__________ Itapema, suas histórias... __________

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A PEDRA DE ITAPEMA

PINHÃO ROCHOSO GRANÍTICO DA PEDRA DE ITAPEMA/SP.

O topônimo ITAPEMA/SP está relacionado ao pinhão rochoso granítico, que deu origem ao seu nome primevo, onde foi erguido o Forte de Itapema (século XVI), ícone emblemático da História da cidade:
Procedendo do Tupi: ITA "pedra", PÉ "quebrar, torcer, dobrar", e o sufixo MA (breve) para formar supino - como ensina João Mendes de Almeida, com o significado de "morro quebrado mais de uma vez ou pedra muito quebrada". Designa-se ainda o nome ITA (pedra) - PEMBA (lascada) que deriva da forma como os nativos referiam-se ao local em função da formação rochosa (granítico geológico, Pedra de Itapema).
Constituída num colosso de rocha formado durante Eras geológicas. Arrecife aflorado na margem esquerda itapemense, avançando até o meio do estuário do Porto (onde sobressaíam picos à superfície d'água, com maré rasa) então submergindo em seu leito marinho, na extensão sul do canal portuário. Contando com cerca de 30 mil metros cúbicos de massa.
FORTE ITAPEMENSE ERGUIDO SOBRE O PINHÃO GRANÍTICO DA PEDRA DE ITAPEMA/SP.

Noutros tempos, os Navios-veleiros que adentravam o estuário do Porto (também dito pelos indígenas, Guarapiçumã) ou dependiam dos ventos favoráveis, senão tinham de ser rebocados por escaléres impulsionados a remo, cujo percurso era margeado por pequenas enseadas dotadas de bancos de areia ou pedras submersas, as quais provocavam grossas avarias nas embarcações. Muitos Capitães tiveram seus barcos perfurados pelos traiçoeiros obstáculos naturais do estuário, que infundiam terror a marujada. 
Embora com proporções propícias para a navegação, o Porto teve em seu estuário algumas formações rochosas que representavam empecilho significativo a expansão dos serviços portuários. Interferindo assim no tráfego normal das embarcações, agora aparelhadas de motores. Por esta razão em 1908, erguem Torre de 14 metros de altura e instalam holofote elétrico, convertendo o Forte de Itapema - em Farol, destinado a orientação naval no  canal do Porto.
O PINHÃO DA PEDRA DE ITAPEMA ASSENTA O FAROL [FORTE] NA MARGEM ESQUERDA ITAPEMENSE/SP. 
PINHÃO GRANÍTICO À BEIRA DO FORTE [FAROL] DE ITAPEMA/SP.
PINHÃO DA PEDRA DE ITAPEMA A FLOR D'ÁGUA DO FORTE ITAPEMENSE.
A PEDRA DE ITAPEMA - O FAROL ITAPEMENSE E O DISTRITO AO FUNDO.

Os operadores portuários, Companhias marítimas, comerciantes dependentes das mercadorias trazidas pelos barcos e navios que transitavam pelo Porto, reclamavam pedindo a demolição destas rochas devido a localização desfavorável.
Olao Rodrigues (repórter) registra no início da década de 1970 haver no estuário entre a Ponte de Atracação das Barcas em Vicente de Carvalho e a enseada do Forte de Itapema, uma pedra submersa de grande porte, perigosa à navegação, em cuja área se assentavam bóias demarcatórias como aparelhos de segurança de tráfego. Era laje que apresentava profundidade de "menos de 3 metros", fazendo-se necessário o derrocamento (desmontagem, fragmentação com retirada dos pedaços) para deixá-la a menos de 12 metros do nível do mar, reduzida assim de quase 9 metros sua superfície em relação ao zero hidrográfico do Porto, sem portanto, maior perigo para a navegação do Estuário.
A BARCA ITAPEMENSE CRUZA O ESTUÁRIO AO LARGO DO FAROL E DO PINHÃO DA PEDRA DE ITAPEMA [ANOS DE 1920].
PINHÃO DA PEDRA DE ITAPEMA E O FAROL ITAPEMENSE - MARGEM ESQUERDA DO PORTO.
PINHÃO DA PEDRA DE ITAPEMA QUE ASSENTA O FORTE [FAROL] ITAPEMENSE AVANÇA ESTUÁRIO ADENTRO [ANOS DE 1960].

Tal intervenção se fazia imprescindível, pois conforme a localização da Pedra de Itapema, o leito navegável fica estreitado. Se encontrando no caminho dos grandes navios. O granítico itapemense dificultava a navegação em mão-dupla no estuário do Porto. Com o alargamento de 150 para 220 metros entre uma margem e outra.
Pelo final dos anos de 1960, pretendia-se a derrocada da rocha abrindo-se concorrência que foi anulada.

[Localização  da Pedra de Itapema no estuário do Porto]
 
Outro aspecto deve-se ao fato de que os navios modernos (transatlânticos e cargueiros) estão cada vez mais avantajados, seu calado maior (distância entre a superfície da água e o fundo do casco) carecendo de mais profundidade para singrar melhor as águas do Porto. A dragagem de aprofundamento do canal portuário permitirá o aumento do calado do cais, dos originais 12 metros para 15 metros.
Análises precisam ser realizadas: Batimetria (verificação da profundidade do calado), características geológicas do maciço rochoso, equipamentos adequados, uso de explosivos.
Em 1970, efetivou-se nova tomada de preços (nº 27/70) promovida pela Companhia Docas (CDS), à conta dos recursos do Fundo de Melhoramentos do Porto. Quem executou o serviço pelo valor de Cr$ 530 mil cruzeiros, foi a Construtora Aulicino, de São Paulo. Que programou 22 explosões à dinamite, com prazo de execução até Novembro de 1970. Fiscalizada pela Inspetoria do Porto e do Departamento Nacional de Portos e Vias navegáveis.
ILUSTRAÇÃO DO MACIÇO GRANÍTICO NO LEITO MARINHO DO ESTUÁRIO DO PORTO.

Em meados dos anos 2000, novos levantamentos técnicos são feitos visando implodir uma vez mais o granítico rochoso da Pedra de Itapema.
Às 16:22 h., do dia 19 de Novembro de 2011, aconteceu a última detonação (de uma série) para derrocagem parcial da Pedra de Itapema, localizada na margem esquerda do estuário do Porto. Para isso, foram utilizados 1.251 quilos de explosivos distribuídos em 21 furos dispostos em três linhas. Operação a cargo do navio Yuan Dong 007, equipado com perfuratriz.
O tráfego na via aquaviária foi interrompido, inclusive das Barcas e catráias, durante as operações de detonação, afim de garantir a segurança das embarcações e trabalhadores que cruzam o canal portuário. Estando o perímetro da implosão sinalizado com bóias.
Antes que o serviço fosse realizado, a CODESP afirmou ter vistoriado o Forte de Itapema e a Estação das Barcas, de Vicente de Carvalho. Para assegurar a integridade das edificações situadas a até 500 metros. Além de outros estudos feitos com a finalidade de identificar as características da rocha, como tamanho e consistência. Levantamentos complementados pelo Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto no Meio-Ambiente (EIA-RIMA).
DETONAÇÃO DA PEDRA DE ITAPEMA/SP - MARGEM ESQUERDA DO PORTO [NOV/2011].
DETONAÇÃO DA PEDRA DE ITAPEMA/SP - MARGEM ESQUERDA ITAPEMENSE.
DETONAÇÃO DA PEDRA DE ITAPEMA/SP - MARGEM ESQUERDA DO PORTO [NOV/2011].

As intervenções ocorreram no período de baixa maré, quando geralmente apresenta menor circulação de navios. Sempre em intervalos de 3 horas.
Mergulhadores estarão trabalhando no local para a retirada dos pedregulhos da implosão da Pedra de Itapema, do fundo do estuário. Serão retirados 11.260 mil metros cúbicos do granítico itapemense.
A STER Engenharia, empresa responsável pelo serviço, fará a dragagem do material derrocado. A retirada dos fragmentos deve ser feita por intermédio de uma Draga Clamshell (com garras mecânicas em formato de concha), sendo transportado em barcaças.
Os serviços foram  custeados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), orçado em R$ 25.592.142,96 milhões de reais. As atividades desenvolvidas no decurso das operações de derrocagem acompanhadas pelo Consórcio CHL, contratado pela Secretaria dos Portos (SEP), para fiscalização do empreendimento (dragagem de aprofundamento e derrocagem de formações rochosas). Ainda, Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP), Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (FUNDESPA) - responsável pelo Programa de Mitigação dos Impactos do serviço.
O FORTE [FAROL] ITAPEMENSE E O PINHÃO DA PEDRA DE ITAPEMA.
PINHÃO GRANÍTICO DA PEDRA DE ITAPEMA À BEIRA DO FORTE [FAROL] ITAPEMENSE.

[Pedra de Itapema vista da margem esquerda] 




Parte da pedra permanece lá, incrustada na margem itapemense num pinhão granítico, aflorado à beira do Forte de Itapema, a testemunhar a solidez resistente do lugar.
 

Um comentário: