas debilitadas ou mesmo doentes em decorrência da poluição humana dos mares.
Em 07/Julho/1977, às 15:30 h, seria resgatada uma Foca, macho (com cerca de 1,80 m de comprimento, pesando aproximados 250 Kg) no estuário do Porto, nas margens de ITAPEMA/SP. Capturada próximo ao Terminal de Conceiçãozinha por Mauro Gilbran Lima e colegas seus, foi avistada primeiro por funcionários da Indústria Dow Química. Mauro, estivador-bagrinho (21 anos), residente à Rua Santo Amaro Nº 17 - Sítio Conceiçãozinha, conta o ocorrido a reportagem do jornal 'Cidade de Santos':
PROXIMIDADES DO LOCAL DE RESGATE DUMA FOCA - SÍTIO CONCEIÇÃOZINHA [ITAPEMA/SP].
"(...)Estava tomando um banho na praia, numa prainha que tem junto à Dow Química. Daí eu vi que todo mundo olhava para um negócio no mar, e fomos lá, eu e Tapió, cujo nome eu não sei direito, me parece que é Quininim. Apareceu uma embarcação de um rapaz, Antonio Henrique de Oliveira, meu conhecido, que emprestou o barco e fomos lá ver o bicho, que estava no mar. Daí chegamos lá, era uma foca. Pegamos um cabo e começamos a passar no pescoço dela, com cuidado para não arrebentar o cabo, que ela era muito forte. A foca não queria ir para a água, sempre subia para a terra, a gente tentava puxá-la pra água pensando que se fosse para a terra poderia vir a morrer, mas ela não queria. Daí trouxemos para a terra e ela ficou ali até o anoitecer..." - Transferida para o Aquário Municipal de Santos ficou em exposição num dos seus tanques, mas morreu após 4 meses por complicações veterinárias.
FOCA RESGATADA NAS MARGENS DO SÍTIO CONCEIÇÃOZINHA EM ITAPEMA/SP (1977).
No dia 19 de Janeiro de 2012, a Bocaina (margem itapemense) recebeu a visita de uma Foca Caranguejeira (Lobodon carcinophagus), nas imediações do campo do time de futebol amador E.C. 'Canto da Coruja'.
Originárias da Costa da Antártida vivem em blocos de gelos flutuantes, tendo o corpo relativamente delgado de cor pálida. Atingindo a fase adulta crescem a um comprimento de 2, 30 m. e peso médio de 200 Kg. São as espécies de focas mais abundantes do mundo.
Antes que se fizesse o seu resgate a foca lançou-se novamente no mar. Também seria vista a explorar as águas do Porto.
A FOCA CARANGUEJEIRA (LOBODON CARCINOPHAGUS) DESCANSA NA MARGEM ITAPEMENSE (2012).
Após muito tempo sem aparecerem, no dia 28 de Julho de 2020 (terça-feira), foi avistado no estuário do Porto, pelo horário da manhã, um grande grupo de botos Tucuxis. Formado por mais de 25 animais, os botos bordejaram as águas da Bocaina, cruzando defronte à Conceiçãozinha, em Itapema/SP, seguiram na direção da Barra Grande de Santo Amaro. Tudo indica que o bando de Tucuxis (Sotalia guianensis) buscava alimentação nos meandros estuarinos da região. O surpreendente avistamento gerou vídeos e imagens em redes sociais.
BOTO TUCUXI NAS ÁGUAS DA BOCAINA (ITAPEMA/SP) 2020.
Um filhote de Baleia Jubarte foi filmado perdido no canal de navegação do Porto, na tarde de terça-feira (07/Maio/2024).
A Autoridade Portuária de Santos (APS) informou que uma lancha da Guarda Portuária estava patrulhando a entrada do canal do estuário quando avistou a baleia, por volta das 15:40 h. Desde então a equipe passou a monitorá-la. Depois de uma hora de acompanhamento, o filhote sumiu submergindo nas águas do estuário do Porto e não foi mais visto.
A Guarda Portuária acionou a PM Ambiental, o Gremar e a Capitania dos Portos sobre a presença do cetáceo. Especialistas ouvidos pelo G1, avaliaram que o animal encontra-se debilitado e magro. As imagens obtidas pelo site jornalístico mostram a baleia perto de um navio atracado.
A analista ambiental do Centro de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - Ingrid Öberg, afirmou que o Orgão foi acionado pelo Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama):
"É um animal que está magro, não está bem. Não está em um estado de saúde bom e talvez até por isso tenha procurado águas mais abrigadas [protegidas] e acabou entrando no Porto." - Segundo Ingrid, a baleia será monitorada, porém isso é mais difícil de acontecer no período noturno. Na manhã de quarta-feira (08), os profissionais devem retornar ao local com objetivo de encontrá-la e verificar se há necessidade de algum procedimento.
Em nota, a Capitania dos Portos informou que foi acionada pela Guarda Portuária, mas ao chegar ao local, o animal não foi avistado. Também em nota, o Gremar informou manter contato com a PM Ambiental, a Guarda Portuária e ICMBio/CMA por indicações sobre o animal:
"Estes Orgãos vão continuar a monitorar a área amanhã e, em caso de reaparecimento, o Gremar será acionado para elaborar uma estratégia em conjunto para atender o caso."
[Filhote de baleia jubarte nada no canal de navegação do Porto.]
O biólogo marinho Eric Comin constatou que trata-se de um filhote de Jubarte (Megaptera novaeangliae), aparentando estar debilitado. Ao analisar as imagens, ele disse que o cetáceo apresenta uma ferida na dorsal, entre a cabeça e a nadadeira:
"Vejo que ela se esforça um pouco para subir para respirar e se aproximar do navio [...]. Então é um filhote debilitado, machucado e aparentemente perdido da mãe." - Deduziu. Para o biólogo, o ferimento no filhote pode ter sido causado pela colisão do animal contra alguma embarcação:
"Nessa época do ano as jubartes sobem a costa do Litoral Brasileiro, então saem da Antártica e sobem para terem os filhotes." - Nascem com aproximadamente 4 metros de comprimento e pesam cerca de 1 tonelada, machos adultos chegam a medir 14 metros e pesar 33 toneladas.
No fim da tarde, a equipe da Gerência de Meio-Ambiente procurou pela baleia desde a Fortaleza da Barra Grande de Santo Amaro até a região da Alemoa, contudo o filhote de Jubarte não foi visto, o que pode caracterizar ter saído das águas do estuário do Porto.
Fatidicamente, dias após naquela semana a baleia apareceria morta nas areias da praia (Bairro Aparecida), em Santos/SP. Identificando-se o filhote como um macho da espécie.
Tais aparições sempre despertam a curiosidade de moradores da região, bem como alertam as autoridades de Biologia Marinha para as ocorrências envolvendo esses animais, seja pelo manejo despendido para tratamento ou o desequilíbrio do meio-ambiente.
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