__________ Itapema, suas histórias... __________

sexta-feira, 25 de julho de 2014

COMBATES NA BAIXADA PAULISTA EM 1932

ATAQUES AÉREOS NA FRENTE COSTEIRA - LITORAL PAULISTA 1932.

Tendo sido vitoriosa a Revolução Tenentista de 1930, liderados por Getúlio Vargas, suplantada a Velha República, os Liberais do Partido Democrático e as Elites Paulistas esperavam que o Brasil voltasse a normalidade democrática. Contudo, Vargas negava-se a estabelecer uma nova Constituinte. Bem como mantinha a Intervenção Administrativa nos Estados Brasileiros, cautelosamente de São Paulo.
Agitações políticas na Capital Paulista que antecederam a Guerra Civil, no mês de Julho, então nominada Revolução Constitucionalista de 1932, mobilizou diversas cidades do Estado de São Paulo, inclusive do Litoral Bandeirante. Autoridades Civis e Militares, Instituições agregaram-se entorno da Causa Paulista pela Constituição. Comícios de Propaganda pela mobilização civil foram realizados em Santos/SP e cidades vizinhas da Baixada, reunindo centenas de cidadãos e inúmeras famílias entusiasmadas com o Movimento Revolucionário.
Às 23:40 h., do dia 9 de Julho, o Coronel Euclides Figueiredo entrou no Comando da Região Militar de São Paulo, de dentro do Comando o Coronel Euclides passou a noite telegrafando aos Comandantes dos Quartéis Paulistas, comunicando o início da Revolução Constitucionalista de 1932.
"(...)Nesse primeiro dia de novidade emoção, conversas e controvérsias, discussões e comentários, tudo girando em torno do acontecimento e das primeiras notícias, nos lares, nas portas, nas praças, nos bares e nas ruas..." - Relata o Historiador Francisco Martins dos Santos. Assim como na Capital Paulista, na região da Baixada muitos foram tomados de comoção cívica. O Espírito de Sacrifício envolveu homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes. Estudantes, Profissionais Liberais, Professores, Advogados, Jornalistas, Operários, idosos e inocentes crianças. Afinal não era um Movimento Separatista, mas de Integridade Nacional. Portanto, Federalista e Civilista. Diante de um Governo dito Provisório caracterizado por ser centralizador, autoritário e dominado por Militares.
JORNAIS PAULISTAS ESTAMPAM AS NOTÍCIAS DA REVOLUÇÃO EM 1932.

Os jornais anunciavam a Guerra e conclamavam os Jovens Paulistas a se alistarem nos Batalhões. Em todos os pontos da cidade, onde quer que houvesse um aparelho de rádio ligado ouvia-se incessantemente a palavra flamejante dos oradores da Revolução, entremeada de Hinos Marciais e Marchas Militares incitando os populares à Guerra Cívica. A Mocidade impelida por um entusiasmo intraduzível correu a alistar-se decidida, corajosamente, a tomar parte nas trincheiras.








No teatro das Operações de Guerra da Revolução de 1932, o Litoral Paulista representava a Frente Costeira [ilustração ao lado]. O Litoral postou-se todo guarnecido pelas Forças Militares Constitucionalistas, com peças de Artilharia e soldados vigilantes diuturnamente, nas praias, em pontos estratégicos, sacos de areia como barricadas e trincheiras foram providenciadas. Na cidade de Santos/SP, consignada Sede Administrativa naqueles tempos, fez-se a centralização do recrutamento de voluntários. Formou-se os primeiros contingentes de soldados. Atraindo combatentes das cidades vizinhas do Litoral Paulista.
Regimentos Paulistas da região litorânea lutaram nas Frentes de Guerra do Interior de São Paulo contra as Tropas Federais do Ditador Getúlio Vargas. Ou mantiveram a Resistência na retaguarda da Frente Costeira. Protegendo o Porto, a Central Elétrica (Usina 'Henry Borden') em Cubatão/SP (na Serra do Mar), o Q.G. Revolucionário do Forte Itaipu (em Praia Grande/SP) e a costa marítima do Litoral Paulista. Formaram-se vários contingentes de voluntários do Tiro de Guerra Nº 11. Tiro de Guerra Nº 598 (Cia. DOCAS). Milícia Cívica Santista, que contribuiu fornecendo vários contingentes, organizando, equipando e municiando. Tiro Naval de Stos. 1º Batalhão de Voluntários de Stos, depois classificado para 7º Batalhão de Caçadores da Reserva (7º B.C.R.) formado pelas 1ª, 2ª e 3ª Cias. Falange Acadêmica, constituída por Professores, Advogados e Estudiosos. Legião Negra e outros Batalhões incorporados por voluntários e reservistas das cidades da Baixada Paulista.
Houve até um Senhor (aposentado de Cubatão/SP), de 90 anos, Domingos Francisco que engajou-se na Revolução como combatente, não admitido pelo avançado da idade. Alguns falsificavam a idade para recrutamento.
O Estado-Maior Revolucionário envia telegrama para adesão do Forte Itaipu:
"S. Paulo, 10 de Julho - 17 Horas - Comandante Itaipu - Resposta vosso pedido de informações. São Paulo, completa ordem. Força Pública, Federal e população inteiramente solidária, Movimento Revolucionário, Constitucionalização do país. Guarnição Mato Grosso conosco... (...)Pedimos urgente transmitir resto vossa Guarnição. Aguardamos confiantes vosso apoio nossa Causa Nacional... (...)Pelo Capitão Menna Barreto, Sub-Chefe E.M."

No dia 10 de Julho o 6º Regimento de Cavalaria de Stos, já está de prontidão. Nesta mesma data, em caminhões seguiu para a Baixada Paulista um Pelotão de Infantaria do Exército, sob Comando do Capitão Gama. Esse Pelotão vem reforçar a Guarnição do Exército que aqui se encontra e será abrigado no Quartel do Destacamento da Força Pública, à Rua São Leopoldo.
O Comando Militar da Praça de Santos, sob orientação do Major Loretti toma as primeiras providências para defesa do Litoral, com barricadas nas praias. Naqueles dias foi instalado, numa das salas da Delegacia Regional de Polícia (onde funcionava a Técnica Policial), o Comando da Praça Militar. O Forte Itaipu, cuja oficialidade aderiu a Revolução de 1932 estava em constante prontidão. Um Avião Constitucionalista deveria a partir de 11 de Julho, fazer Vôos de Reconhecimento.
Interditado o Porto Santista para cercear a entrada de mercadorias e armas no Estado de São Paulo. O Governo Provisório envia mensagens indicando que os navios desviem de rota. Getúlio Vargas baixa Decreto proibindo a navegação aos Navios Nacionais e Estrangeiros em todos os Portos Paulistas. 
Navios de Guerra da Esquadra Naval Brasileira e aviões partiram da Baía da Guanabara, Rio de janeiro, em direção ao Litoral de São Paulo. 
Uma proclamação da 'Milícia Cívica Santista' (quando foi criada), emitida a 11 de Julho foi a chamada para o Recrutamento Constitucionalista. Seu Comando está a cargo de Espíndola Mendes. Estado-maior: Chefe-Militar, Major Alípio Ferraz. Chefes Civis, Uriel de Carvalho e Roberto Caiuby, além duma dezena de Revolucionários atuantes.  
Adesão no mesmo dia 11, assinada pelos Diretores do PRP - Partido Republicano Paulista (J. Carvalhal Filho, Alberto Cintra, Renato Pinho, J. M. Alfaia Rodrigues e Adelson Nogueira Barreto).
Os Acadêmicos desta cidade, congratulando-se em torno da Causa de São Paulo, duma Constituição pela Letra da Lei ou o Fuzil, organizaram a 'Falange Acadêmica'. Constituída por Professores, Advogados e Estudiosos, tendo sido nomeado para dirigi-la o seguinte Estado-Maior: Profº Luiz Silva. Dr. Murtinho de Souza e Dr. Gervásio Bonavides. Comandante-em-Chefe, Profº André Freire. Ajudante de Ordens, Alfredo Comito. 




12 de Julho. Avistou-se desde as primeiras horas da manhã, na região da Baixada Paulista hidroaviões num Vôo de Reconhecimento, desaparecendo depois em direção ao Norte. A Estação de Fornecimento de Energia Elétrica (Usina 'Henry Borden'), em Cubatão/SP está guardada por Tropas Constitucionalistas estacionadas na raiz da Serra do Mar. Chegou à tarde o 6º Batalhão da Força Pública do Estado, sob Comando do Tenente-Coronel Índio do Brasil. Esse Batalhão foi alojado no edifício onde funcionou a Escola de Aprendizes Marinheiros. Na manhã seguinte, guarnecia as praias próximas com Artilharia. Parte desta Tropa, com o respectivo Material de Campanha seguiu para a Bertioga/SP a fim de guarnecer aquele local. Também desembarcou nesta tarde, um Pelotão do 4º B.C., de Sant'Anna, da Capital, sob Comando de um 1º Tenente.
Além da Guarnição do Forte Itaipu, da Companhia de Metralhadora do 6º R.I. e de 450 Homens do Destacamento da Força Pública, estão concentrados em Santos/SP, para qualquer eventualidade, 400 Homens da 'Milícia Cívica Santista', aquartelados na Imigração e 200 Homens da 'Milícia do Corpo Municipal de Bombeiros'. Para transporte rápido dessas Forças, tal se torne necessário, dispõe o Comando Militar de 8 caminhões e 30 automóveis, todos com os respectivos motoristas. 
Ao largo do Porto de São Sebastião (perto da Ilha Montão de Trigo), fundearam 6 Destróieres, 6 Hidroaviões, Navios-Patrulha e embarcações auxiliares da Esquadra Naval, conjunto da Força Marítima e Aérea Ditatorial. Tendo por Base aquela região, onde a Frota ancora para abastecimento e manutenção. O Comandante do Forte Itaipu, na perspectiva de um ataque posta a Fortificação caiçara em prontidão. As ordens à população é de que se abrigasse. O Comandante radiotelegrafou para o Navio Getulista concitando-o a aderir à Causa Constitucionalista. A Guarnição do Forte Itaipu pôs-se em alerta e poderosos holofotes devassam a Barra à noite, num trabalho de vigilância.
Como medida de defesa do Porto Santense foram colocadas minas explosivas em toda extensão da Barra Grande da Ilha de Santo Amaro. A parti daí, da orla das praias avistava-se a passagem dos aviões em Patrulha, Navios bélicos cruzavam ao largo do Farol da Moela.
RETAGUARDA DA ESQUADRA E AVIAÇÃO NAVAL NO LITORAL DE SÃO PAULO [1932].

Em 13 de Julho, de manhã, seguiram Tropas para a Praia Grande/SP a fim de guarnecê-la em pontos estratégicos tomados pela Artilharia. Por esta data já 300 e tantos rapazes estavam alistados no 1º Batalhão de Voluntários. Também neste dia 13, resolvia o Tiro de Guerra Nº 11 providenciar a mobilização dos seus reservistas iniciando a convocação do voluntariado.
A Diretoria da ACS - Associação Comercial de Santos, na pessoa do seu Presidente Antonio Teixeira de Assumpção Netto, solidariza-se com a Causa Constitucionalista e presta-se à colaboração do Movimento Revolucionário Paulista. 
No dia 14 de Julho reúnem-se os reservistas do Tiro Naval. Nesta mesma data seguiram para São Paulo, os primeiros voluntários do Batalhão arregimentado pelo Partido Democrático (PD), em número de 53 partidários destinados ao acantonamento na Escola Normal, transformada em Quartel. O Jornal Paulistano 'Folha da Manhã', edição do dia 14, informa que a situação das cidades da região continuavam perfeitamente calma, frente o atual Estado de Guerra. Motivada e confiante a população. O movimento que se registra, é o que resulta naturalmente do momento vivido: curiosos que se encontram pelas ruas à cata de novidades e o movimento das Forças Militares e Reservistas aqui acantonadas.
Assumiu o cargo de Comandante da Praça Militar, o Major Carlos Reis Junior (que dirigia a Guarnição Destacada no alto da Serra), pelo fato de ter de assumir o Comando do Forte Itaipu o Major Loretti, que exercia o cargo de Comandante na Praça. O novo Comandante Carlos Reis baixou a seguinte Circular:
"Tendo o Comando das Forças em Operações resolvido unificar a ação do Destacamento do alto da Serra, com a Praça de Santos assumi também o Comando desta Praça, na qualidade de mais antigo. Voltando o Sr. Major Euclydes Loretti Ferreira ao Comando do Forte Itaipu."
[Cartaz de Propaganda Revolucionária 1932]

Por esses dias, Francisco Itapema Alves (Membro da 'Bandeira Cívica Paulista') e outros Constitucionalistas mobilizam a Sociedade e os Meios de Comunicação conforme notícia de sua Sucursal, o Jornal Paulistano 'Folha da Manhã', do dia 14 de Julho:
"11 [Segunda-Feira] (Da sucursal da 'Folha da Manhã') - Está promovendo Comícios nesta cidade a "Bandeira Cívica", composta dos Drs. José Soares de Mello (Chefe), José A. Prado Forjaz, Candido Leme Junior, Francisco Itapema Alves, Constantino Fraga Junior, Synésio Rocha e Theodorico de Oliveira. Essa "Bandeira" tem visitado as Autoridades e Imprensas locais, bem como a "Milícia Santista", que conta já com mais de 500 Alistados." - Nos dias seguintes, o Jornal continua repercutindo o trabalho revolucionário da "Bandeira Cívica", de Propaganda e Mobilização da Sociedade em prol da Revolução, que esteve em 16 de Julho, num Sábado, às 20 Horas na vizinha cidade de São Vicente/SP, onde realizou uma reunião no 'Cine Central', falando diversos oradores. Entre eles, Francisco Itapema Alves.
"23 [Sábado] (Da sucursal da 'Folha da Manhã') - Está em Santos o Dr. José Soares de Mello, Promotor Público nessa Capital, o Delegado do Departamento de Mobilização Civil da 15ª Zona, com Sede em Santos e que tem como Auxiliares os Drs. Francisco Itapema Alves e José Almeida Prado."
INFORME DE JORNAL DÁ CONTA DA ATIVIDADE REVOLUCIONÁRIA DE FRANCISCO ITAPEMA ALVES [1932].
A 'BANDEIRA CÍVICA' [INTEGRADA POR FRANCISCO ITAPEMA ALVES] ATUA NAS CIDADES DO LITORAL PAULISTA - REVOLUÇÃO DE 1932.
NOTÍCIA SOBRE O TRABALHO DE FRANCISCO ITAPEMA ALVES DURANTE A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932.

Em 16 de Julho são organizados os Batalhões de Reservistas 'dos Operários' e da 'Legião Negra'.
A Sociedade Exportadora de Frutas Limitada, atendendo ao pedido do Dr. Horácio Rodrigues, Chefe do Serviço de Abastecimento às Tropas em Operações, remeteu para as diversas Frentes de Combate, 132 Toneladas de Bananas, assim discriminadas: Buri (15.900 Kg), Cachoeira (21.400 Kg), Bragança (6.900 Kg), Itapetininga (7.900 Kg).
Algum abastecimento chegava feito por Caminhões pela Estrada da Serra do Mar. O Q.G. Revolucionário providenciou a remessa de Ração para 3 mil soldados estacionados na Baixada Paulista, Ração que é para 8 dias.
Notícia do Jornal Paulistano 'Folha da Manhã', em 16 de Julho de 1932, informa que o Aviador José Daniel de Camargo seguiu para São Paulo, afim de oferecer os seus serviços ao Comando da Aviação Constitucionalista. O jovem Aviador Civil que fez o Curso de Aviação na Base Aérea [Itapema/SP], como discípulo do Aviador Reynaldo Gonçalves, tendo sido Brevetado pelo Aero Clube de São Paulo. O Quartel da 'Milícia Cívica Santista' foi transferido do edifício do Grupo Escolar da Imigração para as instalações do Grupo Escolar 'Cesário Bastos', em Vila Matias.
O Tiro Naval realizou às 15:00 Horas da tarde Passeata pelas ruas centrais da cidade, sendo vivamente aclamado pelo Povo. o 1º Sargento do Tiro Naval, Armando Erbisti enviou Comunicado à Imprensa pactuando seu Compromisso:
"Os Atiradores abaixo assinados declaram, sob Palavra de Honra, que se comprometem a cerrar fileiras, e com a máxima dedicação defenderem até a morte a atitude do glorioso Estado de São Paulo, que vencerá ou lutará até ver tombado o seu último Soldado."
MANIFESTAÇÕES ACONTECEM EM SANTOS/SP AO DECORRER DA REVOLUÇÃO DE 1932.

17 de Julho. Pela manhã aeronaves da Aviação Naval Getulista sobrevoaram a região para reconhecimento e distribuindo um Manifesto contrário a Causa Constitucionalista. Um desses aviões, quando regressava à sua Base, sofreu sério acidente, precipitando-se caiu no mar à 15 milhas da Ilha da Queimada Grande, soçobrando imediatamente e vitimando toda Tripulação. Comunicado por meio de rádio ao Contra-Almirante Américo dos Reis (Comandante da 1ª Divisão) a bordo do Cruzador 'Rio Grande do Sul', que se acha fundeado nas águas de São Sebastião/SP, retaguarda das Forças Federais Aéreas e Navais.
Frente Costeira. O Comandante do Scout (Navio-Patrulha) 'Bahia', da 2ª Divisão Naval, radiotelegrafou ao Major Carlos Reis Junior (Comandante da Praça de Stos), solicitando envio ao Canal da Bertioga (Forte São João) uma Lancha para reconduzir a Santos/SP, o Dr. Carlos Cyrillo Junior (Oficial de Ligação entre o Comando da Praça de Santos e o Quartel General das Forças Constitucionalistas), prestes a seguir para a Capital da República a bordo do Destróier 'Matto Grosso'. O Major Reis Junior, de conformidade com esse radiotelegrama, enviou ao local indicado uma lancha da Polícia Marítima, saída de Itapema/SP. Telegrafia das 23:55 Horas, espera a todo momento no Cais do Porto o Dr. Cyrillo (um dos defensores da Causa Paulista de uma Constituição), que por fim embarcou.
SÃO PAULO HÁ DE ESCREVER A CONSTITUINTE COM A PENA OU O FUZIL.

Nesse ambiente eletrizante e de inabalável Civismo, que empolgava a cidade Santense e outras cidades da Baixada Paulista, formou-se em 18 de Julho, inicialmente no Litoral um contingente de quase 500 moços e homens de meia-idade. É o 1º Batalhão de Voluntários. Embarcam para São Paulo às 10:00 Horas deste dia. Queriam ser a Linha de Frente a repelir o adversário ditatorial. Empunhando um fuzil, manejando uma metralhadora ou trocar golpes de baioneta. Sem se preocuparem com as consequências da Luta. Como morrem os Heróis autênticos. Tombada a Matéria. De pé, o indestrutível Ideal. 
Segue também neste dia 18, para o Front Constitucionalista os reservistas do Tiro Naval, debaixo de estrondosa ovação de compacta multidão que afluiu à Gare da Inglesa (S.P.R.) São Paulo Railway, para levar-lhes as despedidas e palavras de entusiasmo. 
Ainda nesta data aviões e hidroplanos da Ditadura Varguista voaram sobre a região novamente, por volta das 13:00 Horas, lançado aqui Manifestos e Jornais da Capital Federal, em pacotes. Um deles tendo passado pelo Forte Itaipu foi alvejado.
Pelo dia seguinte, 19 de Julho, aproximaram-se da Ilha de Santo Amaro/SP navios da Esquadra Naval para atentarem contra o Porto de Santos. Logo entrou em alerta o Forte Itaipu, vigilante em defesa da Frente Costeira. São ouvidos disparos que ecoam pelas cidades do Litoral.
O Aviador João Negrão veio à Baixada Paulista pelo dia 20 para pilotar o 'Late 28', da Cia. Laterole, que se acha nas águas da Praia Grande/SP (Forte Itaipu). Esta aeronave comporta 8 passageiros, 1 Piloto e 2 Observadores.
21 de Julho. Embarcou em trem da Sorocabana, passando por Juquiá, a 1ª Cia. da 'Milícia Cívica Santista', que foi fortificar o Litoral Sul de São Paulo. Prossegue com grande entusiasmo o alistamento no Batalhão Operário.
Os Tiros de Guerra Nº 11 e 598 (Cia. DOCAS) já estão em perfeita forma, aguardando ordens superiores para marcharem ao Campo de Batalha.
CONVOCAÇÃO PUBLICADA NO JORNAL 'A TRIBUNA', QUE SE ESTENDEU DURANTE TODA CAMPANHA CONSTITUCIONALISTA DE 1932.

A 'Milícia Cívica Santista' está com o seu Quartel instalado no edifício do Grupo Escolar 'Dr. Cesário Bastos', em Vila Matias. Até agora é de 889 o número de inscritos. Já foram organizadas 4 Companhias, equipadas e municiadas. A Milícia está contribuindo fornecendo vários contingentes, que há dias vem guarnecendo o Litoral Paulista, desde o Perequê, na Ilha de Santo Amaro, até Itanhaém.
O Batalhão da Reserva de Stos foi aquartelado no prédio da Escola Barnabé, ali também serão instaladas as oficinas de confecção de fardamentos, ficando sob a Chefia da Senhorita Ida Trilli.
A correspondência para os Soldados Constitucionalistas somente pode ser feita por intermédio do Correio Militar do M.M.D.C., cuja Agência funciona à Rua Martim Afonso Nº 9, sobrado.
Em 22 de Julho (Sexta-feira), o General Isidoro Dias, um dos Líderes Constitucionalistas, visita a Frente Costeira da Revolução. O Militar hospedou-se no 'Parque Balneário Hotel', após o jantar foi ao Forte Itaipu, sendo ali recebido pelo Major Loretti e respectiva Oficialidade. O General Isidoro Dias percorreu todas as dependências da Fortificação litorânea, ficando satisfeito com as providências tomadas.
Dentre as medidas estratégicas, havia no Forte Itaipu um possante Canhão 150, de boca para o mar, pronto a entrar em ação para a defesa da Frente Costeira. Acontece, porém, que num dos setores da Linha de Frente Sul, do Interior Paulista, fazia-se necessário aquela peça de Artilharia. Os soldados aquartelados no Forte Itaipu, durante a noite, removeram o Canhão 150 enviando-o para o Front. Em substituição, utilizaram-se de um embuste: um grosso troco de madeira, numa estrutura bélica imitando o Canhão de verdade. Foi assim que consegui-se ludibriar a Esquadra e a Aviação Naval. Fiando-se na Artilharia de menor monta para alvejar os aviões inimigos.
Durante sua estada, o General Isidoro Dias esteve ainda na Delegacia Regional de Polícia, o qual foi saudado pelo Dr. João Clímaco (Delegado Regional), Tenente-Coronel Mello Mattos (novo Comandante Militar da Praça de Stos), além de outros Oficiais presentes. O General recebeu inúmeros cumprimentos, tendo por essa ocasião, o Tiro Naval desfilado em sua homenagem.
No dia 23 de Julho, por volta das 10:00 Horas da Manhã, um HIdroavião Savoia-Marchetti da Aviação Naval voava cruzando todo o Litoral e atentando contra a posição do Forte Itaipu, para depois rumar na direção Norte.
HIDROAVIÃO SAVOIA-MARCHETTI EM ÁGUAS ITAPEMENSES, SIMILAR AO UTILIZADO NA REVOLUÇÃO DE 1932.

24 de Julho. Realizou-se em Santos/SP, às 20:00 Horas, outra importante Passeata Cívica pelas ruas centrais da cidade. A multidão parou a Praça Mauá, onde de uma das sacadas do Palacete Mauá fizeram-se ouvir os Drs. José Amazonas, Olivério Amaral e Antonio Feliciano, tendo os discursos sido irradiados pela 'Rádio Clube de Stos'. A seguir, o cortejo prosseguiu para a Delegacia Regional de Polícia. Falou na sacada do Fórum, o Dr.  Pedro Rodovalho Marcondes Chaves (Juiz Criminal), também calorosamente aplaudido. Deixando a Delegacia Regional, os Manifestantes foram à Cruz Vermelha Brasileira, ali tomou a palavra o Sr. Flor Horácio Cyrillo (Presidente desta Instituição Humanitária), enaltecendo o valor da Cruzada Cívica por qual se batem unidos o Estado de São Paulo e Mato Grosso. Na Praça Rui Barbosa fez-se ouvir o voluntário Reginaldo de Carvalho, que mereceu calorosos aplausos. Logo depois, embarcaram para a Capital reservistas pertencentes ao Tiro de Guerra Nº 11 e Tiro de Guerra Nº 598 (Cia. DOCAS) e mais um contingente de Tropa da 'Legião Negra', aquartelada em São Paulo, na Chácara Carvalho. Fortalecendo as fileiras Constitucionalistas, a 'Milícia Cívica Santista' contabilizava 1.030 voluntários inscritos de Santos e cidades vizinhas.
Em 25 de Julho, partiram novas Tropas no Trem das 9:30 Horas da Sorocabana para fortalecer o Litoral Sul Paulista.
Numa resposta a aproximação da Esquadra Naval, das águas da Ilha de Santo Amaro/SP, na manhã do dia 26, houve uma primeira Batalha Naval em que 3 Aviões Constitucionalistas saíram do Campo de Marte para bombardear Navios de Guerra do Governo Federal, fundeados e guarnecidos atrás da Ilha da Moela, bloqueando assim o Porto.
[Ilustração - Soldado de Prontidão na Frente Costeira]

Nos dias 28 e 29 de Julho, Aviões da Ditadura sobrevoaram a região à grande altura, chamando a atenção dos habitantes locais. Depois de evoluírem nos céus do Litoral, os hidroaviões Savoia-Marchetti escoltados por aeroplanos Corsair incursionaram em direção da Serra do Mar. Voando sobre Cubatão/SP lançaram bombas num Ataque Aéreo à Usina Hidroelétrica 'Henry Borden', sem maiores consequências ou resultados significativos. Explosões ecoaram no paredão da Serra do Mar, sendo ouvidas à distância. Uma dessas bombas atingiu um galpão ali existente.
Dentre as Operações de Guerra deste mês, Batalhões do Tiro Naval, Tiro de Guerra Nº 35 e Nº 359, partiram na mata entre os dias 22 e 30 de Julho.
No final do mês, 30 de Julho, outro contingente de Tropas formadas por voluntários e reservistas é enviado daqui para os Campos de Batalha.
HIDROELÉTRICA 'HENRY BORDEN' NO PAREDÃO DA SERRA DO MAR - CUBATÃO/SP.

3 de Agosto. Às 16 Horas seguiu com destino a Frente Norte um caminhão da 'Milícia Cívica Santista' transportando material aos soldados que se acham no Campo de Batalha. Frutas estão sendo despachadas diariamente para os combatentes em vagões da S.P.R. (São Paulo Railway), repletos de bananas para os diversos setores em Operações. Durante o dia continuou o embarque dessa fruta, tendo a Companhia Exportadora de Frutas requisitado 8 vagões.
Em 12 de Agosto, rumou para a Capital Paulista a 1ª Cia do Batalhão de Operários.
Na Campanha do "Ouro para o Bem de São Paulo", em 16 de Agosto, o CIR - Clube Internacional de Regatas ofereceu toda a sua coleção do Quadro de Medalhas.
Justamente por ações como essa, numa retaguarda os Paulistas venceram todas as Batalhas, da resistência coesa de São Paulo, um Estado determinado. Nunca se havia visto tamanha mobilização em torno de uma Causa Política. Além dos milhares de voluntários civis, mulheres, idosos e até crianças atuaram na Retaguarda Paulista, seja para fabricarem uniformes e outros serviços.
Para fazer frente aos gastos com a Guerra, quem podia não e recusou a doar um pouco de ouro, contribuindo com alianças de casamento, anéis de formatura, jóias, durante a Campanha de arrecadação.
Donativos foram angariados junto a Sociedade para o Esforço de Guerra, alimentos, produtos foram solicitados aos negociantes. O 'Cine Bocaina' (em ITAPEMA/SP) ofereceria 787 Refeições e Guarujá 441 outras.
Nos dias 3 e 5 de Setembro, três Savoia-Marchetti escoltados por um Corsair atacaram com sucesso o Forte Itaipu. À tarde do dia 5, a partir das 14:30 Horas, quatro Hidroaviões Getulistas evoluíram sobre a região dirigindo-se para a Fortificação Caiçara, despejando cerca de 20 bombas, quase todas caídas nas rochas e dentro d'água, mas acertando algumas e destruindo a Rede Elétrica do Forte Itaipu, que desta forma ficou temporariamente sem ação.
EXPLOSÃO DO BOMBARDEIO AO FORTE ITAIPU - FRENTE COSTEIRA [1932].
ESTRAGOS NO FORTE ITAIPU (PRAIA GRANDE/SP) REVOLUÇÃO DE 1932.
AS VÍTIMAS DO BOMBARDEIO AO FORTE ITAIPU (PEIXES) EM 1932.
  
Durante a Batalha Naval ocorrida no dia 24 de Setembro de 1932, foram abatidos sobre as águas da Ilha de Santo Amaro/SP, os Aviadores José Ângelo Gomes Ribeiro Junior (Piloto) e Mário Machado Bittencourt (Metralhador). Nela o Avião Constitucionalista, "Kavuré-y" incendiou-se nos ares e precipitou-se no mar, após um ataque ao Cruzador 'Rio Grande do Sul', um dos Navios bélicos que bloqueavam a Barra Grande da Ilha de Santo Amaro e o Porto de Santos. O avião batizado "Kavuré-y", do tipo Curtiss Falcon, de fabricação norte-americana, afundou perto da Ilha da Moela, a uma profundidade entre 14 e 15 metros. Depois do Combate o que se encontrou de objetos veio boiar na Praia de Pitangueiras, um par de luvas do Piloto José Ângelo Gomes Ribeiro encontradas por Atílio Gelsomini. Alguns destroços desse Avião Constitucionalista foram recolhidos ao terraço do 'Petit Cassino', na Estância Balneária.
CRUZADOR 'RIO GRANDE DO SUL, PARTICIPANTE DA BATALHA NAVAL NAS ÁGUAS DA ILHA DE SANTO AMARO/SP EM 1932.

Em depoimento do Capitão-de-Mar-e-Guerra, Francisco Amaro, de 77 anos, e que na ocasião era Cabo-Sinaleiro do Cruzador 'Rio Grande do Sul', o Marinheiro recorda deste episódio quando 3 aviões surgiram de repente, interrompendo o momento de descanso da Tripulação:
"(...)Corri a avisar o Oficial do Dia, o Tenente Pitanga, encarregado da Artilharia. Soou o Alarme, as escadarias se entupiram de Homens, buscando proteção nas defesas de aço. Numa fração de segundos os aviões estavam sobre nós. O primeiro avião precipitava-se em pique vertiginoso. Nesse ínterim, o Marinheiro de 1ª Classe, de nome Rayol, podia ser visto disparando furiosamente os Hotchkiss anti-aéreas; o crepitar das metralhadoras confundia-se com a explosão violenta da bomba sobre nós lançada e que caiu bem próximo do costado. 2 Marinheiros foram feridos, com certa gravidade, pelos estilhaços que se espalharam pelo convés..." - Dali um instante, acrescenta Francisco Amaro.
"(...)O mesmo avião que se atrevera a atacar-nos primeiro, descia, repetindo o mesmo pique, mas agora envolto em chamas e num mergulho incrível, desapareceu nas águas, no mesmo ponto em que explodira a bomba. Quanto aos outros aviões, aparentemente temerosos de sorte idêntica, lançaram suas bombas ao mar e desapareceram..." - Retornando ao Planalto Paulista.
O CURTISS FALCON DOS AVIADORES CONSTITUCIONALISTAS JOSÉ GOMES RIBEIRO E MÁRIO BITTENCOURT [24/09/1932].

Todavia, a Frente Costeira encontrava-se bem guarnecida pelas Tropas Constitucionalistas, que mantinham um constante Serviço de Reconhecimento em todas as praias da região e canais de navegação. Havia soldados por toda a orla marítima. Quem não seguiu para as Frentes de Combate no Interior Paulista, serviu a Revolução substituindo os Soldados das Forças Públicas em funções como o de guardar Prédios Públicos, o Porto, as praias.
Muito embora não tenha havido combates terrestres na Linha Costeira, as Forças do Litoral contribuíram eficazmente ao Movimento Revolucionário, mantendo contingentes desde Bertioga/SP até Itanhaém/SP, mobilizadas em Iguape/SP. Diz o Historiador Aldo João Alberto:
"(...)E se é verdade que os voluntários destacados na Costa não arrostaram os perigos do Fogo, com exceção de uma ou outra tentativa de escalada Federal contra a Ilha de Santo Amaro, não se pode negar o valor da sua participação na defesa de São Paulo. Sofrendo terríveis umidades e desconfortos, nuvens de mosquitos e outros insetos em lugares insalubres, junto a mangues e lamarões imensos ou em praias desertas, junto a lagoas e alagados ameaçadores ou a Bananais antigos infestados de cobras venenosas..." - Tudo para evitar a invasão da Baixada Paulista pelas Forças Ditatoriais.
Ainda assim, havia momentos de descontração, segundo conta o Veterano Otto Gottelieb Ewald, durante Patrulha na Praia do Perequê, "estávamos ali para evitar que os Soldados Gaúchos desembarcassem. Então, à noite escutamos um barulho vindo do mato. De prontidão para atirar, para nossa surpresa sai uma vaca dali..."
SOLDADOS CONSTITUCIONALISTAS ENTRINCHEIRADOS NA FRENTE COSTEIRA [1932].
GUARNIÇÃO CONSTITUCIONALISTA FORTE SÃO JOÃO (BERTIOGA/SP) - FRENTE COSTEIRA. [1932].
COMBATENTES EM TRINCHEIRA NO LITORAL PAULISTA DURANTE A REVOLUÇÃO DE 1932.
SOLDADOS CONSTITUCIONALISTAS FORTE SÃO JOÃO (BERTIOGA/SP) - FRENTE COSTEIRA [1932].
 BATALHÃO DE IGUAPE/SP (FRENTE COSTEIRA) CAMPANHA CONSTITUCIONALISTA DE 1932.
'RIO UNA' - BARCO A VAPOR TRANSPORTA TROPAS REVOLUCIONÁRIAS DE JUQUIÁ/SP À CANANÉIA/SP - FRENTE COSTEIRA [1932].

Oficialmente a Guerra Cívica de 1932, terminou às 8:00 Horas, do dia 2 de Outubro, com a assinatura do Armistício.
Na Frente Costeira, mobilizou-se mais de 4 mil Soldados Constitucionalistas, armados com fuzis, metralhadoras e granadas. Guarnecendo todo o Litoral Paulista, onde se empregou Artilharia pesada, Bombardeios Aéreos, naqueles 83 dias de Conflito Bélico. 
Em 3 de Outubro, o Jornal 'A Tribuna' publicaria em sua edição:
"O Governo do Estado considera-se Deposto. O Coronel Herculano de Carvalho assumiu o Governo Militar da Capital."
Em perfeita concordância com a Delegacia Regional de Polícia (então sob os cuidados do Tenente Augusto Césarro Nascimento) e atendendo ao atual momento o Comando do 6º B.C.P. solicita a população Ordem Pública nas ruas.


Mas, como escreveu Menotti Del Picchia, "no seu martírio de Hoje, nas bocas abertas de suas feridas, no seu majestoso sofrimento, há uma Voz que fala à consciência do País, com o mesmo ardor com que suas Armas falaram nas Trincheiras: Dai-nos a Lei." - E com a Revolução Cívica Paulista veio a Constituição Brasileira de 1934.
Contudo, a sanha autoritária do Presidente Vargas não se aquietou. Como apontavam os Liberais Paulistas, Getúlio era de fato um Ditador. Em Novembro de 1937, Vargas fecha o Congresso Nacional Brasileiro, rasga a Constituição e instala o Estado Novo...

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