Nascido de batismo Antonio Maria Durão. Porém, numa dessas ambiguidades da "natureza humana" descobriu-se Greta Jean. Uma legítima "pérola do atlântico" refulgente no ostracismo do Distrito itapemense... Seu padrasto maldizia, puta que o pariu era o cúmulo um filho-viado emprestado! Parentes que o viram ainda homenzinho, escandalizados. A mãe resignada vinha em defesa, pois sempre quis uma filha.
Greta decidiu sair de casa e viver essa sua identidade feminina. Resoluta foi morar num "quintal de cômodos" no bairro Vila Áurea. Aprendeu a ganhar o sustento nas esquinas correndo riscos, quando o pudor impedia as moças de família do lugar ou alguma forasteira desabusada, de virar prostituta... Puta conhecida e apontada: a "Peoneira de Itapema", na tresloucada década de 1980. Que anos aqueles! Complementava o aluguel fazendo unhas mais penteados das amigas, vendia lingeries...
...Desde o princípio percebera as coisas de viés. Esse notório estranhamento. Na escola chacota dos garotos por seu jeito frágil. Tempos depois, os policiais que iam lá ensinar bons costumes ao chutar-lhe o traseiro sensual. A sociedade que cuspia e atirava pedras a condenar pela sina escolhida. Repetidas noites que passavam de carro pela Via Santos Dumont e gritavam piadas.
- Eu sou é muito macho, pra estar aqui!!... - Subia nas tamancas cansada de ser enlameada.
CONHECIDO POINT DAS TRAVESTIS NA ESQUINA DA RUA MANOEL OTERO RODRIGUES [ITAPEMA/SP].
Greta Jean trazia no corpo as marcas do martírio: silicone, hormônios, depilação a laser, mega-hair... A própria borboleta do asfalto. Beleza incomum de formas feminis, pele dum caramelo aveludado, seios mamilosos, coxas bem torneadas, a bunda tesa atraente. Irresistível para alguns anônimos do sexo masculino...
O traveco sonhava com Milão, shows nas boates paulistanas, dias de glória no carnaval. Desfrutar a Estância Balneária somente em passeios de veraneio. Era de Virgem e queria encontrar um "bofe" de Capricórnio. Assim distraia as horas, entre cigarros e drops, naquele penoso aguardo da clientela.
Já pelas tantas da madruga apareceu Tião. Montado no seu bruto, castigando firme no freio a ar do possante "cavalo", calotas faiscantes na sarjeta... Uma cavalgadura de pessoa. Cavalheirescamente escancarou a porta do caminhão. Dentro da cabine tocava um dos sucessos da dupla sertaneja 'João Mineiro & Marciano', todo o painel luminescente, os ponteiros tesos estremecidos dos arranques do motor.
- Como é...? Tô cum apetite daqueles, belezura! - Sorriso sádico no canto da boca, olhar faminto. Tião escorregou pelo banco de couro para o estribo do veículo. Só de calça jeans caída até a virilha, o torso másculo desnudo.
- Virgem nossa!? Donde saiu isso?
- Hoje quero variar. Fazer um troço diferente... Sexo animal, manja? - O caminhoneiro errante avançava o sinal empurrando a pobre boléia adentro, as fuças debaixo da mini-saia a morder-lhe as nádegas aflitas.
- Ai, meu deus! Por que não nasci mulher? Todo mundo quer me ver pelas costas.
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