À MARGEM ESQUERDA ITAPEMA/SP [1939].
Os mosquitos existem no planeta Terra há mais de 30 milhões de anos, provenientes do período Terciário, Era Cenozoica, adaptando-se ao ecossistema Terreno até os dias de hoje.
Pertencem a classe dos insetos, da ordem diptera (possuidor de 2 pares de asas) e compõem a subordem Nematocera, filo Arthropoda (3 pares de patas articuladas), da família Culicidae. São considerados hematófagos comuns, cujo ciclo de desenvolvimento biológico é aquático. Dentre as espécies importantes de mosquitos estão os do gênero: Culex, Aedes e Anopheles.
Podem ser divididos em domésticos, semidomésticos e silvestres. Os domésticos praticamente subsistem no domicílio ou quintal da residência. Já os semidomésticos entram nas habitações para alimentar-se de sangue, procriando pelas imediações. Aqueles silvestres, abrigam-se em ocos de paus, sob folhagens e sugam o sangue de animais vertebrados, somente atacam o ser humano quando este invade as matas.
A LIMPEZA DAS CIDADES AJUDA A COMBATER OS MOSQUITOS.
São insetos minúsculos e frágeis, porte alongado, tórax robusto, abdômen comprido lateralmente, com seis pernas alongadas e quatro asas cobertas de escamas. Sua cabeça é equipada com um probóscide retrátil, que envolve e protege suas peças bucais usadas para perfurar vegetais ou o tecido da pele para sugar sangue. Os mosquitos têm um ciclo de vida complexo, com metamorfose completa, os estágios imaturos são totalmente aquáticos e o adulto é o inseto voador. O mosquito macho se distingue essencialmente da fêmea por ser menor, possuir antenas mais plumosas e palpos menos longos. A fêmea adulta retorna brevemente aos ambientes aquáticos, onde bota seus ovos.
A estações chuvosas (primavera e verão) combinadas às temperaturas altas influenciam na reprodução destes mosquitos, sustentando seu ciclo de vida. Durante a constância das chuvas nesta época ocorre o encharcamento de diversas áreas, bem como o acúmulo de água formando vários criadouros. As temperaturas entre 26° e 28° graus Celsius são ideais para sua biologia. Abaixo dos 18° graus Celsius, eles ficam letárgicos (lentos, parados), por isso no inverno seu ritmo de desenvolvimento diminui. Acima dos 42° graus Celsius, os mosquitos definham e morrem. Outra característica, variando de acordo com a espécie, é que não resistem à altitudes elevadas.
Mosquitos adultos (machos e fêmeas) alimentam-se de néctar e seiva de plantas, hábitos Fitófagos. Porém a fêmea precisa complementar sua alimentação com sangue, rico em nutrientes, usado para maturação dos seus ovos. Por este motivo, a hematofagia é mais intensa alguns dias após a metamorfose na fase adulta, e após a cópula com o macho. Os machos não tem preferência por sangue, embora possam ocasionalmente se alimentar dele antes do acasalamento.
Em média, a fêmea do mosquito vive de duas a três semanas, podendo chegar a seis semanas. A expectativa de vida do macho é menor. A fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante sua vida.
Seus ovos somente se desenvolvem na água. O aspecto deles também é distinto entre os gêneros, medem de 0,6 a 0,8 mm. O número de ovos colocados pela fêmea do mosquito depende muito da quantidade de sangue consumido, essencial para a maturação dos ovos. Em geral, as espécies costumam colocar mais de uma centena deles por postura, a eclosão ocorre de um a dois dias depois.
Sendo suas larvas adaptadas ao meio aquático, são nadadoras, sem pernas, possuindo finos pêlos e cerdas no corpo alongado. Nadam com movimentos de contorção, alimentam-se de debris orgânicos e micro-invertebrados. Dependendo da espécie respiram ar através do espiráculo abdominal, necessitando retornar à superfície de tempos em tempos para obter oxigênio.
Surgem então, as pupas (um dos seus estágios de desenvolvimento) dotadas de cefalotórax (cabeça mais tórax) e um abdômen curvado em forma de "vírgula", bastante móvel. Respiram ar usando para tal os dois chifres respiratórios da cabeça. Inicialmente têm cor esbranquiçada, mas escurecem nesta fase de dois dias.
As fases de desenvolvimento, em condições adequadas, variam de 7 a 10 dias, metamorfoseando-se no mosquito adulto. Saindo da pupa diretamente na superfície da água não precisando de uma base sólida para sustentação, valendo-se da tensão superficial do líquido, neste processo leva 10 minutos.
Embora não seja comprovado, parece que os mosquitos atacam mais algumas pessoas do que outras, o motivo seria a diferença de odores exalados ao respirar e transpirar. São mais atraídos pelo aroma de determinadas substâncias presentes no sangue da vítima. Fato é, que podem sentir o dióxido de carbono e o ácido lácteo a até cerca de 36 metros de distância. Mamíferos e pássaros liberam estes gases como parte de sua respiração normal. Certas químicas, no suor e o calor do corpo também atraem os mosquitos, é assim que eles acham os alvos das picadas. Invariavelmente as fêmeas picam, pois utilizam o sangue como nutrientes para seus ovos. As vezes depois de picar, a fêmea do mosquito fica tão empanzinada de sangue que sequer consegue se mexer ou voar, à mercê de um tapa da vítima.
Não sentimos instantaneamente sua picada porque o mosquito injeta saliva anticoagulante, a qual impede o sangue de estancar, além de ser um anestésico natural que inibe sentirmos a picada furtiva. Entretanto, com efeito muito curto, de poucos segundos. Em seguida suga o sangue, você acaba sentindo um tipo de ardência imediata no local. É a ação do anestésico passando o efeito. Portadores de alergias às picadas apresentam irritação nos braços e nas pernas.
É curioso saber, que a fêmea do mosquito suga cerca de 5 microlitros de sangue, ou até duas vezes seu peso em sangue a cada picada. Seriam necessárias 1.120.000 picadas simultâneas de mosquitos para que todo sangue de um indivíduo fosse sugado.
Os mosquitos são de grande preocupação para o setor da Saúde Pública, pois podem transmitir várias doenças. Sendo também grandes causadores de incômodos, muitas áreas de recreação e descanso deixam de ser utilizadas devido a presença destes insetos. No período de proliferação, os moradores costumam reclamar do aumento dos mosquitos, impedidos de fecharem toda a casa por causa do calor, quando os insetos aproveitam para atacar. Matagais em terrenos e áreas urbanas abandonadas favorecem sua multiplicação.
Os repelentes mais comuns contêm substâncias químicas tóxicas e naturais, a base de solvente ou água, os quais afastam os mosquitos dos locais em que estão as pessoas. Mas convém aplicá-los (aerosóis, defumadores) com parcimônia, evitando inalação. Repelentes elétricos devem ser utilizados a 2 metros dos ocupantes no cômodo. Entretanto, a profilaxia eficaz é eliminar os inúmeros criadouros.
Culex Quinquefasciatus, o polular Pernilongo doméstico - é considerado uma espécie cosmopolita, ou seja, presente em quase todo o meio urbano do Mundo, muito associado a presença humana.
No Brasil, ao se afastar das cidades e áreas urbanas, é difícil verificar a ocorrência desta espécie do gênero Culex. De fácil diferenciação quando inseto adulto, o Culex Quinquefasciatus possui uma coloração marrom e as pernas sem marcação distinta. Não sendo muito ágil, nem tão dificultoso de apanhar ou esmagá-lo num tapa.
Sazonalmente, devido a chegada das estações chuvosas, acelera-se o ciclo reprodutivo e de desenvolvimento dos mosquitos urbanos. Com a frequência das chuvas durante as temporadas mais quentes e úmidas, é comum encontrar em lajes empoçadas, velhos recipientes, canais a céu aberto e áreas encharcadas, pelas depressões represadas das calçadas, derrame de esgoto na sarjeta, depósitos de água suja, poluída, repleta de matéria orgânica em decomposição. Assim como em valões, cisternas, galerias pluviais, criadouros potenciais, ambiente preferido para a reprodução do Pernilongo doméstico.
Todo o seu ciclo de vida, o acasalamento e a postura dos ovos, se dá dentro dos terrenos ou imediações dos domicílios, caracterizando-o como semi-doméstico. Espreitam nas sombras dos quintais, jardins, material acumulado no terreno, áreas urbanas degradadas, ingressando no interior das casas, a fêmea Culex esperando a oportunidade de se alimentar com sangue humano, necessário para amadurecer seus ovos.
O Culex Quinquefasciatus é um mosquito noturno (horário maior de atividade), que prefere se alimentar no momento de repouso das pessoas. À noite, no escuro, o Pernilongo doméstico é atraído pelo gás carbônico desprendido na respiração humana, voando próximo do rosto. É por isso, que costumamos ouvir zumbidos tão característicos de sua aproximação, fazendo barulho junto aos ouvidos.
Quem zumbe é a fêmea do Culex. O macho emite o som proveniente da frequência de batidas das suas asas, que batem cerca de 1.000 vezes por minuto. Os machos do Culex não migram, ficam concentrados próximos dos locais de criação. Formam nuvens que são de fácil visualização, nas imediações do foco. Eles liberam um feromônio que atrai a fêmea. O Pernilongo então detecta a frequência do bater de asas da fêmea Culex (600 vezes por minuto) e vai voando até ela. Quando a encontra durante o voo nupcial, o Culex macho secreta uma cola, que usa como barreira protetora para seu próprio esperma, bloqueando assim a fecundação por outros pernilongos.
Na maior parte das ocasiões, o Pernilongo permanece grudado à fêmea Culex no ato da cópula. A tal cola o mantém preso à fêmea, após o ato de procriação. O Culex macho finda ao perder a vida por causa disto, pois a fêmea para se ver livre devora-o deixando apenas seus órgãos genitais. Deste modo, além de esperma, o Pernilongo supre a Culex fêmea de gametas, mais reserva alimentar proteica com o próprio corpo, até o instante que a fêmea ponha seus ovos. Todavia, a fêmea do Culex precisa de sangue para maturar o ovário e produzir ovos férteis. Ela voa até uma distância de 2,5 quilômetros caso preciso para fazer a hematofagia, alimentação do sangue de animais vertebrados e de seres humanos.
A fêmea Culex Quinquefasciatus deposita seus microscópicos ovos diretamente na água, com pouca ou nenhuma correnteza. Bem menos exigente prefere água turva, suja, composta de muita matéria orgânica e com temperatura mais elevada. Coloca-os sempre todos juntos, num mesmo criadouro. Uma substância viscosa une uns aos outros, formando uma "jangada" com dezenas de ovos., de pé, flutuando na linha da superfície da água. Os ovos do Culex não possuem resistência à dessecação e murcham quando retirados do meio aquático, não sendo mais viáveis, sem tempo de sobrevida. O número de ovos colocados pela fêmea Culex depende muito da quantidade de sangue consumido, necessário para a maturação dos ovos. A espécime Culex costuma botar cerca de 100 ovos por postura, mas esse número pode chegar a 200.
A eclosão dos ovos ocorre regularmente de 1 a 2 dias, depois da postura. Então, a "jangada" desorganiza-se. As larvas desenvolvem um aspecto alongado, possuem o tamanho da cabeça e do tórax maiores, avantajados. Por serem aquáticas, as larvas do gênero Culex apresentam sifão respiratório, que serve para obter ar da superfície, posicionando-se perpendicular a linha d'água. Diferenciando-a dos demais gêneros.
Outra característica é a sensibilidade à luz. As larvas do Pernilongo doméstico acusam o excesso de luminosidade e, por isso, procuram as partes mais escuras ou sombreadas dos criadouros, mas movimentam-se espalhadas pela água represada.
A mutação do Culex Quinquefasciatus desde a colocação dos ovos, o estágio larvário, de pupa, até se tornar um Pernilongo adulto, varia de acordo com a temperatura, levando aproximadamente de 7 a 10 dias. Nos períodos de chuvas constantes, que propiciam o encharcamento de diversas áreas.
Habitualmente as fêmeas picam como consequência da hematofagia, no processo de desenvolvimento biológico. O Pernilongo macho não tem o bico (probóscide) eficaz para sugar sangue, preferindo néctar, frutose e seiva das plantas.
O Culex não tem predileção por picar determinadas partes do corpo, pica aleatoriamente. A picada é quase indolor devido a substância anestésica que, ao mesmo tempo impede o sangue de coagular. A probóscide e a traqueia são tão finas, que o processo de coagulação do sangue logo entraria em ação e o Pernilongo doméstico não poderia sugá-lo. Contudo, alguns segundos após, o anestésico começa a provocar uma reação defensiva do organismo humano. É a partir daí que se seguem a coceira e a inflamação, reações tipicamente alérgicas.
As consequências físicas do ataque são inúmeras bolinhas vermelhas espalhadas pelo corpo. Por causa desta enzima liberada nos vasos sanguíneos, forma-se um pequeno hematoma.
Pode provocar aparecimento de vermelhidão no local e coceira, infectando com bactérias a pele. Principalmente aquelas pessoas que têm alergia à picada, gerando uma lesão purulenta conhecida por estrófulo.
O Culex Quinquefasciatus não transmite o vírus da Dengue, Malária. Porém, além do incômodo que gera a população, em algumas regiões do Brasil, o Pernilongo doméstico é responsável, vetor da transmissão de Filariose. Capaz de difundir algumas outras arboviroses, especialmente encefalites e febres hemorrágicas graves, como a causada pelo vírus Ororuche, que no Brasil já ocorreu no Pará e em Rondônia.
Portanto, o Culex possui competência para abrigar uma variedade de agentes patogênicos e transmiti-los ao Homem por via da picada. Facilitado pelo processo de infecção do mosquito, num rodízio contaminante, quando este faz a Hematofagia, ao alimentar-se de sangue humano, de animais silvestres ou domésticos. Entretanto, a ocorrência de uma doença, surto ou epidemia depende de um ciclo de transmissão no qual participam vetores, hospedeiros e agentes patogênicos, acrescido de uma série de fatores ambientais e do comportamento.
Todavia, o Pernilongo doméstico está associado ao ciclo de transmissão da Filariose e da Dirofilariose (zoonoses) ambas de ocorrência em regiões quentes e de baixa altitude. Embora a incidência dessas doenças em regiões endêmicas possa estar relacionada à acomodação e adaptação do agente a microfilária.
Sendo o Culex o principal vetor da Filariose Bancroftiana, popularmente conhecida como Elefantíase.
Filariose - Parasitismo provocado por helmintos nematóides (as Filárias), as quais no estado adulto vivem no Sistema Linfático do hospedeiro causando obstrução do mesmo no Tecido Conjuntivo ou em partes do corpo humano.
A contaminação pela Wuchereria Bancrofti ocorre através da picada de um pernilongo do gênero Culex (mais comum), que introduz microfilárias infectantes. No instante qual o mosquito pica uma pessoa, as larvas das Filárias caem direto na corrente sanguínea humana e se instalam nos vasos e gânglios linfáticos.
A Linfa é a excreção das células que não é transportada pelo vaso sanguíneo, rica em lipídios. Assim, os vasos linfáticos servem para retirar essa Linfa do tecido, remover qualquer agente estranho e depois incorporá-la novamente ao sangue.
No interior desses vasos linfáticos, as Filárias se transformam em machos (menor) e fêmeas (maior) tendo o corpo fino e alongado, sofrem mudas (amadurecimento) ocorrendo reprodução assexuada com dispersão de microfilárias infectantes que atingem os vasos sanguíneos periféricos, isto num período de 3 meses. Os vermes nematóides adultos ficam alojados no Sistema Linfático, enquanto as microfilárias circulam pelo organismo interno por meio do fluxo sanguíneo.
Nos canais linfáticos, as Filárias causam diversas feridas e inflamações, podendo levar na fase crônica ao inchaço e aumento excessivo dos membros inferiores (hipertrofia do local afetado).
A disseminação da doença se dá no conhecido ciclo contagioso, quando o mosquito ao picar um indivíduo já contaminado adquire as Filárias. O hospedeiro definitivo é o Homem, seu hospedeiro intermediário é o mosquito. Tanto do gênero Culex, quanto Aedes e Anopheles.
A predileção do Culex por sangue humano e seu hábito noturno facilitam a transmissão da enfermidade. À noite, quando o indivíduo infectado está em descanso, as Filárias deslocam-se para os vasos periféricos, ficando mais próximas da superfície da pele, o que oportuniza a infecção do mosquito no momento que se alimenta de sangue humano.
Não há remédio eficaz, nem vacina contra a Filariose. Apesar da incidência da doença ter diminuído muito no Brasil nas últimas décadas, ela ainda representa um problema grave em regiões do país.
O Culex Quinquefasciatus, o seu "irmão" Culex Pipiens e os híbridos destes têm sido implicados como vetores ou vetores-pontes na introdução de algumas viroses ou encefalites, em regiões de Clima Temperado a Frio, como no extremo Sul do Brasil. Os fatores relevantes para a capacidade vetorial do Culex nessa região seria a já comprovada variabilidade molecular, resistência sob períodos de inverno, assim como o comportamento de alimentação de sangue. Pois as fêmeas, de modo oportuno, tendem a se alimentar do sangue de aves migratórias, cavalos ou pequenos mamíferos. Ocasionalmente infectados com vírus, e após alguns dias transmitir estas cepas para as pessoas por meio da picada ou por repasse da carga viral para as gerações seguintes durante a fecundação. Como exemplo, destacam-se a Encefalite Equina e a Febre do Vírus do Oeste do Nilo, ambas já ocorridas pelos lados do Sul, do Brasil.
Suspeita-se que a variável genética presente nestas regiões, é pouco resistente a picos de temperatura e tende a reduzir muito a frequência da população em períodos de inverno, bloqueando possíveis repasses de cargas virais para os descendentes.
A população do Culex por ter ocupação remota no território brasileiro, possui índices expansivos de infecção por organismos endo-simbiontes capazes de interferir nesta competência vetorial do Pernilongo. Igualmente, em grandes centros urbanos, o Culex prefere se alimentar mais frequentemente de sangue humano, com apenas um repasto sanguíneo para cada ciclo reprodutivo, isto porque costuma picar durante a período noturno. Este fator pode reduzir sua capacidade vetorial para viroses urbanas.
Entretanto, o acúmulo de água estagnada e a existência de valões e esgotos a céu aberto, charcos em terrenos abandonados, criadouros preferenciais do Pernilongo doméstico, são demonstrações da falta de cuidados, sobretudo de infra-estrutura precária de algumas regiões do Brasil para o efetivo combate. Podendo ser relacionado a outros importantes focos de endemias que ameaçam a população brasileira.
Aedes (Stegomya) Aegypti (do Grego, "odioso" e Aegypti do Latim, "do Egito"), é a nomenclatura taxonômica para o Mosquito que é popularmente conhecido como "Mosquito-da-dengue", transmissor do Flavivírus causador da arbovirose. Pelo ano de 1762, é feita a primeira descrição científica por Linnaeus. Em 1818 tem estabelecido o nome definitivo.
O Aedes é um mosquito silencioso, arisco, tamanho menor que 1 cm, voo ágil, mas baixo, asas translúcidas cobertas de escamas e corpo de cor escura com marcações brancas, 3 pares de patas listradas e abdômen listrado de branco.
Proveniente da África, atualmente está distribuído por quase todo o Mundo, com ocorrência na regiões Tropicais e Sub-tropicais, sendo dependente da concentração humana na localidade para se estabelecer. É considerado o Mosquito mais urbano do Planeta. Tem preferência por se alimentar de sangue humano e ataca em plena luz do dia. O Aedes Aegypti está bem adaptado à zonas urbanas, mais precisamente ao domicílio humano. Tido como um mosquito doméstico.
Com a chegada das Estações quentes e úmidas, acelera-se o ciclo reprodutivo e desenvolvimento biológico do Aedes. Mas, o "Mosquito-da-dengue" não gosta de calor excessivo, por isso é mais ativo nas primeiras horas da manhã e no final de tarde.
Dentro da habitação, o Aedes Aegypti espreita nas sombras da casa, debaixo de mesas e camas, atrás de móveis, entre cortinas, em nichos de estantes, por exemplo. Aguardando pelo ambiente doméstico a ocasião para se alimentar com sangue, fundamental na produção de seus ovos. Reproduzindo-se em vasos de flores, recipientes de aparo na rega de plantas, ralos sanitários, bandejas de descongelamento de geladeiras. Pelas imediações do quintal, em pneus velhos ao relento, caixas d'água destampadas, calhas de telhados, criadouros de disseminação do Aedes. Onde consegue procriar colocando seus ovos em pequenas quantidades de água limpa, parada, não necessariamente potável, pobres em matéria orgânica decomposta e sais (que confiram características de acidez à água), quanto estejam sombreadas e no peridomicílio.
Apesar de ter um alcance de voo de 300 metros, habitualmente permanecendo próximo ao local que nasce, o Aedes fêmea pode voar até 3 km à procura do criadouro adequado para a postura dos ovos.
A fêmea do Aedes dissemina seus ovos de modo isolado na parte úmida, próximo à lâmina d'água, pelas margens do criadouro. E não diretamente imerso na água, depositando-os por diferentes criadouros na mesma postura. Focos de água parada dos temporais repentinos, recipientes que acumulam a água da chuva em áreas descobertas.
Os ovos do Aedes têm cor clara quando depositados, no entanto escurecem após contato com o oxigênio. São elípticos (arredondados, porém afinados nas extremidades), seu tamanho varia entre 0,6 a 0,7 mm. O número de ovos colocados pela fêmea do Aedes depende da quantidade de sangue humano consumido, essencial para a maturação dos ovos. Geralmente, são colocados cerca de 100 a 200 ovos, por postura.
Os ovos do Aedes possuem grande resistência a dessecação, ou seja, podem sobreviver num período de seca, esperando as condições propícias para eclodir. Quando cai uma chuvarada, cuja água seja capaz de encobri-los. São capazes de resistir até 1 ano, no seco e permanecerem viáveis, aptos a originar Aedes adultos. Tendo condições adequadas a eclosão se dá em 48 horas.
A larva do Aedes Aegypti possui o tamanho da cabeça e tórax menores comparados aos outros mosquitos dos gêneros, sendo a forma do sifão respiratório, também menor e mais grosso no Aedes. Não resistindo em reservatórios de água poluída, com dejetos.
Sensíveis à luz, as larvas acusam fototropismo negativo, pois não convivem bem com o excesso de luminosidade e por isso, procuram as partes mais escuras dos criadouros. No Aedes a aversão à luz é muito acentuada. Esse movimento de fuga quando atingidas por uma fonte de luz, é muito mais rápido.
O Aedes Aegypti está sempre mais ativo durante o dia, preferencialmente no início da manhã e no fim de tarde. Costuma voar baixo. Geralmente abaixo de 0,50 cm, discreto, pouco percebido, fugindo com qualquer movimento mais brusco da vítima. Prefere picar habitualmente os membros inferiores do corpo, menos sensíveis como canelas, tornozelos e pés.
Sua picada é pouco dolorosa, se alimentando de sangue humano e transmitindo por consequência o vírus da Dengue, espécie do gênero Flavivírus, da família Flaviviridae (vários subgrupos, muitas espécies) em que a maioria dos membros é composta por arbovírus transmitidos por mosquitos. Causador de doença febril aguda, encefalite, e as vezes hemorrágica, no ser humano.
Quando faz a hematofagia, a fêmea do Aedes injeta uma pequena quantidade de saliva, a qual contém substâncias anestésicas e que evitam a coagulação sanguínea. É neste momento que os agentes patogênicos, são inoculados na vítima.
O macho Aedes quase não se alimenta de sangue, não estando eficientemente adaptado para picar seres humanos. Portanto, o mosquito transmissor da Dengue, é a fêmea. Para realizar a hematofagia, ela pode percorrer cerca de 2,500 metros quadrados.
Passando adiante, desta forma por vários hospedeiros, disseminando-se assim a doença. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote de ovos que produzem. Entretanto, o Mosquito-da-dengue tem uma peculiaridade que se chama "Discordância Gonotrópica", que significa ser capaz de picar mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos produzido, levando a uma maior taxa de dispersão da doença. Uma vez infectada, e isso pode ocorrer numa única inseminação, a fêmea do Aedes transmitirá o arbovírus por toda vida, havendo a possibilidade de pelo menos parte de seus descendentes já nascerem portadores do vírus.
Particularidade importante na dispersão do Aedes e para a epidemiologia da Dengue, é que seus ovos possuem grande resistência de dessecação aos períodos de estiagem, podendo serem carregados para outras regiões pela ação humana e persistirem até as chuvas da próxima Estação quente e úmida, dificultando as ações de controle.
Mesmo com a queda da temperatura, o período de estiagem, dada a sua versatilidade, o combate contra o Mosquito-da-dengue não deve diminuir.
Fora das cidades e áreas urbanas, é difícil verificar a presença do Aedes Aegypti, pois todo o seu ciclo biológico, o acasalamento e postura de ovos, se dá dentro ou próximo de domicílios. Embora, já tenha sido encontrado na zona rural, provavelmente foi levado em recipientes que continham ovos dessecados ou larvas.
O Aedes é um mosquito essencialmente diurno. Mas isso não significa que ele não pique à noite. Sendo um mosquito oportunista, dependerá das condições de infestação da área do foco e, provavelmente será picado mesmo no período noturno. Ainda porque o Aedes pode interpretar a luz elétrica dos cômodos como dia claro.
No Brasil, o Aedes Aegypti havia sido erradicado em 1955. Todavia no final da década de 1960 e 1970, o Mosquito-da-dengue voltou a colonizar as áreas urbanas brasileiras, vindo dos países fronteiriços, os quais não conseguiram promover a sua total erradicação.
A Dengue é uma febre viral transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Em sua forma mais branda, a enfermidade afeta cerca de 50 milhões de pessoas a cada ano. A forma mais grave da doença pode ser mortal, e soma 1% (5 mil) dos casos no Mundo.
Na maioria dos casos a pessoa infectada não apresenta sintomas da Dengue, combatendo o vírus sem nem saber que ele está em seu organismo. Uma vez que o indivíduo é picado, demora de 3 a 15 dias para a enfermidade se manifestar, sendo mais comum de 5 a 6 dias. Para aquelas pessoas que apresentarem sintomas, a Dengue pode se manifestar clinicamente de três formas:
A Dengue clássica (simples) tem início súbito e os sintomas podem durar de 5 a 7 dias. Se assemelha a uma síndrome gripal com febre elevada (39°C a 40°C), causa fortes dores de cabeça e musculares, acompanhada de erupção cutânea, cansaço, enjoos, indisposição, vômitos. Apesar de gerar desconforto no paciente, a Dengue clássica (simples) é considerada uma patologia branda.
A Dengue hemorrágica, no entanto, pode ser fatal. Ela se instala quando a pessoa infectada com Dengue sofre alterações na coagulação sanguínea. No geral, a Dengue hemorrágica é mais comum quando a pessoa está sendo infectada pela 2ª ou 3ª vez. O quadro clínico se manifesta pelo aumento de volume do fígado (hepatomegalia), ocorre uma queda da pressão arterial do paciente podendo gerar tonturas e quedas. Após o terceiro ou quarto dia surgem hemorragias pelo corpo (micros-sangramentos cutâneos, na gengiva, no intestino e cérebro. Somatizado por variações fortes de humor (irritabilidade, cansaço, letargia), dores abdominais. Sem um tratamento intensivo, a Dengue hemorrágica causa uma morte em cada cinco casos. Os óbitos são mais frequentes entre bebês, crianças e idosos.
Síndrome de Choque da Dengue é a complicação mais séria da Dengue, se caracterizando por uma enorme queda e/ou ausência da pressão arterial, acompanhada de inquietação, palidez e perda de consciência. Uma pessoa que sofreu Choque por conta da Dengue pode apresentar várias complicações neurológicas e cardio-respiratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. Tanto mais, a Síndrome de Choque da Dengue não tratado pode levar a óbito em até 24 horas.
Uma infecção curada de Dengue confere ao paciente imunidade contra o tipo de vírus responsável. Porém, existem 4 tipos diferentes de vírus, e para estar totalmente imunizado é necessário ter tido contato com todos eles. Caso contrário, a cada contágio com um novo tipo, os sintomas são mais intensos e o risco de desenvolver Dengue hemorrágica aumenta.
Não há tratamento preventivo (não existe vacina eficaz), nem tratamento curativo específico para a Dengue. Os cuidados terapêuticos consistem em tratar de sintomas a partir de medicamentos antitérmicos e analgésicos: Na Dengue clássica (simples), combate-se a febre, as dores de cabeça e a desidratação. Para a forma hemorrágica é vital a hidratação constante via oral e, se preciso por via intravenosa. Atendimento rápido e tratamento intensivo podem reduzir o número de óbitos a 1% dos casos.
O controle do vetor da Dengue continua sendo a melhor profilaxia contra a doença. Deve ser feito mediante a eliminação dos focos, reservatórios de água limpa e parada. Tampar caixas e tonéis de água, desentupir ralos e calhas das casas passíveis de acumular água da chuva, reciclar pneus velhos, evitar deixar garrafas e recipientes que possam reter água em áreas descobertas e virá-los de cabeça para baixo, eliminar pratinhos com água embaixo dos vasos de plantas.
Agindo deste modo, a Dengue não vai entrar em sua casa.
Aedes (Stegomya) Albopictus, pertence ao grupo Scutellaris do subgênero Stegomya. Descrito cientificamente por Skuse em 1894. Originário do Sudeste da Ásia, por seu comportamento agressivo, daí a denominação "Tigre Asiático", o Aedes Albopictus colonizou, rapidamente, grande extensão do Continente Americano, ocupando ambientes urbanos e o periurbano.
O Albopictus é considerado vetor secundário do Vírus da Dengue (Flavivírus). Foi introduzido no Brasil pela década de 1980, apesar de não haver nenhum registro ou exemplares adultos infectados com o vírus no país. Está presente na Baixada Paulista desde 2010.
O Aedes Albopictus ainda é tido como um mosquito silvestre, de característica mais resistente às baixas temperaturas. No Brasil, o Albopictus é mais exofílico: escolhe lugares com maior cobertura vegetal para viver e se reproduzir como florestas, matas, bosques, hortos, parques arborizados. Seus hábitos são mais silvestres e, por isso, é mais encontrado em zonas rurais e suburbanas.
O ser humano é sua vítima oportuna mais frequente, junto com as aves e outros animais domésticos. Sua distribuição está ligada à concentração humana, habitando preferivelmente no peridomicílio da moradia urbana, tendo facilidade de se espalhar para o ambiente rural, semi-rural e silvestre. Todavia, sua população é dependente de densidade humana.
Por pertencer ao gênero Aedes, o Albopictus apresenta características morfológicas similares e a mesma capacidade de proliferação do Aedes Aegypti.
A olho nu é muito comum confundir as duas espécies, por que ambas têm patas rajadas, abdômen listrado de branco. No entanto, um olhar atento ao tórax e a coloração dos mosquitos assemelhados, permite determinar as diferenças de maneira correta. O A. Aegypti tem o desenho de uma Lira, instrumento musical de cordas da Antiguidade (2 linhas no centro do dorso e 2 linhas curvas envolvendo). O Albopictus nesta mesma parte do corpo, apresenta uma única linha longitudinal (entre a cabeça e o dorso). Além disso, o A. Albopictus tem retinta cor enegrecida. Tendo as asas um pouco menores em relação aos outros gêneros.
É um mosquito muito agressivo, picando durante o período diurno. O pico de atividade do Albopictus se dá no início da manhã e ao entardecer. Sendo o período crepuscular o pico principal de atividade. Pica indiscriminadamente em várias partes do corpo humano, além de atacar outros animais.
Após a hematofagia e consequente maturação de seus ovos, a fêmea do Albopictus coloca os ovos em água parada da chuva, ou acúmulos artificiais, com pouca matéria orgânica decomposta. Os ovos do Albopictus podem permanecer viáveis por longo tempo de estiagem, eclodindo assim que as condições ambientes estiverem propícias.
As larvas desenvolvem-se em criadouros de vários tipos: água contida em buracos de pedras, ocos de bambus partidos, bromélias. Adaptando-se a criadouros artificiais (vasilhas, embalagens usadas, pneus velhos). A larva do Aedes Albopictus tem espículas laterotoráxica pouco desenvolvidas.
As pupas têm a peculiar aparência de uma "vírgula" e possuem tubos respiratórios (trompetas), os quais atravessam a água possibilitando a respiração. As palhetas natatórias das pupas do A. Albopictus são dotadas de cílios. No estágio de pupa está já não se alimenta, dentro do invólucro translúcido do cefalotórax há um Albopictus em mutação. Esta fase dura de 2 a 3 dias e as pupas se mantêm flutuantes, para a emergência do mosquito adulto.
Diferentemente do A. Aegypti, o Aedes Albopictus não tem preferência assídua pelo sangue humano e faz a hematofagia em outros animais vertebrados, mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios ou animais domésticos como cachorro, gatos, bois. A competição entre as duas espécies ocorre tanto por disputarem os mesmos criadouros e devido ao fato da fêmea do A. Aegypti se acasalar não somente com o macho de sua espécie, mas também com o macho do Aedes Albopictus, que é mais promíscuo e sendo de outra espécie, gera ovos inférteis. Contrabalanceando assim a população de Aedes das duas espécies.
O Albopictus era essencialmente uma espécie silvestre que procriava e alimentava-se nas margens das florestas, passando a adaptar-se ao peridomicílio e o intra-domicílio dos imóveis nos diversos espaços urbanos e suburbanos de sua distribuição.
A capacidade de dispersão rápida desta espécie, aliada à adaptabilidade para ocupar diferentes ambientes e de ser agressiva para mamíferos, induziu pesquisadores a levantarem hipótese sobre a potencialidade do A. Albopictus atuar como vetor da Febre Amarela e da Dengue. Trabalhos realizados em laboratório já comprovaram sua capacidade de transmissão do vírus, inclusive transovariana, ou seja, a capacidade de se infectar com o vírus e transmiti-los para seus descendentes.
Em território brasileiro, o Vírus da Dengue (Flavivírus) foi isolado uma única vez nas larvas do vetor Albopictus (1990), o que comprova sua capacidade de transferência do vírus para sua prole.
Isto reforça a peculiaridade vetorial dos Aedes, adaptação em áreas urbanas, bem como migrar entre o meio silvestre e sua suscetibilidade de contaminação por vírus diversos. A transmissão nos mosquitos ocorre quando estes sugam o sangue de uma pessoa ou animal portador do vírus. Após um período de incubação que se inicia logo depois do contato com o vírus, e dura entre 8 e 12 dias, estando os mosquitos aptos a propagar a doença.
Quanto a capacidade de transmissão da Febre Amarela pelo A. Aegypti, este também é responsável pela propagação do vírus amarílico, infectando-se com o arbovírus ao picar uma pessoa portadora da moléstia. Ciclo contaminante: Homem-Mosquito-Homem.
Febre Amarela - doença causada por um arbovírus do gênero Flavivírus, da família Flaviviridae. Transmitida através de espécies do mosquito Aedes.
No Brasil, a Febre Amarela é endêmica, ocorrendo circunscrita aos Estados do Norte, alguns Estados do Nordeste e Centro-Oeste do país.
É uma doença viral de curta duração, cujos sintomas são: mal-estar, febre alta, evoluindo para náuseas, vômitos, hemorragias na boca, nariz e aparelho digestivo, além da pele ficar com um tom amarelado (icterícia). A Febre Amarela provoca lesões graves nos rins e fígado, podendo levar a óbito.
Há 2 tipos diferentes de Febre Amarela, a urbana e a silvestre, ambas manifestam essencialmente os mesmos sintomas.
A Febre Amarela urbana está praticamente erradicada em algumas regiões do território brasileiro. Embora o Aedes seja transmissor, a carga viral é reduzida. Contudo, populações citadinas (Região Sudeste) residentes junto a parques ecológicos, áreas de vegetação originária, estão sujeitas à transmissão urbana da doença, quando da mortandade de animais (macacos) e surgimento de casos entre indivíduos destas localidades, a indicar possível surto de Febre Amarela. Fazendo-se necessário vacinação emergencial da população.
O vetor do tipo silvestre é o mosquito Haemagogus, que adquiriu o arbovírus de um macaco infectado e transmitiu ao Homem. Ciclo contaminante: macaco (animal)-mosquito-homem. Ou seja, é uma doença de animais que ataca o ser humano.
Quem viaja para regiões onde a enfermidade é endêmica deve tomar vacina 10 dias antes do embarque. A eficácia da vacina contra a Febre Amarela é de 10 anos.
A participação do Albopictus na transmissão do Vírus Amarílico e da Dengue poderia modificar a epidemiologia na propagação destas enfermidades. O vetor A. Albopictus possui um potencial perigoso, devido a sua característica, tanto para disseminação da Dengue, quanto para a Febre Amarela. Apesar de não ter sido comprovado o seu papel transmissor destas doenças no Brasil.
O Aedes Albopictus consegue se dispersar com facilidade entre a Mata e a Cidade. Como existe muito vírus circulando em ambientes silvestres, o Albopictus por sua peculiaridade exofílica, se torna um vetor potencial para se infectar com o vírus silvestre e trazer este vírus para o ambiente urbano.
Acresce considerar que estudos laboratoriais demonstraram a competência vetora desta espécie para transmitir 18 Arbovírus, incluídos em 3 Famílias. Entre eles, vale destacar, o Vírus da Encefalite Equina do Oeste, Encefalite Equina do Leste, Mayaro e La Crosse. Isso sugere que o Albopictus tem potencialidade para atuar como vetor de Arbovírus de importância em Saúde Pública nas áreas onde foi introduzido.
Em estudos laboratoriais, o Aedes Albopictus mostrou-se competente para transmitir a Dirofilária Immitis. Paralelamente, o mosquito foi encontrado infectado por D. Immitis na natureza, por isso considerado possível vetor natural da Filariose. Sua potencialidade de ocupar diferentes ambientes, sugere que o Albopictus poderá aumentar a probabilidade de disseminação da Filariose nas áreas urbanas. A infecção prévia do A. Albopictus por Dirofilária Immitis, parece aumentar a taxa de infecção do mosquito pelo Vírus Chikungunya, em condições experimentais.
A espécie Albopictus é alvo de estudos que monitoram o crescimento de sua população e investigam seus aspectos biológicos e ecológicos em comparação aos do A. Aegypti.
Os dois vetores do gênero Aedes têm potencial para transmitir vírus e protozoários. Dentre estes, o causador da Febre Chikungunya e Zika Vírus.
Febre Chikungunya - causada por um vírus do gênero Alphavírus, originário da Tanzânia e amplamente disseminado entre países africanos e asiáticos, sendo transmitido pelos mosquitos do gênero Aedes, tanto A. Aegypti, quanto o Aedes Albopictus.
A Febre Chikungunya acarreta febre alta, dor de cabeça, vermelhidão ou inflamação da pele (coceira), fadiga, dores musculares e nas articulações, que podem acompanhar o paciente por meses. Nos casos mais agudos essas dores se assemelham à Artrite Reumatóide e em situações extremas podem levar à deformidades. Os sintomas mais intensos do quadro clínico costumam durar de 3 a 10 dias.
No idioma africano Makonde, a expressão Chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes assumem tomados pelas penosas dores articulares que esta enfermidade causa.
Entretanto, o Vírus da Chikungunya mata com menos frequência comparada a outras doenças febrosas tropicais (Dengue, Febre Amarela, Malária etc). Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, a Febre Chikungunya pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O Vírus da Chikungunya, não replica-se em subtipos, é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. O Alphavírus (causador da Febre Chikungunya) fez as primeiras vítimas em solo caribenho em Dezembro de 2013 e acendeu o sinal de alerta ao longo de toda América do Sul. Desde então, as Autoridades Sanitárias brasileiras vem monitorando a expansão do vírus e combatendo ocorrências regionais fronteiriças.
Anopheles - gênero de Mosquito constituído de numerosa espécie. Sua descrição científica foi feita por Meigen, no ano de 1818. O mosquito Anopheles está presente em diversas localidades do globo terrestre. Encontra-se sobretudo, nas áreas subtropicais e tropicais.
O Anopheles (conhecido como mosquito-prego, muriçoca) apresenta coloração escura, marcas brancas no corpo, palpos e pernas. Asas longas, com escamas formando padrões de tons claros e escuros. Durante o pouso, no momento da picada devido seu sifão diminuto, o Anopheles posiciona-se oblíquo ao ponto de pouso, o abdômen em ângulo para o alto.
Os anofelinos são espécies mais comuns em zonas rurais e áreas silvestres. Sua ocorrência se dá o ano todo, significativamente no período chuvoso. Sendo mais frequente no intra, do que no peridomicílio, demonstrando adaptabilidade em maior ou menor concentração no convívio com o ser humano nas habitações. O Anopheles dissemina-se à medida das alterações, que o Homem produz no meio silvestre. Anualmente o mosquito anofelino provoca a morte de 1 milhão de pessoas por todo o Mundo. Existem cerca de 400 espécies neste gênero, 40 delas são transmissoras do Plasmodium (causador da Malária), e a mais comum é o Anopheles Gambiae.
O Anopheles tem hábitos de atividade crepuscular e noturna. As temperaturas ideais para o seu desenvolvimento ficam entre 20° e 30° Celsius, com taxas de umidade muito altas. Nas regiões em que as temperaturas ficam abaixo de 15° Celsius, os anofelinos não sobrevivem, nem se adaptam às altitudes de mais de 1.500 m acima do nível do mar.
Prefere águas pouco agitadas, fundas, pouco turvas e ensolaradas ou parcialmente sombreadas, utilizando corpos d'água maiores e mais isolados para procriar.
As fêmeas das diversas espécies de anofelinos fazem a ovopositura em ambientes naturais, acúmulos hídricos os mais distintos: pequenas poças d'águas pela mata, em ocos inundados das árvores, nos vasos formados no interior das Bromélias, alagados, charcos, devido a estação chuvosa. Na dependência do criadouro que se mostra adequado para a espécie a qual pertencem, estes criadouros podem ser lagos, lagoas, remansos de rios ou córregos, represas artificiais, açudes, canais de irrigação. Em épocas de chuva, formam-se novos criadouros propícios nos alagadiços, escavações e depressões do terreno.
Os ovos dos Anopheles medem cerca de 0,5 mm, também são flutuantes, mas depositados direta e individualmente na água pela fêmea, separados uns dos outros.
A larva do Anopheles não possui sifão respiratório, obrigando-a assumir uma posição horizontal junto à superfície aquática. As larvas das diferentes espécies anofelinas apresentam preferências variadas quanto ao grau de salinidade e concentração de matéria orgânica no meio aquático (criadouros). Condições estas, de acordo com a temperatura, bem como a conclusão das fases de metamorfose, permitem o surgimento (7 a 10 dias) de centenas de Anopheles adultos. Em tratando-se de Anofelinos, não ocorre transmissão transovariana, ou seja, os mosquitos não nascem infectados pelo protozoário da Malária, portanto não podem transmitir a doença. Isto só ocorrerá quando a fêmea do Anopheles se alimentar com sangue contaminado.
O Anopheles ainda é motivo de grande preocupação na Região Amazônica. No Brasil, são relatados cerca de 500 mil casos anuais de Malária, 99% dos quais ocorrem na Amazônia. Os vetores da Malária no território brasileiro são: Anopheles Darlingi, Anopheles Aquasalis, An. Bellator, An. Cruzii e An. Albitarsis, menos encontrado que as outras espécies. Transmissores inclusive da Filariose Linfática.
Anopheles Darlingi - Teve sua descrição científica por Root, em 1926. É identificado como vetor primário da Malária no Brasil, sendo encontrado principalmente na Região Amazônica. Mas, presente em todo o interior do território nacional, com exceção das regiões secas do Nordeste, do extremo Sul brasileiro e nas zonas de grande altitude.
Estando altamente suscetível à infecção de Plasmódios, protozoários responsáveis pelos casos de Malária (Paludismo).
Utiliza acúmulos maiores de água para o ciclo biológico (ovo=larva=pupa=mosquito), lagoas, açudes, represas, remansos formados nas curvas dos rios. Seus criadouros são naturais, de água limpa, funda, pouco turvas e ensolarada ou parcialmente sombreadas.
Por sua preferência oportuna pelo sangue humano, costuma atacar as pessoas dentro das casas, ao crepúsculo do dia e nas altas horas da noite.
Anopheles Aquasalis (var. Tarsimaculatus) - subgênero Nyssorhynchus. Descrito em estudos científicos por Curry, no ano de 1932. Sua distribuição ocorre de modo característico no Litoral Atlântico. É considerado o principal vetor da Malária na Costa brasileira, devido sua necessidade por água com alguma salinidade, pois favorece o desenvolvimento de suas larvas. O predomínio do Anopheles Aquasalis é favorecido pela ambientação aos acúmulos de água salgada, situados próximo a faixa litorânea, dominada pelo manguezal, onde há associações de solos alagados por chuvas, córregos, salinos e mal drenados. Cria-se em pequenos e maiores acúmulos de "água-doce" com ligeiro teor de cloreto de sódio.
Prolifera-se intensamente no período de chuvas, particularidade imposta pela relativa transitoriedade de seus criadouros. Vive escondido em moitas de capim, ocos de árvores, touceiras de plantas.
O An. Aquasalis é definido como um mosquito zoofílico e essencialmente crepuscular, com picos de atividade noturna, atacando com mais frequência animais: vacas, cavalos, bois, porcos, cães e aves, mostrando preferência por animais de grande porte. Entretanto, isso confirma que o Aquasalis é um mosquito dotado de variável comportamento alimentar quanto a fonte sanguínea para a sua hematofagia, sendo capaz de sugar, espontaneamente, seres humanos. Também é um anofelino exofílico, entrando nas casas para picar apenas quando sua infestação está elevada, oportunidade que tem de atacar o Homem em maior número, e assim transmitir a Malária.
No final do século XIX, por seu aspecto altamente palúdico, malarígeno (já mencionado neste capítulo), ITAPEMA/SP bem como a Ilha de Santo Amaro, junto com a Baixada Paulista sofriam acometidos de endemias constantes. Fez-se necessário um combate intenso das autoridades sanitárias aos causadores das epidemias (Malária, Febre Amarela, dentre outras), que ceifaram muitas vidas.
O vetor primário, responsável pela disseminação da Malária no Litoral Paulista, naqueles tempos, era o Anopheles Aquasalis (var. Tarsimaculatus).
Pelas décadas de 1930 e 40, a Ilha de Santo Amaro serviu de laboratório natural de renomados sanitaristas e infectologistas, para estudos dos Anopheles e da Malária. Identificando variação do gênero anofelino (um mosquito nativo da Ilha Santo-amarense), a espécie An. Oswaldoi Guarujaensis (Ramos).
Foram registrados ainda as seguintes espécies do gênero Anopheles: Strodei, Intermedius, Eiseni, Cruzii, Bellator, Kompi, mediopunctatus. Encontradas em estágio larvário e adulto. Verificou-se contaminação pelos 3 tipos de plasmódios.
No Sudeste do Brasil, durante a década de 1960, quando da realização da Campanha Nacional de Erradicação, o número de casos de Malária atingiu os seus números mais baixos. Hoje está sob controle.
Malária - também conhecida como Paludismo, é uma doença típica de países tropicais. No Brasil, por exemplo, é comum na Região da Floresta Amazônica e Estados Vizinhos, fazendo muitas vítimas todos os anos.
A Malária é provocada por protozoários parasitas, que são transmitidos para o ser humano através da picada de mosquitos contaminados, dos gêneros Aedes e, principalmente, Anopheles. Este protozoário causador da doença malarígena, é o Plasmodium. 4 espécies de plasmódios podem ocasionar a Malária em suas várias formas: Plasmodium Falciparum, Vivax, Ovale e Malariae.
O Plasmodium Falciparum é o protozoário mais disseminado e perigoso dos quatro envolvidos no desenvolvimento da doença. Quando não tratada a tempo pode levar a uma forma fatal de Malária cerebral.
A forma de transmissão da Malária foi descoberta em 1898 pelo pesquisador Ronald Ross. O mosquito pica uma pessoa infectada, levando os protozoários para outro hospedeiro humano ao picar este.
Após ter adquirido a enfermidade, a pessoa começa a apresentar alguns sintomas. O principal deles é a febre. O doente passa a sentir muito frio, seguido de fases de extremo calor (calafrios). Estas febres são constantes, porém a periodicidade é irregular. As dores de cabeça, náuseas, hemorragias e fadiga constituem também o quadro clínico.
A Malária pode provocar problemas hepáticos, respiratórios, cardiovasculares, gástricos e cerebrais. Logo manifestado os sintomas a pessoa de ser conduzida rapidamente a um médico ou hospital para iniciar o tratamento. Este é feito a base de remédios, e de uma substância chamada Quinina. Atualmente já existem vacinas, com efeito parcial contra a Malária.
Todavia, para evitar a propagação da Malária, convém controlar a invasão urbana do meio silvestre. Desta forma impedindo que o Anopheles, transmissor da doença, consiga procriar em zonas com alta densidade populacional. Eliminando acúmulos de água parada, criadouros artificiais próximos às residências, cavas e depressões no terreno alagado pelas chuvas, nas proximidades da urbanização, promovendo sua drenagem.
Além da utilização de drogas profiláticas e vacinas.
Mosquitos adultos (machos e fêmeas) alimentam-se de néctar e seiva de plantas, hábitos Fitófagos. Porém a fêmea precisa complementar sua alimentação com sangue, rico em nutrientes, usado para maturação dos seus ovos. Por este motivo, a hematofagia é mais intensa alguns dias após a metamorfose na fase adulta, e após a cópula com o macho. Os machos não tem preferência por sangue, embora possam ocasionalmente se alimentar dele antes do acasalamento.
Em média, a fêmea do mosquito vive de duas a três semanas, podendo chegar a seis semanas. A expectativa de vida do macho é menor. A fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante sua vida.
Seus ovos somente se desenvolvem na água. O aspecto deles também é distinto entre os gêneros, medem de 0,6 a 0,8 mm. O número de ovos colocados pela fêmea do mosquito depende muito da quantidade de sangue consumido, essencial para a maturação dos ovos. Em geral, as espécies costumam colocar mais de uma centena deles por postura, a eclosão ocorre de um a dois dias depois.
Sendo suas larvas adaptadas ao meio aquático, são nadadoras, sem pernas, possuindo finos pêlos e cerdas no corpo alongado. Nadam com movimentos de contorção, alimentam-se de debris orgânicos e micro-invertebrados. Dependendo da espécie respiram ar através do espiráculo abdominal, necessitando retornar à superfície de tempos em tempos para obter oxigênio.
Surgem então, as pupas (um dos seus estágios de desenvolvimento) dotadas de cefalotórax (cabeça mais tórax) e um abdômen curvado em forma de "vírgula", bastante móvel. Respiram ar usando para tal os dois chifres respiratórios da cabeça. Inicialmente têm cor esbranquiçada, mas escurecem nesta fase de dois dias.
As fases de desenvolvimento, em condições adequadas, variam de 7 a 10 dias, metamorfoseando-se no mosquito adulto. Saindo da pupa diretamente na superfície da água não precisando de uma base sólida para sustentação, valendo-se da tensão superficial do líquido, neste processo leva 10 minutos.
MOSQUITOS SÃO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA.
Não sentimos instantaneamente sua picada porque o mosquito injeta saliva anticoagulante, a qual impede o sangue de estancar, além de ser um anestésico natural que inibe sentirmos a picada furtiva. Entretanto, com efeito muito curto, de poucos segundos. Em seguida suga o sangue, você acaba sentindo um tipo de ardência imediata no local. É a ação do anestésico passando o efeito. Portadores de alergias às picadas apresentam irritação nos braços e nas pernas.
EMBORA MINÚSCULOS, OS MOSQUITOS SÃO MOTIVO DE GRANDE APORRINHAÇÃO.
Os mosquitos são de grande preocupação para o setor da Saúde Pública, pois podem transmitir várias doenças. Sendo também grandes causadores de incômodos, muitas áreas de recreação e descanso deixam de ser utilizadas devido a presença destes insetos. No período de proliferação, os moradores costumam reclamar do aumento dos mosquitos, impedidos de fecharem toda a casa por causa do calor, quando os insetos aproveitam para atacar. Matagais em terrenos e áreas urbanas abandonadas favorecem sua multiplicação.
Os repelentes mais comuns contêm substâncias químicas tóxicas e naturais, a base de solvente ou água, os quais afastam os mosquitos dos locais em que estão as pessoas. Mas convém aplicá-los (aerosóis, defumadores) com parcimônia, evitando inalação. Repelentes elétricos devem ser utilizados a 2 metros dos ocupantes no cômodo. Entretanto, a profilaxia eficaz é eliminar os inúmeros criadouros.
COMBATE AO FOCO DE MOSQUITOS - DISTRITO ITAPEMENSE [ABRIL/2013].
O histórico de ITAPEMA/SP no combate aos mosquitos data do final do século XIX, por sua característica rural, de várzea, charcos, brejos, lagoas e vegetação de Restinga. Os mosquitos desenvolviam-se bem neste ambiente propício, nas antigas plantações de banana ao longo das valas de dessecação, em maior número durante o período de Dezembro a Abril.
Por tutela administrativa à época, Itapema foi definido Distrito Sanitário ligado a vizinha Santos/SP, de modo a receber as ações de combate as epidemias (quase sempre Malária, entre outros tipos de enfermidades pestosas ocasionais), que se propagavam nas cidades da Baixada Paulista. Cada região tinha um Inspetor Sanitário. Era Inspetor da Ilha de Santo Amaro, o Dr. Guilherme Álvaro.
Naqueles tempos, os habitantes da região viviam tão assolados pelas epidemias que somente quando estas atingiam as raias de calamidade pública, e que eram consideradas dignas de registro, quase sempre rotuladas de flagelos ou castigos de Deus. Sem o beneplácito dos médicos de antanho ou dos laboratórios, esses poucos dados serviram, contudo, para demonstrar a presença das febres de caráter intermitentes e sazonais, então reinantes. Numerosos óbitos catalogados como consequentes às febres malignas, palustres, malário-tifo etc poderiam realmente tanto originar-se de uma infecção malárica, como de outras causas, tão comuns numa época em que nem os habitantes, nem o Poder Público, primavam em cuidados concernentes à higiene individual ou urbana.
Até então, no início da década de 1890 não se pensou em pôr cobro às endemias devastadoras constantes. Bastava acudir aos pestosos, tíficos, impaludados etc, consolando-os e, quase sempre, enterrando-os nas valas comuns da indigência. No mês de Janeiro de 1892 entrara para a Secretaria do Interior, o político (escritor) Dr. Vicente de Carvalho, que tomou o encargo de organizar o Serviço Sanitário Estadual em novos moldes de acordo com a orientação de torná-lo eficiente. O dito e nosso conhecido Secretário permaneceu até Setembro deste mesmo ano. Contudo, em sua gestão (Janeiro de 1892) as Autoridades do Serviço de Higiene do Estado e a municipalidade santense instalaram um Lazarento para variolosos, no Pae Cará, hospital que também auxiliaria na guerra contra as constantes epidemias.
Em Janeiro de 1894, chegaram ao Porto alguns Vapores transportando "amarelentos". Foram fundeados longe da Barra, operando carga e descarga sob quarentena e os doentes removidos para o Hospital provisório no Itapema, devido os problemas com epidemias em Santos/SP neste período.
Registrou-se casos de Impaludismo na Vila da Bocaina, em ITAPEMA/SP.
No dia 29 de Janeiro de 1901, um trabalhador dos depósitos da Wilson Sons, em ITAPEMA/SP foi atacado de Febre Amarela. Era caso gravíssimo, faleceu o doente na mesma data.
Registrou-se a ocorrência de Impaludismo, no ano de 1904, na Vila da Bocaina, Bairro Itapema e demais localidades da Ilha Santo-amarense.
Em 1914, o Impaludismo se alastrou e fez vítimas no Itapema, tanto quanto por toda Ilha de Santo Amaro. No ano seguinte (1915), a Febre Amarela vitimou novamente vários moradores da Ilha santo-amarense.
A Brigada Contra Mosquitos e Moscas agiu limpando a rede de valas e capinação nos núcleos povoados da Vila Bocaina e Bairro Itapema.
No ano de 1917, na Bocaina foram feitas 619 visitas em residências, comércios e expedidos 519 intimações para asseio. Ainda neste ano, nos Bairros Itapema e Bocaina foram inspecionados outros 1.599 quintais e terrenos, entregues 356 intimações para asseio. Realizou serviços de desinfecção das valas e construção de fossas para esgoto na Vila da Bocaina e Bairro Itapema.
Em 1918, a Brigada visita na Bocaina 859 terrenos e quintais e entregou 149 intimações para asseio e construção de fossas.
No ano de 1919, na Vila da Bocaina, a Brigada visitou 456 terrenos e quintais. No Bairro Itapema e imediações inspecionou 92 terrenos e quintais. Foram feitas intimações para construção de fossas latrinas, ficando quase concluídas as da Bocaina.
Todos esses esforços contaram com o trabalho científico do Inspetor Sanitarista Dr. Guilherme Álvaro, morador da Vila Balneária na Ilha de Santo Amaro, já em 1904. Depois registrado no livro 'A Campanha Sanitária de Santos, Suas Causas e Seus Efeitos', publicado naquele ano de 1919.
Em 1921, foi detectado um caso de Malária positivo em Itapema (Plasmodium Vivax) e mais 4 casos em Conceiçãozinha. No ano de 1922, um caso de Malária positivo em ITAPEMA/SP, também por Plasmodium Vivax. Em 1923, a Vila da Bocaina registrou 4 casos (Plasmodium Vivax), Conceiçãozinha: 4 casos, Bairro Itapema: 2 casos e Vargem Grande: 1 caso.
Pelo início da década de 1930 organizou-se o Serviço de Malária. Criava além de outros postos, o Posto de Malária da Bocaina. No ano de 1934, haviam muitos focos de Anofelinos existentes na Ilha de Santo Amaro, onde padeciam numerosos doentes e onde foram encontrados não somente focos larvários, como capturados os mosquitos adultos.
Conforme estudo de David Coda e Alberto da Silva Ramos, 'A Malária na Cidade de Santos' (1947), para o Serviço de Profilaxia da Malária do Estado de São Paulo, publicado em forma de Separata dos Arquivos de Higiene e Saúde Pública, reafirma que as localidades de ITAPEMA/SP eram altamente palúdicas, malarígenas. Pelos seus terrenos baixos e alagadiços, recortado de valas, formado de inúmeras depressões recobertas de vegetação rasteira, onde foram colhidas e identificadas diversas espécies de Anofelinos, entre os quais o Anopheles (N.) Tarsimaculatus (responsável no Litoral Paulista pela transmissão da Malária). Este vetor, ou seja, transmissor da doença foi encontrado em domicílios, principalmente nos Alojamentos dos "Praças" da Base Aérea, na Bocaina.
No decorrer dos anos de 1940 a 1946 foram atendidos 955 casos de Malária primitiva e 996 secundários. Na Ilha de Santo-amarense tiveram atendimento 4.773 habitantes. Em 1947, vingou intenso surto de Malária na região de ITAPEMA/SP.
Na Ilha de Santo Amaro foram identificados as seguintes espécies do gênero Anopheles: Tarsimaculatus, Strodei, Oswaldoi, Intermedius, Eiseni, Cruzzi, Bellator, Kompi, mediopunctatus. Estas espécies foram encontradas em estágio larvário e adulto. Sendo verificados os três tipos de plasmódios (protozoários causadores da Malária): Plasmodium Vivax, Falciparum e Malariae.
Os Sanitarista Corrêa & Ramos observaram na Ilha Santo-amarense, o mosquito Anopheles Eiseni em fase larvária, que prefere águas limpas e fonte de "olhos-d'água".
Estes apontamentos dão conta das dificuldades de controle dos mosquitos transmissores das doenças febrosas tropicais, causadoras de muitos óbitos no Distrito de ITAPEMA/SP e tão mais nas outras cidades da Baixada Paulista, naqueles tempos de epidemias reinantes. Que ainda em nossos dias, a cada estação chuvosa e quente, se vê assolada ou sob eminência de outras conhecidas epidemias.
A seguir conheceremos alguns Mosquitos que mais afetam a saúde dos seres humanos em território brasileiro, ressaltando determinadas particularidades:
AGENTE SANITÁRIO TOMA MEDIDA DE PREVENÇÃO PARA EVITAR CRIADOURO DE MOSQUITOS - DISTRITO ITAPEMENSE [MAIO/2012].
Em Janeiro de 1894, chegaram ao Porto alguns Vapores transportando "amarelentos". Foram fundeados longe da Barra, operando carga e descarga sob quarentena e os doentes removidos para o Hospital provisório no Itapema, devido os problemas com epidemias em Santos/SP neste período.
Registrou-se casos de Impaludismo na Vila da Bocaina, em ITAPEMA/SP.
OS MOSQUITOS CONTRA-ATACAM A PORTUÁRIA-ESTUARINA ITAPEMA/SP NA MARGEM ESQUERDA AO FUNDO [DÉCADA DE 1920].
Esforços foram concentrados nas ações sanitárias afim de debelar os agentes causadores de doenças. Criou-se a Brigada Contra Mosquitos e Moscas, atuante na ilha de Santo Amaro desde 1904.No dia 29 de Janeiro de 1901, um trabalhador dos depósitos da Wilson Sons, em ITAPEMA/SP foi atacado de Febre Amarela. Era caso gravíssimo, faleceu o doente na mesma data.
Registrou-se a ocorrência de Impaludismo, no ano de 1904, na Vila da Bocaina, Bairro Itapema e demais localidades da Ilha Santo-amarense.
Em 1914, o Impaludismo se alastrou e fez vítimas no Itapema, tanto quanto por toda Ilha de Santo Amaro. No ano seguinte (1915), a Febre Amarela vitimou novamente vários moradores da Ilha santo-amarense.
A Brigada Contra Mosquitos e Moscas agiu limpando a rede de valas e capinação nos núcleos povoados da Vila Bocaina e Bairro Itapema.
No ano de 1917, na Bocaina foram feitas 619 visitas em residências, comércios e expedidos 519 intimações para asseio. Ainda neste ano, nos Bairros Itapema e Bocaina foram inspecionados outros 1.599 quintais e terrenos, entregues 356 intimações para asseio. Realizou serviços de desinfecção das valas e construção de fossas para esgoto na Vila da Bocaina e Bairro Itapema.
Em 1918, a Brigada visita na Bocaina 859 terrenos e quintais e entregou 149 intimações para asseio e construção de fossas.
No ano de 1919, na Vila da Bocaina, a Brigada visitou 456 terrenos e quintais. No Bairro Itapema e imediações inspecionou 92 terrenos e quintais. Foram feitas intimações para construção de fossas latrinas, ficando quase concluídas as da Bocaina.
Todos esses esforços contaram com o trabalho científico do Inspetor Sanitarista Dr. Guilherme Álvaro, morador da Vila Balneária na Ilha de Santo Amaro, já em 1904. Depois registrado no livro 'A Campanha Sanitária de Santos, Suas Causas e Seus Efeitos', publicado naquele ano de 1919.
Em 1921, foi detectado um caso de Malária positivo em Itapema (Plasmodium Vivax) e mais 4 casos em Conceiçãozinha. No ano de 1922, um caso de Malária positivo em ITAPEMA/SP, também por Plasmodium Vivax. Em 1923, a Vila da Bocaina registrou 4 casos (Plasmodium Vivax), Conceiçãozinha: 4 casos, Bairro Itapema: 2 casos e Vargem Grande: 1 caso.
DO OUTRO LADO NA MARGEM ESQUERDA A PORTUÁRIA-ESTUARINA ITAPEMA/SP[1936].
Conforme estudo de David Coda e Alberto da Silva Ramos, 'A Malária na Cidade de Santos' (1947), para o Serviço de Profilaxia da Malária do Estado de São Paulo, publicado em forma de Separata dos Arquivos de Higiene e Saúde Pública, reafirma que as localidades de ITAPEMA/SP eram altamente palúdicas, malarígenas. Pelos seus terrenos baixos e alagadiços, recortado de valas, formado de inúmeras depressões recobertas de vegetação rasteira, onde foram colhidas e identificadas diversas espécies de Anofelinos, entre os quais o Anopheles (N.) Tarsimaculatus (responsável no Litoral Paulista pela transmissão da Malária). Este vetor, ou seja, transmissor da doença foi encontrado em domicílios, principalmente nos Alojamentos dos "Praças" da Base Aérea, na Bocaina.
No decorrer dos anos de 1940 a 1946 foram atendidos 955 casos de Malária primitiva e 996 secundários. Na Ilha de Santo-amarense tiveram atendimento 4.773 habitantes. Em 1947, vingou intenso surto de Malária na região de ITAPEMA/SP.
Na Ilha de Santo Amaro foram identificados as seguintes espécies do gênero Anopheles: Tarsimaculatus, Strodei, Oswaldoi, Intermedius, Eiseni, Cruzzi, Bellator, Kompi, mediopunctatus. Estas espécies foram encontradas em estágio larvário e adulto. Sendo verificados os três tipos de plasmódios (protozoários causadores da Malária): Plasmodium Vivax, Falciparum e Malariae.
Os Sanitarista Corrêa & Ramos observaram na Ilha Santo-amarense, o mosquito Anopheles Eiseni em fase larvária, que prefere águas limpas e fonte de "olhos-d'água".
Estes apontamentos dão conta das dificuldades de controle dos mosquitos transmissores das doenças febrosas tropicais, causadoras de muitos óbitos no Distrito de ITAPEMA/SP e tão mais nas outras cidades da Baixada Paulista, naqueles tempos de epidemias reinantes. Que ainda em nossos dias, a cada estação chuvosa e quente, se vê assolada ou sob eminência de outras conhecidas epidemias.
BRIGADA CONTRA MOSQUITOS - EQUIPE SANITÁRIA DE ITAPEMA/SP.
ESPÉCIME DO GÊNERO CULEX [PERNILONGO DOMÉSTICO].
No Brasil, ao se afastar das cidades e áreas urbanas, é difícil verificar a ocorrência desta espécie do gênero Culex. De fácil diferenciação quando inseto adulto, o Culex Quinquefasciatus possui uma coloração marrom e as pernas sem marcação distinta. Não sendo muito ágil, nem tão dificultoso de apanhar ou esmagá-lo num tapa.
Sazonalmente, devido a chegada das estações chuvosas, acelera-se o ciclo reprodutivo e de desenvolvimento dos mosquitos urbanos. Com a frequência das chuvas durante as temporadas mais quentes e úmidas, é comum encontrar em lajes empoçadas, velhos recipientes, canais a céu aberto e áreas encharcadas, pelas depressões represadas das calçadas, derrame de esgoto na sarjeta, depósitos de água suja, poluída, repleta de matéria orgânica em decomposição. Assim como em valões, cisternas, galerias pluviais, criadouros potenciais, ambiente preferido para a reprodução do Pernilongo doméstico.
Todo o seu ciclo de vida, o acasalamento e a postura dos ovos, se dá dentro dos terrenos ou imediações dos domicílios, caracterizando-o como semi-doméstico. Espreitam nas sombras dos quintais, jardins, material acumulado no terreno, áreas urbanas degradadas, ingressando no interior das casas, a fêmea Culex esperando a oportunidade de se alimentar com sangue humano, necessário para amadurecer seus ovos.
O Culex Quinquefasciatus é um mosquito noturno (horário maior de atividade), que prefere se alimentar no momento de repouso das pessoas. À noite, no escuro, o Pernilongo doméstico é atraído pelo gás carbônico desprendido na respiração humana, voando próximo do rosto. É por isso, que costumamos ouvir zumbidos tão característicos de sua aproximação, fazendo barulho junto aos ouvidos.
FÊMEA DO GÊNERO CULEX EMPANZINADA COM SANGUE [PERNILONGO DOMÉSTICO].
Quem zumbe é a fêmea do Culex. O macho emite o som proveniente da frequência de batidas das suas asas, que batem cerca de 1.000 vezes por minuto. Os machos do Culex não migram, ficam concentrados próximos dos locais de criação. Formam nuvens que são de fácil visualização, nas imediações do foco. Eles liberam um feromônio que atrai a fêmea. O Pernilongo então detecta a frequência do bater de asas da fêmea Culex (600 vezes por minuto) e vai voando até ela. Quando a encontra durante o voo nupcial, o Culex macho secreta uma cola, que usa como barreira protetora para seu próprio esperma, bloqueando assim a fecundação por outros pernilongos.
Na maior parte das ocasiões, o Pernilongo permanece grudado à fêmea Culex no ato da cópula. A tal cola o mantém preso à fêmea, após o ato de procriação. O Culex macho finda ao perder a vida por causa disto, pois a fêmea para se ver livre devora-o deixando apenas seus órgãos genitais. Deste modo, além de esperma, o Pernilongo supre a Culex fêmea de gametas, mais reserva alimentar proteica com o próprio corpo, até o instante que a fêmea ponha seus ovos. Todavia, a fêmea do Culex precisa de sangue para maturar o ovário e produzir ovos férteis. Ela voa até uma distância de 2,5 quilômetros caso preciso para fazer a hematofagia, alimentação do sangue de animais vertebrados e de seres humanos.
ANATOMIA ESQUEMÁTICA MACHO E FÊMEA GÊNERO CULEX [PERNILONGO DOMÉSTICO].
A fêmea Culex Quinquefasciatus deposita seus microscópicos ovos diretamente na água, com pouca ou nenhuma correnteza. Bem menos exigente prefere água turva, suja, composta de muita matéria orgânica e com temperatura mais elevada. Coloca-os sempre todos juntos, num mesmo criadouro. Uma substância viscosa une uns aos outros, formando uma "jangada" com dezenas de ovos., de pé, flutuando na linha da superfície da água. Os ovos do Culex não possuem resistência à dessecação e murcham quando retirados do meio aquático, não sendo mais viáveis, sem tempo de sobrevida. O número de ovos colocados pela fêmea Culex depende muito da quantidade de sangue consumido, necessário para a maturação dos ovos. A espécime Culex costuma botar cerca de 100 ovos por postura, mas esse número pode chegar a 200.
OVOS FLUTUANTES DO GÊNERO CULEX [PERNILONGO DOMÉSTICO].
Outra característica é a sensibilidade à luz. As larvas do Pernilongo doméstico acusam o excesso de luminosidade e, por isso, procuram as partes mais escuras ou sombreadas dos criadouros, mas movimentam-se espalhadas pela água represada.
CICLO BIOLÓGICO DO GÊNERO CULEX [PERNILONGO DOMÉSTICO].
O Culex não tem predileção por picar determinadas partes do corpo, pica aleatoriamente. A picada é quase indolor devido a substância anestésica que, ao mesmo tempo impede o sangue de coagular. A probóscide e a traqueia são tão finas, que o processo de coagulação do sangue logo entraria em ação e o Pernilongo doméstico não poderia sugá-lo. Contudo, alguns segundos após, o anestésico começa a provocar uma reação defensiva do organismo humano. É a partir daí que se seguem a coceira e a inflamação, reações tipicamente alérgicas.
As consequências físicas do ataque são inúmeras bolinhas vermelhas espalhadas pelo corpo. Por causa desta enzima liberada nos vasos sanguíneos, forma-se um pequeno hematoma.
Pode provocar aparecimento de vermelhidão no local e coceira, infectando com bactérias a pele. Principalmente aquelas pessoas que têm alergia à picada, gerando uma lesão purulenta conhecida por estrófulo.
FISIOLOGIA DO PERNILONGO DOMÉSTICO (GÊNERO CULEX).
Portanto, o Culex possui competência para abrigar uma variedade de agentes patogênicos e transmiti-los ao Homem por via da picada. Facilitado pelo processo de infecção do mosquito, num rodízio contaminante, quando este faz a Hematofagia, ao alimentar-se de sangue humano, de animais silvestres ou domésticos. Entretanto, a ocorrência de uma doença, surto ou epidemia depende de um ciclo de transmissão no qual participam vetores, hospedeiros e agentes patogênicos, acrescido de uma série de fatores ambientais e do comportamento.
Todavia, o Pernilongo doméstico está associado ao ciclo de transmissão da Filariose e da Dirofilariose (zoonoses) ambas de ocorrência em regiões quentes e de baixa altitude. Embora a incidência dessas doenças em regiões endêmicas possa estar relacionada à acomodação e adaptação do agente a microfilária.
Sendo o Culex o principal vetor da Filariose Bancroftiana, popularmente conhecida como Elefantíase.
TRANSMISSÃO DA FILARIOSE PARA O HOSPEDEIRO HUMANO.
Filariose - Parasitismo provocado por helmintos nematóides (as Filárias), as quais no estado adulto vivem no Sistema Linfático do hospedeiro causando obstrução do mesmo no Tecido Conjuntivo ou em partes do corpo humano.
A contaminação pela Wuchereria Bancrofti ocorre através da picada de um pernilongo do gênero Culex (mais comum), que introduz microfilárias infectantes. No instante qual o mosquito pica uma pessoa, as larvas das Filárias caem direto na corrente sanguínea humana e se instalam nos vasos e gânglios linfáticos.
A Linfa é a excreção das células que não é transportada pelo vaso sanguíneo, rica em lipídios. Assim, os vasos linfáticos servem para retirar essa Linfa do tecido, remover qualquer agente estranho e depois incorporá-la novamente ao sangue.
No interior desses vasos linfáticos, as Filárias se transformam em machos (menor) e fêmeas (maior) tendo o corpo fino e alongado, sofrem mudas (amadurecimento) ocorrendo reprodução assexuada com dispersão de microfilárias infectantes que atingem os vasos sanguíneos periféricos, isto num período de 3 meses. Os vermes nematóides adultos ficam alojados no Sistema Linfático, enquanto as microfilárias circulam pelo organismo interno por meio do fluxo sanguíneo.
Nos canais linfáticos, as Filárias causam diversas feridas e inflamações, podendo levar na fase crônica ao inchaço e aumento excessivo dos membros inferiores (hipertrofia do local afetado).
FILÁRIA - HELMINTO NEMATÓIDE CAUSADOR DA ELEFANTÍASE.
A disseminação da doença se dá no conhecido ciclo contagioso, quando o mosquito ao picar um indivíduo já contaminado adquire as Filárias. O hospedeiro definitivo é o Homem, seu hospedeiro intermediário é o mosquito. Tanto do gênero Culex, quanto Aedes e Anopheles.
A predileção do Culex por sangue humano e seu hábito noturno facilitam a transmissão da enfermidade. À noite, quando o indivíduo infectado está em descanso, as Filárias deslocam-se para os vasos periféricos, ficando mais próximas da superfície da pele, o que oportuniza a infecção do mosquito no momento que se alimenta de sangue humano.
Não há remédio eficaz, nem vacina contra a Filariose. Apesar da incidência da doença ter diminuído muito no Brasil nas últimas décadas, ela ainda representa um problema grave em regiões do país.
VARIEDADE DE PERNILONGO ( CULEX PIPIENS) - VETOR DE ARBOVIROSE.
Suspeita-se que a variável genética presente nestas regiões, é pouco resistente a picos de temperatura e tende a reduzir muito a frequência da população em períodos de inverno, bloqueando possíveis repasses de cargas virais para os descendentes.
NUVEM DE MOSQUITOS DO GÊNERO CULEX QUINQUEFASCIATUS (PERNILONGO DOMÉSTICO) - BRASIL.
MANTER A LIMPEZA E TRATAMENTO DOS CANAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS, A CÉU ABERTO, DIMINUI A PROLIFERAÇÃO DO PERNILONGO DOMÉSTICO [ITAPEMA/SP].
Entretanto, o acúmulo de água estagnada e a existência de valões e esgotos a céu aberto, charcos em terrenos abandonados, criadouros preferenciais do Pernilongo doméstico, são demonstrações da falta de cuidados, sobretudo de infra-estrutura precária de algumas regiões do Brasil para o efetivo combate. Podendo ser relacionado a outros importantes focos de endemias que ameaçam a população brasileira.
ESPÉCIME DO GÊNERO AEDES AEGYPTI.
Aedes (Stegomya) Aegypti (do Grego, "odioso" e Aegypti do Latim, "do Egito"), é a nomenclatura taxonômica para o Mosquito que é popularmente conhecido como "Mosquito-da-dengue", transmissor do Flavivírus causador da arbovirose. Pelo ano de 1762, é feita a primeira descrição científica por Linnaeus. Em 1818 tem estabelecido o nome definitivo.
O Aedes é um mosquito silencioso, arisco, tamanho menor que 1 cm, voo ágil, mas baixo, asas translúcidas cobertas de escamas e corpo de cor escura com marcações brancas, 3 pares de patas listradas e abdômen listrado de branco.
Proveniente da África, atualmente está distribuído por quase todo o Mundo, com ocorrência na regiões Tropicais e Sub-tropicais, sendo dependente da concentração humana na localidade para se estabelecer. É considerado o Mosquito mais urbano do Planeta. Tem preferência por se alimentar de sangue humano e ataca em plena luz do dia. O Aedes Aegypti está bem adaptado à zonas urbanas, mais precisamente ao domicílio humano. Tido como um mosquito doméstico.
ANATOMIA ESQUEMÁTICA MACHO E FÊMEA GÊNERO AEDES EGYPTI [VETOR DA DENGUE].
Dentro da habitação, o Aedes Aegypti espreita nas sombras da casa, debaixo de mesas e camas, atrás de móveis, entre cortinas, em nichos de estantes, por exemplo. Aguardando pelo ambiente doméstico a ocasião para se alimentar com sangue, fundamental na produção de seus ovos. Reproduzindo-se em vasos de flores, recipientes de aparo na rega de plantas, ralos sanitários, bandejas de descongelamento de geladeiras. Pelas imediações do quintal, em pneus velhos ao relento, caixas d'água destampadas, calhas de telhados, criadouros de disseminação do Aedes. Onde consegue procriar colocando seus ovos em pequenas quantidades de água limpa, parada, não necessariamente potável, pobres em matéria orgânica decomposta e sais (que confiram características de acidez à água), quanto estejam sombreadas e no peridomicílio.
FÊMEA DO GÊNERO AEDES AEGYPTI EMPANZINADA COM SANGUE [VETOR DA DENGUE].
Apesar de ter um alcance de voo de 300 metros, habitualmente permanecendo próximo ao local que nasce, o Aedes fêmea pode voar até 3 km à procura do criadouro adequado para a postura dos ovos.
A fêmea do Aedes dissemina seus ovos de modo isolado na parte úmida, próximo à lâmina d'água, pelas margens do criadouro. E não diretamente imerso na água, depositando-os por diferentes criadouros na mesma postura. Focos de água parada dos temporais repentinos, recipientes que acumulam a água da chuva em áreas descobertas.
Os ovos do Aedes têm cor clara quando depositados, no entanto escurecem após contato com o oxigênio. São elípticos (arredondados, porém afinados nas extremidades), seu tamanho varia entre 0,6 a 0,7 mm. O número de ovos colocados pela fêmea do Aedes depende da quantidade de sangue humano consumido, essencial para a maturação dos ovos. Geralmente, são colocados cerca de 100 a 200 ovos, por postura.
OVOS DO GÊNERO AEDES AEGYPTI.
LARVAS DO GÊNERO AEDES AEGYPTI.
Sensíveis à luz, as larvas acusam fototropismo negativo, pois não convivem bem com o excesso de luminosidade e por isso, procuram as partes mais escuras dos criadouros. No Aedes a aversão à luz é muito acentuada. Esse movimento de fuga quando atingidas por uma fonte de luz, é muito mais rápido.
PUPAS DO GÊNERO AEDES AEGYPTI.
O ciclo de desenvolvimento reprodutivo completo (ovo, larva e pupa) varia conforme a Temperatura, levando aproximadamente 8 dias no Verão, para dar vida a um Aedes Aegypti adulto.
CICLO BIOLÓGICO DO GÊNERO AEDES AEGYPTI.
O Aedes Aegypti está sempre mais ativo durante o dia, preferencialmente no início da manhã e no fim de tarde. Costuma voar baixo. Geralmente abaixo de 0,50 cm, discreto, pouco percebido, fugindo com qualquer movimento mais brusco da vítima. Prefere picar habitualmente os membros inferiores do corpo, menos sensíveis como canelas, tornozelos e pés.
Sua picada é pouco dolorosa, se alimentando de sangue humano e transmitindo por consequência o vírus da Dengue, espécie do gênero Flavivírus, da família Flaviviridae (vários subgrupos, muitas espécies) em que a maioria dos membros é composta por arbovírus transmitidos por mosquitos. Causador de doença febril aguda, encefalite, e as vezes hemorrágica, no ser humano.
Quando faz a hematofagia, a fêmea do Aedes injeta uma pequena quantidade de saliva, a qual contém substâncias anestésicas e que evitam a coagulação sanguínea. É neste momento que os agentes patogênicos, são inoculados na vítima.
MORFOLOGIA DO CICLO DE VIDA DO FLAVIVÍRUS CAUSADOR DE ARBOVIROSE (DENGUE).
Passando adiante, desta forma por vários hospedeiros, disseminando-se assim a doença. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote de ovos que produzem. Entretanto, o Mosquito-da-dengue tem uma peculiaridade que se chama "Discordância Gonotrópica", que significa ser capaz de picar mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos produzido, levando a uma maior taxa de dispersão da doença. Uma vez infectada, e isso pode ocorrer numa única inseminação, a fêmea do Aedes transmitirá o arbovírus por toda vida, havendo a possibilidade de pelo menos parte de seus descendentes já nascerem portadores do vírus.
O FLAVIVÍRUS NO SEU CICLO BIOLÓGICO TRANSMUTA DENTRO DA CÉLULA ATACADA.
Mesmo com a queda da temperatura, o período de estiagem, dada a sua versatilidade, o combate contra o Mosquito-da-dengue não deve diminuir.
Fora das cidades e áreas urbanas, é difícil verificar a presença do Aedes Aegypti, pois todo o seu ciclo biológico, o acasalamento e postura de ovos, se dá dentro ou próximo de domicílios. Embora, já tenha sido encontrado na zona rural, provavelmente foi levado em recipientes que continham ovos dessecados ou larvas.
O Aedes é um mosquito essencialmente diurno. Mas isso não significa que ele não pique à noite. Sendo um mosquito oportunista, dependerá das condições de infestação da área do foco e, provavelmente será picado mesmo no período noturno. Ainda porque o Aedes pode interpretar a luz elétrica dos cômodos como dia claro.
No Brasil, o Aedes Aegypti havia sido erradicado em 1955. Todavia no final da década de 1960 e 1970, o Mosquito-da-dengue voltou a colonizar as áreas urbanas brasileiras, vindo dos países fronteiriços, os quais não conseguiram promover a sua total erradicação.
COLÔNIA FORMADA DE FLAVIVÍRUS E CÉLULAS INFECTADAS PELO VÍRUS.
A Dengue é uma febre viral transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Em sua forma mais branda, a enfermidade afeta cerca de 50 milhões de pessoas a cada ano. A forma mais grave da doença pode ser mortal, e soma 1% (5 mil) dos casos no Mundo.
Na maioria dos casos a pessoa infectada não apresenta sintomas da Dengue, combatendo o vírus sem nem saber que ele está em seu organismo. Uma vez que o indivíduo é picado, demora de 3 a 15 dias para a enfermidade se manifestar, sendo mais comum de 5 a 6 dias. Para aquelas pessoas que apresentarem sintomas, a Dengue pode se manifestar clinicamente de três formas:
A Dengue clássica (simples) tem início súbito e os sintomas podem durar de 5 a 7 dias. Se assemelha a uma síndrome gripal com febre elevada (39°C a 40°C), causa fortes dores de cabeça e musculares, acompanhada de erupção cutânea, cansaço, enjoos, indisposição, vômitos. Apesar de gerar desconforto no paciente, a Dengue clássica (simples) é considerada uma patologia branda.
Síndrome de Choque da Dengue é a complicação mais séria da Dengue, se caracterizando por uma enorme queda e/ou ausência da pressão arterial, acompanhada de inquietação, palidez e perda de consciência. Uma pessoa que sofreu Choque por conta da Dengue pode apresentar várias complicações neurológicas e cardio-respiratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. Tanto mais, a Síndrome de Choque da Dengue não tratado pode levar a óbito em até 24 horas.
FLAVIVÍRUS CAUSADOR DA DENGUE.
Uma infecção curada de Dengue confere ao paciente imunidade contra o tipo de vírus responsável. Porém, existem 4 tipos diferentes de vírus, e para estar totalmente imunizado é necessário ter tido contato com todos eles. Caso contrário, a cada contágio com um novo tipo, os sintomas são mais intensos e o risco de desenvolver Dengue hemorrágica aumenta.
Não há tratamento preventivo (não existe vacina eficaz), nem tratamento curativo específico para a Dengue. Os cuidados terapêuticos consistem em tratar de sintomas a partir de medicamentos antitérmicos e analgésicos: Na Dengue clássica (simples), combate-se a febre, as dores de cabeça e a desidratação. Para a forma hemorrágica é vital a hidratação constante via oral e, se preciso por via intravenosa. Atendimento rápido e tratamento intensivo podem reduzir o número de óbitos a 1% dos casos.
FUMACÊ AÇÃO SANITÁRIA DO PODER PÚBLICO CONTRA O AEDES AEGYPTI - VETOR DA DENGUE [DISTRITO ITAPEMENSE].
Agindo deste modo, a Dengue não vai entrar em sua casa.
ESPÉCIME DO GÊNERO AEDES ALBOPICTUS.
Aedes (Stegomya) Albopictus, pertence ao grupo Scutellaris do subgênero Stegomya. Descrito cientificamente por Skuse em 1894. Originário do Sudeste da Ásia, por seu comportamento agressivo, daí a denominação "Tigre Asiático", o Aedes Albopictus colonizou, rapidamente, grande extensão do Continente Americano, ocupando ambientes urbanos e o periurbano.
O Albopictus é considerado vetor secundário do Vírus da Dengue (Flavivírus). Foi introduzido no Brasil pela década de 1980, apesar de não haver nenhum registro ou exemplares adultos infectados com o vírus no país. Está presente na Baixada Paulista desde 2010.
O Aedes Albopictus ainda é tido como um mosquito silvestre, de característica mais resistente às baixas temperaturas. No Brasil, o Albopictus é mais exofílico: escolhe lugares com maior cobertura vegetal para viver e se reproduzir como florestas, matas, bosques, hortos, parques arborizados. Seus hábitos são mais silvestres e, por isso, é mais encontrado em zonas rurais e suburbanas.
FÊMEA DO GÊNERO AEDES ALBOPICTUS [VETOR SECUNDÁRIO DA DENGUE].
Por pertencer ao gênero Aedes, o Albopictus apresenta características morfológicas similares e a mesma capacidade de proliferação do Aedes Aegypti.
A olho nu é muito comum confundir as duas espécies, por que ambas têm patas rajadas, abdômen listrado de branco. No entanto, um olhar atento ao tórax e a coloração dos mosquitos assemelhados, permite determinar as diferenças de maneira correta. O A. Aegypti tem o desenho de uma Lira, instrumento musical de cordas da Antiguidade (2 linhas no centro do dorso e 2 linhas curvas envolvendo). O Albopictus nesta mesma parte do corpo, apresenta uma única linha longitudinal (entre a cabeça e o dorso). Além disso, o A. Albopictus tem retinta cor enegrecida. Tendo as asas um pouco menores em relação aos outros gêneros.
DIFERENÇAS NO TINGIMENTO DE COR DO A. AEGYPTI E AEDES ALBOPICTUS.
É um mosquito muito agressivo, picando durante o período diurno. O pico de atividade do Albopictus se dá no início da manhã e ao entardecer. Sendo o período crepuscular o pico principal de atividade. Pica indiscriminadamente em várias partes do corpo humano, além de atacar outros animais.
Após a hematofagia e consequente maturação de seus ovos, a fêmea do Albopictus coloca os ovos em água parada da chuva, ou acúmulos artificiais, com pouca matéria orgânica decomposta. Os ovos do Albopictus podem permanecer viáveis por longo tempo de estiagem, eclodindo assim que as condições ambientes estiverem propícias.
OVOS DO GÊNERO AEDES ALBOPICTUS.
As pupas têm a peculiar aparência de uma "vírgula" e possuem tubos respiratórios (trompetas), os quais atravessam a água possibilitando a respiração. As palhetas natatórias das pupas do A. Albopictus são dotadas de cílios. No estágio de pupa está já não se alimenta, dentro do invólucro translúcido do cefalotórax há um Albopictus em mutação. Esta fase dura de 2 a 3 dias e as pupas se mantêm flutuantes, para a emergência do mosquito adulto.
LARVA DO GÊNERO AEDES ALBOPICTUS.
PUPA DO GÊNERO AEDES ALBOPICTUS DEIXA SEU ESTÁGIO LARVÁRIO.
CICLO BIOLÓGICO DO GÊNERO AEDES ALBOPICTUS.
A capacidade de dispersão rápida desta espécie, aliada à adaptabilidade para ocupar diferentes ambientes e de ser agressiva para mamíferos, induziu pesquisadores a levantarem hipótese sobre a potencialidade do A. Albopictus atuar como vetor da Febre Amarela e da Dengue. Trabalhos realizados em laboratório já comprovaram sua capacidade de transmissão do vírus, inclusive transovariana, ou seja, a capacidade de se infectar com o vírus e transmiti-los para seus descendentes.
Em território brasileiro, o Vírus da Dengue (Flavivírus) foi isolado uma única vez nas larvas do vetor Albopictus (1990), o que comprova sua capacidade de transferência do vírus para sua prole.
Isto reforça a peculiaridade vetorial dos Aedes, adaptação em áreas urbanas, bem como migrar entre o meio silvestre e sua suscetibilidade de contaminação por vírus diversos. A transmissão nos mosquitos ocorre quando estes sugam o sangue de uma pessoa ou animal portador do vírus. Após um período de incubação que se inicia logo depois do contato com o vírus, e dura entre 8 e 12 dias, estando os mosquitos aptos a propagar a doença.
Quanto a capacidade de transmissão da Febre Amarela pelo A. Aegypti, este também é responsável pela propagação do vírus amarílico, infectando-se com o arbovírus ao picar uma pessoa portadora da moléstia. Ciclo contaminante: Homem-Mosquito-Homem.
CICLO DE TRANSMISSÃO DA FEBRE AMARELA.
No Brasil, a Febre Amarela é endêmica, ocorrendo circunscrita aos Estados do Norte, alguns Estados do Nordeste e Centro-Oeste do país.
É uma doença viral de curta duração, cujos sintomas são: mal-estar, febre alta, evoluindo para náuseas, vômitos, hemorragias na boca, nariz e aparelho digestivo, além da pele ficar com um tom amarelado (icterícia). A Febre Amarela provoca lesões graves nos rins e fígado, podendo levar a óbito.
Há 2 tipos diferentes de Febre Amarela, a urbana e a silvestre, ambas manifestam essencialmente os mesmos sintomas.
A Febre Amarela urbana está praticamente erradicada em algumas regiões do território brasileiro. Embora o Aedes seja transmissor, a carga viral é reduzida. Contudo, populações citadinas (Região Sudeste) residentes junto a parques ecológicos, áreas de vegetação originária, estão sujeitas à transmissão urbana da doença, quando da mortandade de animais (macacos) e surgimento de casos entre indivíduos destas localidades, a indicar possível surto de Febre Amarela. Fazendo-se necessário vacinação emergencial da população.
O vetor do tipo silvestre é o mosquito Haemagogus, que adquiriu o arbovírus de um macaco infectado e transmitiu ao Homem. Ciclo contaminante: macaco (animal)-mosquito-homem. Ou seja, é uma doença de animais que ataca o ser humano.
Quem viaja para regiões onde a enfermidade é endêmica deve tomar vacina 10 dias antes do embarque. A eficácia da vacina contra a Febre Amarela é de 10 anos.
ARBOVÍRUS DA FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE - CAUSADOR DA FEBRE AMARELA.
O Aedes Albopictus consegue se dispersar com facilidade entre a Mata e a Cidade. Como existe muito vírus circulando em ambientes silvestres, o Albopictus por sua peculiaridade exofílica, se torna um vetor potencial para se infectar com o vírus silvestre e trazer este vírus para o ambiente urbano.
Acresce considerar que estudos laboratoriais demonstraram a competência vetora desta espécie para transmitir 18 Arbovírus, incluídos em 3 Famílias. Entre eles, vale destacar, o Vírus da Encefalite Equina do Oeste, Encefalite Equina do Leste, Mayaro e La Crosse. Isso sugere que o Albopictus tem potencialidade para atuar como vetor de Arbovírus de importância em Saúde Pública nas áreas onde foi introduzido.
Em estudos laboratoriais, o Aedes Albopictus mostrou-se competente para transmitir a Dirofilária Immitis. Paralelamente, o mosquito foi encontrado infectado por D. Immitis na natureza, por isso considerado possível vetor natural da Filariose. Sua potencialidade de ocupar diferentes ambientes, sugere que o Albopictus poderá aumentar a probabilidade de disseminação da Filariose nas áreas urbanas. A infecção prévia do A. Albopictus por Dirofilária Immitis, parece aumentar a taxa de infecção do mosquito pelo Vírus Chikungunya, em condições experimentais.
A espécie Albopictus é alvo de estudos que monitoram o crescimento de sua população e investigam seus aspectos biológicos e ecológicos em comparação aos do A. Aegypti.
Os dois vetores do gênero Aedes têm potencial para transmitir vírus e protozoários. Dentre estes, o causador da Febre Chikungunya e Zika Vírus.
ALPHAVÍRUS CAUSADOR DA FEBRE CHIKUNGUNYA.
A Febre Chikungunya acarreta febre alta, dor de cabeça, vermelhidão ou inflamação da pele (coceira), fadiga, dores musculares e nas articulações, que podem acompanhar o paciente por meses. Nos casos mais agudos essas dores se assemelham à Artrite Reumatóide e em situações extremas podem levar à deformidades. Os sintomas mais intensos do quadro clínico costumam durar de 3 a 10 dias.
No idioma africano Makonde, a expressão Chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes assumem tomados pelas penosas dores articulares que esta enfermidade causa.
Entretanto, o Vírus da Chikungunya mata com menos frequência comparada a outras doenças febrosas tropicais (Dengue, Febre Amarela, Malária etc). Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, a Febre Chikungunya pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
ZIKA VÍRUS IMAGEM MICROSCÓPICA - CAUSADOR DA ZIKA E MICROCEFALIA FETAL.
Zika - Enfermidade febril provocada pelo Zika Vírus, do gênero Flavivírus, da família Flaviviridae. O vírus da Zika é endêmico no Leste e Oeste do Continente Africano. Foi isolado experimentalmente pela primeira vez num Macaco Rhesus, em 1947 na Floresta de Zika, perto de Entebee - República de Uganda. A cargo do Dr. Jordi Casals (Fundação Rockefeller). Sendo isolado num humano em 1968, na Nigéria. Os hospedeiros vertebrados do Zika Vírus incluem macacos e humanos.
Doença também conhecida como Febre Kiza, nos humanos transmitida através da picada do mosquito Aedes Aegypti.
Ao contrair o Zika Vírus os sintomas podem surgir, quase imperceptivelmente, duram entre 3 e 12 dias gerando mal-estar, febre baixa, olhos vermelhos, cefaléia leve, dores em articulações e musculares, erupção cutânea com pontos brancos ou vermelhos pela pele. Cerca de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas da Zika. Quando sim, são confundidas com sintomas de outras doenças febris dado a semelhança. Confirmando-se os sintomas da Zika, principalmente as dores articulares podem persistir por até 1 mês.
ZIKA VÍRUS ATIVO DENTRO DO ORGANISMO HUMANO.
Acredita-se que a patogênese do Zika Vírus consista inicialmente em infectar células dendríticas próximas ao local da inoculação, espalham-se então pelos nódulos linfáticos e na corrente sanguínea. Em termos de replicação, os Flavivírus tendem geralmente a se replicarem no citoplasma celular, mas os antígenos do vírus da Zika foram encontrados em núcleos de células infectadas.
Não existe tratamento específico ou vacina para o combate à Zika. Nos casos sintomáticos é feito o controle do quadro clínico existente. Uma vez infectado com o Zika Vírus e passado o estado de convalescença, o indivíduo não volta a manifestar a enfermidade. Todavia, o vírus da Zika traz consequências graves para as gestantes.
Não existe tratamento específico ou vacina para o combate à Zika. Nos casos sintomáticos é feito o controle do quadro clínico existente. Uma vez infectado com o Zika Vírus e passado o estado de convalescença, o indivíduo não volta a manifestar a enfermidade. Todavia, o vírus da Zika traz consequências graves para as gestantes.
ILUSTRAÇÃO ATAQUE DO ZIKA VÍRUS AO FETO HUMANO.
Pois o Zika Vírus também está relacionado a diagnósticos de Microcefalia adquirida por bebês humanos, como causador da anomalia. Cientistas brasileiros constataram por estudos que o vírus é capaz de penetrar a placenta durante a gravidez, alcançando o feto em sua formação uterina.
A Microcefalia é uma condição neurológica, em que o perímetro cefálico (tamanho do cérebro) encontra-se menor do que o normal. Muitas vezes o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Esta Microcefalia pode ser congênita ou adquirida, por exemplo contaminação pela picada do mosquito da espécie Aedes.
ILUSTRAÇÃO ASPECTO CRÂNIO DE BEBÊ AFETADO DE MICROCEFALIA.
As crianças com Microcefalia podem apresentar atraso mental, déficit intelectual, Autismo, convulsões, epilepsia, paralisia e rigidez dos músculos. Os danos cerebrais são severos e não tem cura, podendo a criança precisar de cuidados por toda vida.
O Brasil notificou as primeiras ocorrências em 2015, configurando-se mais preocupantes nos Estados do Nordeste brasileiro com inúmeros casos de mulheres grávidas (vítimas do Zika Vírus), que tiveram seus bebês acometidos de Microcefalia.
ESPÉCIME DO GÊNERO ANOPHELES DARLINGI [VETOR PRIMÁRIO DA MALÁRIA NO BRASIL].
Anopheles - gênero de Mosquito constituído de numerosa espécie. Sua descrição científica foi feita por Meigen, no ano de 1818. O mosquito Anopheles está presente em diversas localidades do globo terrestre. Encontra-se sobretudo, nas áreas subtropicais e tropicais.
O Anopheles (conhecido como mosquito-prego, muriçoca) apresenta coloração escura, marcas brancas no corpo, palpos e pernas. Asas longas, com escamas formando padrões de tons claros e escuros. Durante o pouso, no momento da picada devido seu sifão diminuto, o Anopheles posiciona-se oblíquo ao ponto de pouso, o abdômen em ângulo para o alto.
Os anofelinos são espécies mais comuns em zonas rurais e áreas silvestres. Sua ocorrência se dá o ano todo, significativamente no período chuvoso. Sendo mais frequente no intra, do que no peridomicílio, demonstrando adaptabilidade em maior ou menor concentração no convívio com o ser humano nas habitações. O Anopheles dissemina-se à medida das alterações, que o Homem produz no meio silvestre. Anualmente o mosquito anofelino provoca a morte de 1 milhão de pessoas por todo o Mundo. Existem cerca de 400 espécies neste gênero, 40 delas são transmissoras do Plasmodium (causador da Malária), e a mais comum é o Anopheles Gambiae.
ANATOMIA ESQUEMÁTICA MACHO E FÊMEA GÊNERO ANOPHELES.
Prefere águas pouco agitadas, fundas, pouco turvas e ensolaradas ou parcialmente sombreadas, utilizando corpos d'água maiores e mais isolados para procriar.
OVOS FLUTUANTES DO GÊNERO ANOPHELES.
Os ovos dos Anopheles medem cerca de 0,5 mm, também são flutuantes, mas depositados direta e individualmente na água pela fêmea, separados uns dos outros.
ESTÁGIO LARVÁRIO E PUPA, METAMORFOSE DO GÊNERO ANOPHELES.
CICLO BIOLÓGICO DO GÊNERO ANOPHELES.
O Anopheles ainda é motivo de grande preocupação na Região Amazônica. No Brasil, são relatados cerca de 500 mil casos anuais de Malária, 99% dos quais ocorrem na Amazônia. Os vetores da Malária no território brasileiro são: Anopheles Darlingi, Anopheles Aquasalis, An. Bellator, An. Cruzii e An. Albitarsis, menos encontrado que as outras espécies. Transmissores inclusive da Filariose Linfática.
Anopheles Darlingi - Teve sua descrição científica por Root, em 1926. É identificado como vetor primário da Malária no Brasil, sendo encontrado principalmente na Região Amazônica. Mas, presente em todo o interior do território nacional, com exceção das regiões secas do Nordeste, do extremo Sul brasileiro e nas zonas de grande altitude.
Estando altamente suscetível à infecção de Plasmódios, protozoários responsáveis pelos casos de Malária (Paludismo).
Utiliza acúmulos maiores de água para o ciclo biológico (ovo=larva=pupa=mosquito), lagoas, açudes, represas, remansos formados nas curvas dos rios. Seus criadouros são naturais, de água limpa, funda, pouco turvas e ensolarada ou parcialmente sombreadas.
Por sua preferência oportuna pelo sangue humano, costuma atacar as pessoas dentro das casas, ao crepúsculo do dia e nas altas horas da noite.
ESPÉCIME DO GÊNERO ANOPHELES AQUASALIS (VAR. TARSIMACULATUS) - VETOR DA MALÁRIA NO LITORAL BRASILEIRO.
Anopheles Aquasalis (var. Tarsimaculatus) - subgênero Nyssorhynchus. Descrito em estudos científicos por Curry, no ano de 1932. Sua distribuição ocorre de modo característico no Litoral Atlântico. É considerado o principal vetor da Malária na Costa brasileira, devido sua necessidade por água com alguma salinidade, pois favorece o desenvolvimento de suas larvas. O predomínio do Anopheles Aquasalis é favorecido pela ambientação aos acúmulos de água salgada, situados próximo a faixa litorânea, dominada pelo manguezal, onde há associações de solos alagados por chuvas, córregos, salinos e mal drenados. Cria-se em pequenos e maiores acúmulos de "água-doce" com ligeiro teor de cloreto de sódio.
Prolifera-se intensamente no período de chuvas, particularidade imposta pela relativa transitoriedade de seus criadouros. Vive escondido em moitas de capim, ocos de árvores, touceiras de plantas.
O An. Aquasalis é definido como um mosquito zoofílico e essencialmente crepuscular, com picos de atividade noturna, atacando com mais frequência animais: vacas, cavalos, bois, porcos, cães e aves, mostrando preferência por animais de grande porte. Entretanto, isso confirma que o Aquasalis é um mosquito dotado de variável comportamento alimentar quanto a fonte sanguínea para a sua hematofagia, sendo capaz de sugar, espontaneamente, seres humanos. Também é um anofelino exofílico, entrando nas casas para picar apenas quando sua infestação está elevada, oportunidade que tem de atacar o Homem em maior número, e assim transmitir a Malária.
CICLO DE TRANSMISSÃO DO PLASMODIUM E DESENVOLVIMENTO DA MALÁRIA.
No final do século XIX, por seu aspecto altamente palúdico, malarígeno (já mencionado neste capítulo), ITAPEMA/SP bem como a Ilha de Santo Amaro, junto com a Baixada Paulista sofriam acometidos de endemias constantes. Fez-se necessário um combate intenso das autoridades sanitárias aos causadores das epidemias (Malária, Febre Amarela, dentre outras), que ceifaram muitas vidas.
O vetor primário, responsável pela disseminação da Malária no Litoral Paulista, naqueles tempos, era o Anopheles Aquasalis (var. Tarsimaculatus).
Pelas décadas de 1930 e 40, a Ilha de Santo Amaro serviu de laboratório natural de renomados sanitaristas e infectologistas, para estudos dos Anopheles e da Malária. Identificando variação do gênero anofelino (um mosquito nativo da Ilha Santo-amarense), a espécie An. Oswaldoi Guarujaensis (Ramos).
Foram registrados ainda as seguintes espécies do gênero Anopheles: Strodei, Intermedius, Eiseni, Cruzii, Bellator, Kompi, mediopunctatus. Encontradas em estágio larvário e adulto. Verificou-se contaminação pelos 3 tipos de plasmódios.
No Sudeste do Brasil, durante a década de 1960, quando da realização da Campanha Nacional de Erradicação, o número de casos de Malária atingiu os seus números mais baixos. Hoje está sob controle.
O PLASMODIUM FALCIPARUM INVADE O ORGANISMO HUMANO INOCULADO PELA PICADA DO ANOPHELES.
Malária - também conhecida como Paludismo, é uma doença típica de países tropicais. No Brasil, por exemplo, é comum na Região da Floresta Amazônica e Estados Vizinhos, fazendo muitas vítimas todos os anos.
A Malária é provocada por protozoários parasitas, que são transmitidos para o ser humano através da picada de mosquitos contaminados, dos gêneros Aedes e, principalmente, Anopheles. Este protozoário causador da doença malarígena, é o Plasmodium. 4 espécies de plasmódios podem ocasionar a Malária em suas várias formas: Plasmodium Falciparum, Vivax, Ovale e Malariae.
O Plasmodium Falciparum é o protozoário mais disseminado e perigoso dos quatro envolvidos no desenvolvimento da doença. Quando não tratada a tempo pode levar a uma forma fatal de Malária cerebral.
GAMETÓCITOS MACHO E FÊMEA DO PLASMODIUM FALCIPARUM NA CORRENTE SANGUÍNEA - CAUSADOR DA MALÁRIA.
Após ter adquirido a enfermidade, a pessoa começa a apresentar alguns sintomas. O principal deles é a febre. O doente passa a sentir muito frio, seguido de fases de extremo calor (calafrios). Estas febres são constantes, porém a periodicidade é irregular. As dores de cabeça, náuseas, hemorragias e fadiga constituem também o quadro clínico.
A Malária pode provocar problemas hepáticos, respiratórios, cardiovasculares, gástricos e cerebrais. Logo manifestado os sintomas a pessoa de ser conduzida rapidamente a um médico ou hospital para iniciar o tratamento. Este é feito a base de remédios, e de uma substância chamada Quinina. Atualmente já existem vacinas, com efeito parcial contra a Malária.
PLASMODIUM FALCIPARUM ATACA OS GLÓBULOS VERMELHOS DA PESSOA INFECTADA PELA MALÁRIA.
Todavia, para evitar a propagação da Malária, convém controlar a invasão urbana do meio silvestre. Desta forma impedindo que o Anopheles, transmissor da doença, consiga procriar em zonas com alta densidade populacional. Eliminando acúmulos de água parada, criadouros artificiais próximos às residências, cavas e depressões no terreno alagado pelas chuvas, nas proximidades da urbanização, promovendo sua drenagem.
Além da utilização de drogas profiláticas e vacinas.
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